Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 96

Os dois homens se encararam por um momento que pareceu se estender infinitamente. Percebi então que estava prendendo a respiração, meus dedos agarrando o corrimão da escada com força desnecessária.

Finalmente, um sorriso lento e calculado se espalhou pelo rosto de Antônio.

— Cristalino. — Ele recuou meio passo, concedendo o espaço, mas não a derrota. — Apenas me pergunto se Giuseppe compartilha dessa... reordenação de prioridades.

— Por que não perguntam pra mim diretamente? — A voz de Giuseppe soou do hall de entrada, surpreendendo a todos nós.

O patriarca estava parado ao pé da escada, apoiado em sua bengala, com Carmem ao seu lado. Seu semblante era severo, mas seus olhos astutos não perdiam nada da cena à sua frente.

— Nonno. — Antônio recuperou-se rapidamente da surpresa. — Não deveríamos incomodá-lo com assuntos operacionais.

— Esta é a minha casa e a minha empresa. — Giuseppe começou a subir os degraus lentamente, cada passo deliberado. — Não há nada que aconteça aqui que seja "incômodo" para mim saber.

Ele chegou onde estávamos, parando um degrau abaixo, o que o colocava exatamente entre Christian e Antônio.

— Zoey não está bem, ouvi dizer. — Seus olhos gentis encontraram os meus. — Como você está, minha querida?

— Melhor, Giuseppe. — Sorri, genuinamente tocada por sua preocupação. — Apenas uma virose, segundo o médico.

— Ótimo, ótimo. — Ele assentiu, satisfeito, antes de voltar sua atenção para os dois homens. — Quanto a vocês dois... minha visão pode estar falhando, mas meus ouvidos funcionam perfeitamente bem. E não gosto do que ouvi.

— Nonno, eu apenas expressei preocupação com o compromisso de Christian com...

— Com a empresa que você cobiça desde que era um menino? — interrompeu Giuseppe, sua voz surpreendentemente afiada. — Sim, estou bem ciente das suas "preocupações", Antônio.

O silêncio que se seguiu era pesado, carregado de décadas de dinâmica familiar complexa que eu só podia imaginar.

— Christian tomou a decisão certa hoje. — Giuseppe olhou para o neto mais velho com aprovação evidente. — Uma empresa é feita de números, sim. Contratos, prazos, reuniões. Mas também é feita de pessoas. De família.

Ele estendeu a mão, apoiando-a no ombro de Christian com firmeza surpreendente para alguém de sua idade.

— Seu avô me ensinou algo que nunca esqueci: os negócios sempre estarão lá amanhã, mas o momento de cuidar daqueles que amamos pode não voltar. — Seus olhos encontraram os meus brevemente antes de retornarem aos homens. — Christian honrou essa lição hoje. Colocou a família em primeiro lugar. Estou orgulhoso, não desapontado.

Vi algo passar pelo rosto de Antônio – um lampejo rápido de emoção que poderia ser raiva, inveja ou talvez até mesmo dor – antes que sua máscara de indiferença sofisticada retornasse.

— Uma perspectiva comovente, Nonno. — Seu tom beirava a insolência, mas permanecia tecnicamente respeitoso. — Mas os investidores japoneses podem não compartilhar desse sentimentalismo.

— Os investidores japoneses — interveio Christian, sua voz novamente controlada e profissional — assinaram o acordo preliminar nesta tarde, durante a reunião com Marco. Os depósitos iniciais serão feitos na próxima semana.

Vi a surpresa no rosto de Antônio, rapidamente mascarada.

— Bem, isso é... conveniente.

— Não, isso é competência. — Christian sorriu, mas o gesto não tinha calor. — Marco executou o plano exatamente como elaboramos juntos. Porque na Bellucci, ao contrário do que você parece acreditar, não somos dependentes de uma única pessoa. Somos uma equipe. Uma família.

A última palavra pairou no ar, carregada de significado além de seu sentido literal.

— Fascinante. — Antônio ajustou a gravata, recuando mais um passo. — Bem, parece que tudo está resolvido então. Se me dão licença, Victoria deve estar me esperando para o chá.

Com uma inclinação de cabeça que beirava o desrespeito, ele se afastou pelo corredor, seus passos ecoando no mármore.

Quando ele desapareceu, Giuseppe suspirou profundamente.

— Aquele menino sempre foi seu próprio pior inimigo. — Ele balançou a cabeça, um tristeza genuína em seus olhos. — Tão brilhante, e ainda assim, tão cego.

Um sorriso irônico tocou seus lábios.

— E o que achou?

A pergunta pairou entre nós, carregada de vulnerabilidade disfarçada de casualidade. Percebi que minha resposta importava para ele, muito mais do que estava deixando transparecer.

— Achei... — Busquei as palavras certas, decidindo-me pela honestidade. — Achei impressionante. E um pouco assustador. Mas principalmente...

— Principalmente?

— Principalmente, achei reconfortante saber que o homem que defendeu sua esposa doente com tanta convicção é o mesmo que defende seu legado familiar com igual fervor.

Algo se suavizou em seus olhos – uma vulnerabilidade brevemente exposta antes de ser novamente protegida.

— Zoey...

— Vamos. — Peguei sua mão, guiando-o pelo corredor. — Acho que ambos merecemos descansar um pouco antes do jantar. Foi um dia longo.

Enquanto caminhávamos juntos em direção ao quarto, não pude evitar um pequeno sorriso.

— Sabe — comentei casualmente, tentando disfarçar o leve rubor que sentia subindo pelo pescoço — nunca achei que diria isso, mas ver você em modo CEO implacável foi surpreendentemente... sexy.

Christian parou no meio do corredor, suas sobrancelhas se erguendo em surpresa antes de um sorriso lento e confiante se formar em seus lábios.

— É mesmo? — Sua voz baixou uma oitava, enviando um arrepio pela minha espinha que definitivamente não tinha nada a ver com a virose. — Talvez eu deva usar esse lado com mais frequência.

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