Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 99

A porta do quarto se fechou atrás de nós com um clique suave. Christian caminhou diretamente para o banheiro, desabotoando a camisa ensanguentada com movimentos bruscos. Eu o segui hesitante, ainda processando os eventos no jardim.

— Tire a camisa — disse, entrando no banheiro espaçoso onde ele já havia aberto o armário de primeiros socorros. — Preciso ver quanto dano ele causou.

Christian me lançou um olhar que misturava exaustão e uma teimosia quase infantil.

— Estou bem. É principalmente o sangue dele.

— Tire a camisa. — repeti, minha voz firme. — Agora.

Algo em meu tom deve ter deixado claro que eu não aceitaria discussão. Com um suspiro resignado, ele removeu completamente a camisa arruinada, revelando o torso que, mesmo naquelas circunstâncias, não deixava de ser impressionante. Contudo, minha atenção foi imediatamente atraída para uma mancha roxa que começava a se formar em suas costelas do lado direito.

— Apenas um hematoma — murmurou ele, notando meu olhar.

— E seu rosto — apontei para o corte na sobrancelha e o início de um hematoma na maçã do rosto. — Sente-se.

Para minha surpresa, ele obedeceu sem protestar, sentando-se na beirada da banheira. Peguei um pano limpo, molhei com água morna e comecei a limpar cuidadosamente o sangue de seu rosto. Trabalhamos em silêncio por alguns minutos, a intimidade do momento amplificada pelo pequeno espaço e pela vulnerabilidade recém-exposta.

— Antônio disse algo — comecei, enquanto aplicava um antisséptico leve no corte. — Ele disse que eu me parecia com Francesca. Quando ela era mais jovem.

Os músculos de Christian se tensionaram sob meus dedos.

— Não se parece.

— Mas ele disse...

— Ele disse para te provocar. — Christian interrompeu, sua voz mais gentil do que suas palavras.

Continuei o tratamento, tentando não me distrair com a proximidade ou com o calor que emanava de sua pele.

— Mesmo assim. Fiquei pensando... talvez haja algo. Alguma similaridade que tenha atraído você.

Christian pegou meu pulso, interrompendo meus movimentos. Seus olhos, intensos como sempre, fixaram-se nos meus.

— Há algo, sim — admitiu ele, para minha surpresa. — Um certo... fogo no olhar. Uma intensidade.

Senti meu coração acelerar ligeiramente, incerta se queria ouvir o resto.

— Mas é aí que qualquer semelhança termina. — Seus dedos afrouxaram o aperto em meu pulso, transformando-se em uma carícia leve. — Francesca usava esse fogo para destruir, para conquistar, para possuir. O seu é diferente.

— Diferente como? — A pergunta saiu quase como um sussurro.

— O seu constrói. Transforma. — Um sorriso raro tocou seus lábios, suavizando suas feições. — Um vestido arruinado vira uma obra de arte. Uma situação impossível se torna uma oportunidade. Pessoas ao seu redor se tornam versões melhores de si mesmas.

O elogio inesperado me pegou desprevenida, e senti o calor subir pelo meu pescoço.

— Não sabia que tinha tanta atenção a esses detalhes.

— Tenho prestado muita atenção — admitiu ele, sua voz baixando uma oitava, enviando um arrepio pela minha espinha. — Mais do que deveria, provavelmente.

A atmosfera no banheiro mudou sutilmente. O ar pareceu ficar mais denso, carregado com uma tensão que nada tinha a ver com a briga recente. Terminei de limpar o corte em sua sobrancelha, ciente de que minha respiração havia se tornado mais superficial.

— Você não deveria se meter em brigas — murmurei, tentando aliviar a tensão. — Não combina com sua imagem de CEO sofisticado.

— Eu me meteria em mil brigas por você.

As palavras simples, declaradas com uma certeza absoluta, fizeram meu coração saltar uma batida.

— Christian... — Sua mão subiu, tocando meu rosto com uma delicadeza que contrastava com a violência que havia demonstrado no jardim.

Tarde demais. A porta do banheiro se abriu, revelando Marco, com Anne logo atrás, uma expressão de "eu tentei avisar" em seu rosto.

Marco congelou ao ver a cena: Christian sem camisa, com hematomas visíveis e um corte na sobrancelha, eu claramente desalinhada, o kit de primeiros socorros aberto.

— Oh. — Marco piscou algumas vezes. — Vocês estavam... cuidando dos ferimentos.

O sorriso conhecedor de Anne me disse que ela não estava nem um pouco convencida. Seu olhar percorreu meu estado descomposto, e ela ergueu uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa que preferi ignorar.

— O que Giuseppe quer? — perguntou Christian, sua voz recuperando o tom profissional com impressionante rapidez, considerando onde estávamos há segundos atrás.

Marco olhou de Christian para mim e de volta, antes de soltar um suspiro exasperado.

— Temos um problema. — Ele cruzou os braços. — Na verdade, vários. E precisamos conversar.

A expressão em seu rosto deixou claro que os eventos no jardim haviam desencadeado consequências que iam muito além de hematomas e uma camisa arruinada.

— Nos dê cinco minutos — pediu Christian, seu tom não deixando espaço para discussão.

Quando ficamos sozinhos novamente, o momento mágico havia se dissipado, substituído pela realidade dos problemas à nossa frente. Christian pegou uma camisa limpa do armário, vestindo-a sem pressa.

— Christian... — comecei, sem saber exatamente o que queria dizer.

Ele se virou para mim, seu rosto uma máscara de controle novamente, mas seus olhos ainda mantinham um brilho diferente.

— Continuaremos isso depois — prometeu, sua voz baixa. — Quando não estivermos prestes a ser interrompidos.

Assenti, sentindo um frio repentino nos lugares onde seu corpo havia estado pressionado contra o meu apenas momentos antes. Enquanto o seguia para fora do banheiro, não pude evitar me perguntar o que ele teria dito – o que teria confessado – se Marco e Anne tivessem chegado apenas alguns segundos mais tarde.

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