~CHRISTIAN~
Ouvi os passos de Zoey se aproximando da cozinha, mas não consegui tirar os olhos da caixa de madeira na dispensa, com um envelope preso na tampa.
— O que foi? — A voz de Zoey soou atrás de mim, tensa.
Peguei a caixa e a coloquei sobre a bancada da cozinha, arrancando o envelope com mais força do que necessário.
— Você quer me explicar o que isso está fazendo aqui? — perguntei, minha voz saindo mais dura do que pretendia.
— Christian... — ela começou, mas eu já estava abrindo o envelope.
Tirei o cartão de dentro, as palavras douradas brilhando sob a luz da cozinha como uma sentença de morte:
"À nossa mais valiosa colaboradora,
Um pequeno agradecimento por todos os serviços prestados. Seu papel tem sido fundamental.
Eduardo Mendez
Diretor - Vale do Sol Vinícolas"
Senti o sangue drenar do meu rosto. Li o cartão duas vezes, depois uma terceira, tentando processar as palavras que pareciam dançar diante dos meus olhos.
— "Mais valiosa colaboradora"? — Li em voz alta, minha voz ficando perigosamente baixa. — "Serviços prestados"? "Papel fundamental"?
Ergui os olhos para Zoey, que havia recuado alguns passos, suas mãos apertadas uma contra a outra.
— Do que ele está falando, Zoey?
— Eu... eu não sei — disse ela, mas havia algo em sua voz. Uma hesitação que não existia antes.
— Não sabe? — Voltei minha atenção para a caixa, percebendo que ela ainda estava selada. — Então vamos descobrir juntos, não é?
Abri a caixa lentamente, revelando as seis garrafas cuidadosamente embaladas. Quando vi os rótulos, o mundo pareceu parar completamente.
"Raízes Sustentáveis" - Vale do Sol Vinícolas.
Era o meu projeto. Cada detalhe do marketing, cada conceito que eu havia desenvolvido por anos. Até mesmo a fonte usada no rótulo era similar à que havíamos escolhido.
— Eles realmente fizeram isso — murmurei, pegando uma das garrafas com mãos trêmulas.
— Christian, eu posso explicar...
— Pode? — Virei-me para encará-la, segurando a garrafa como evidência. — Porque eu adoraria ouvir uma explicação para o fato de você ter em casa os produtos que foram criados com informações roubadas da minha empresa.
— Eduardo mandou isso — disse ela rapidamente. — Eu não tinha ideia do que...
— E você não achou estranho? — Minha voz estava subindo agora. — Receber vinhos de presente da sua antiga empresa com um cartão te agradecendo por "serviços prestados"?
Vi quando ela engoliu em seco, seus olhos se enchendo de lágrimas.
— Eu achei estranho, sim. Mas não entendi o que significava. Ainda não entendo.
— Não entende? — Peguei o cartão novamente, apontando para as palavras. — "Papel fundamental", Zoey. Que papel? Em que você foi fundamental?
— Eu não sei! — A voz dela falhou. — Christian, você está me assustando. Do que você está me acusando exatamente?
A pergunta pairou no ar entre nós como uma lâmina. Eu queria acreditar nela. Queria desesperadamente encontrar uma explicação inocente para tudo isso. Mas as evidências estavam ali, na bancada entre nós.
— Então você já decidiu — disse ela, limpando as lágrimas com as costas da mão. — Já me julgou e condenou sem nem ouvir minha versão.
— Que versão? — A frustração explodiu de mim. — Você disse que não tem explicação!
— Porque eu realmente não tenho! — Ela gritou de volta. — Mas isso não significa que sou culpada de alguma coisa!
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ficamos nos encarando através da cozinha, o abismo entre nós parecendo crescer a cada segundo que passava.
— Eu preciso sair daqui — disse finalmente, pegando meu paletó da cadeira. — Preciso de tempo para pensar em tudo isso.
— Christian, não vá — sua voz voltou a ser um sussurro desesperado. — Por favor. Podemos conversar, podemos descobrir o que realmente está acontecendo.
— Não posso olhar para você agora sem pensar nisso — disse, me dirigindo para a porta. — Não posso ficar aqui fingindo que está tudo bem quando claramente não está.
— Então é isso? — Ela me seguiu até a porta. — Você vai simplesmente sair e me deixar aqui, sozinha, sem nem tentar entender?
Parei com a mão na maçaneta, meu coração se partindo ao ouvir a dor em sua voz. Mas quando me virei para olhá-la uma última vez, tudo que consegui ver foram as garrafas de vinho na bancada e o cartão de agradecimento.
— Eu só preciso de espaço para processar isso tudo — disse, abrindo a porta. — Preciso entender o que realmente está acontecendo aqui.
— E se eu disser que não fiz nada? — perguntou ela, sua voz tão baixa que mal consegui ouvir. — Se eu jurar que sou inocente? Isso mudaria alguma coisa?
Olhei para ela por um longo momento, vendo a mulher por quem havia me apaixonado, a mulher que havia mudado minha vida completamente. Mas também vendo as evidências que não conseguia ignorar. A história se repetindo. Francesca também havia estado na minha cama, também havia tido acesso aos segredos da empresa, também havia jurado inocência até o último momento. Eu havia confiado cegamente antes, e isso quase destruiu a Bellucci. Não podia me dar ao luxo de cometer o mesmo erro novamente.
— Eu não sei — admiti, e saí do apartamento antes que perdesse completamente a coragem.
O som da porta se fechando atrás de mim ecoou pelo corredor como um tiro. E pela primeira vez desde que conheci Zoey, me senti completamente perdido.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário
Já estou no capítulo 279 e o 280 não abre de jeito nenhum, já estou desanimada...
Como faço para comprar e ler o capítulo inteiro...
Não abre mais capítulos nem pagando deprimente...
Quem comprou,todos os capítulos custam 3 moedas ou vai aumentando o valor?...
Eu comprei mas agora dá erro pra acessar alguns capítulos. Desconta as moedas do saldo e mesmo assim não mostra. Não adiantou nada. Só gastei à toa....
Onde compro os capítulos bloqueados??...
Decepcionada, tem pagar pra continuar a ler....
Agora tem que pagar eita...
Sério que tem que pegar??...
Antes esse site era grátis agora tem q pagar,decepcionada...