Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 95

O hall de entrada da mansão Bellucci nos recebeu com seu luxo silencioso, o piso de mármore refletindo nossas figuras como espelhos discretos. Christian mantinha a mão nas minhas costas, um gesto de suporte que se tornara quase instintivo durante as últimas horas.

— Virose — comentou ele, repetindo o diagnóstico do Dr. Mendes como se ainda estivesse processando a informação. — Pelo menos agora sabemos o que está causando os enjoos.

— Tudo é sempre uma virose — respondi com um sorriso fraco, tirando os sapatos para sentir o mármore frio sob meus pés. — Febre? Virose. Dor de cabeça? Virose. Apocalipse zumbi? Provavelmente uma virose bem agressiva.

Christian riu, o som reverberando pelo hall vazio, preenchendo o espaço com uma leveza inesperada. Seu rosto relaxou naquele sorriso raro e genuíno que ainda me pegava desprevenida – como se por um momento toda a tensão dos últimos dias se dissipasse.

— Bem, o importante é que você vai ficar bem. — Ele ajustou uma mecha de cabelo que havia escapado do meu coque improvisado. — Alguns dias de descanso, bastante líquido, e estará de volta à sua disposição sarcástica habitual.

— Você diz isso como se fosse uma coisa ruim.

— Pelo contrário. — Seus olhos encontraram os meus com uma intensidade que fez meu estômago dar uma cambalhota que nada tinha a ver com a virose. — Seu sarcasmo é uma das minhas coisas favoritas em você.

O comentário, tão simples e ao mesmo tempo tão carregado de significado, pairou entre nós como uma confissão não intencional. Senti o calor subir pelo meu pescoço, uma reação ridícula considerando tudo que já havíamos compartilhado.

— Obrigada — disse baixinho, as palavras abrangendo muito mais do que apenas o elogio. — Por hoje. Por cuidar de mim.

— Não é necessário agradecer. — Sua mão deslizou da minha cintura para segurar meus dedos, entrelaçando-os com os seus. — É o que fazemos um pelo outro, não é?

Era uma pergunta simples, mas carregada de camadas. O que realmente fazíamos um pelo outro? No início, nossos papéis eram claramente definidos pelo contrato: eu ajudava a salvar a vinícola, ele quitava as dívidas do meu pai. Limpo, prático, transacional.

Mas em algum momento, as linhas haviam começado a se borrar. Em algum momento entre vinhedos italianos e madrugadas compartilhadas, entre brigas acaloradas e reconciliações ainda mais acaloradas, havíamos nos tornado... o quê, exatamente?

Talvez não sejamos apenas sobre sexo e conveniência, pensei, surpreendendo a mim mesma com a clareza da realização. Talvez nunca tenhamos sido.

— Sim — respondi finalmente, apertando levemente seus dedos. — É o que fazemos.

Christian sorriu novamente, e naquele sorriso havia uma promessa não verbalizada, um entendimento silencioso que me aqueceu por dentro. Começamos a subir a escadaria principal em direção ao quarto, meu corpo subitamente sentindo todo o cansaço dos últimos dias.

— Você deveria descansar um pouco antes do jantar — sugeriu Christian, como se tivesse lido meus pensamentos. — Marco disse que Giuseppe perguntou por você várias vezes hoje.

— Ele sabe que estávamos no médico?

— Apenas que você não estava se sentindo bem. — Christian hesitou brevemente. — Achei melhor manter os detalhes... privados.

Assenti, grata por sua discrição. A manhã havia sido emocionalmente exaustiva o suficiente sem ter que explicar o falso alarme de gravidez para toda a família Bellucci.

Estávamos quase no topo da escada quando uma voz cortou o ar como uma lâmina afiada.

— Minha esposa estava doente. — A voz de Christian estava perigosamente calma. — Ela é minha prioridade.

— E a Bellucci? — Antônio ergueu as sobrancelhas. — A herança da família que você jurou proteger? Que lugar ela ocupa nessa nova hierarquia de prioridades?

Senti-me enrijecer ao lado de Christian. A provocação era óbvia, calculada para atingir exatamente os pontos sensíveis de responsabilidade e lealdade familiar.

— Não confunda uma manhã de ausência com falta de comprometimento, Antônio. — O tom de Christian havia mudado completamente, revelando uma frieza metálica que eu raramente testemunhara. — Eu vivo e respiro esta empresa há mais tempo do que você pode imaginar.

— Evidentemente. — Antônio gesticulou vagamente em minha direção. — É por isso que, no momento mais crítico do projeto orgânico, você prefere brincar de casinha com sua nova esposa em vez de liderar como Giuseppe esperava.

Algo escureceu no olhar de Christian – uma transformação tão sutil quanto alarmante. Sua postura não mudou, sua voz não se elevou, mas de repente, ele parecia ocupar mais espaço, como se uma energia contida estivesse prestes a transbordar.

— Vamos esclarecer algumas coisas, Antônio. — Christian subiu um degrau, agora olhando diretamente nos olhos do primo. — Primeiro, minha vida pessoal não é da sua conta. Segundo, enquanto você estava ocupado fazendo lobby político em Milão, eu estava aqui, implementando mudanças que aumentaram nossa lucratividade em 23% no último trimestre. E terceiro...

Ele deu outro passo, reduzindo ainda mais o espaço entre eles. Sua voz baixou para quase um sussurro, mas carregada de uma autoridade que fez meus pelos da nuca se arrepiarem.

— Se você questionar novamente minhas decisões como CEO desta empresa, especialmente na frente da minha esposa, teremos um problema muito maior do que uma reunião adiada. Fui claro?

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