~CHRISTIAN~
Sentei-me no carro e liguei o motor, mas não consegui sair imediatamente. Minhas mãos tremiam no volante, ainda processando o que havia acabado de acontecer lá em cima. A imagem do rosto de Zoey - devastado, em lágrimas, olhando para mim como se eu fosse um estranho - estava gravada na minha mente.
Finalmente consegui colocar o carro em movimento, dirigindo automaticamente pelas ruas do Rio. Não tinha destino específico, apenas precisava me afastar daquele apartamento, daquelas garrafas de vinho, daquele cartão com as palavras que haviam destruído minha noite perfeita.
O trânsito estava relativamente tranquilo para uma sexta à noite, e encontrei-me dirigindo em direção ao Hotel Milani, onde costumava ficar hospedado quando vinha ao Rio. Era um reflexo automático - quando as coisas ficavam complicadas, eu me isolava.
Mas conforme os minutos passavam, uma sensação incômoda começou a crescer no meu peito. Não era apenas a raiva ou a confusão que sentia antes. Era algo mais profundo, mais perturbador. Culpa.
Parei no semáforo vermelho e fechei os olhos por um momento, deixando os eventos da noite se repetirem na minha mente. Zoey dizendo que não entendia o cartão. Zoey explicando que Eduardo havia mandado os vinhos. Zoey implorando para que eu não fosse embora.
E eu, comparando-a com Francesca.
Merda.
O semáforo ficou verde e segui dirigindo, mas agora minha mente estava trabalhando de forma diferente. Comecei a questionar cada reação que tive, cada palavra que disse. Zoey nunca me havia dado motivos para desconfiar dela. Nem uma vez. Em todos os meses que estivemos juntos, ela sempre foi transparente comigo, honesta até quando isso a machucava.
Quando descobrimos que Giuseppe sabia do contrato, ela imediatamente me contou. Quando teve problemas com a Vale do Sol, ela me explicou tudo. Zoey não era uma pessoa que escondia coisas. Era justamente o oposto - às vezes era transparente demais, colocando seus sentimentos à mostra mesmo quando isso a deixava vulnerável.
Então por que eu havia reagido como se ela fosse uma criminosa?
A resposta era óbvia e dolorosa: Francesca.
Anos vivendo com alguém que mentia para mim todos os dias. Anos sendo enganado enquanto ela sorria para meu rosto e vendia segredos da minha família. A traição havia criado cicatrizes profundas, feridas que aparentemente ainda não haviam cicatrizado completamente.
Mas Zoey não era Francesca. Zoey nunca seria Francesca.
Parei em outro semáforo e me permiti realmente pensar no que havia acabado de fazer. Havia acusado a mulher que amava de me trair baseado em quê, exatamente? Em um cartão de Eduardo e algumas garrafas de vinho que ela nem havia aberto?
Como fui tão idiota?
Zoey disse que não entendia o cartão, e eu deveria ter acreditado nela. Ponto final. Não deveria ter permitido que meus traumas do passado nublassem meu julgamento sobre a mulher que estava ao meu lado há meses, que havia se tornado parte da minha família, que Giuseppe adorava como uma neta verdadeira.
A mulher por quem eu estava perdidamente apaixonado.
Droga, eu a amava. E amor era sobre confiança, não sobre paranoia. Era sobre dar o benefício da dúvida à pessoa que você escolheu para dividir sua vida. Era sobre acreditar nela mesmo quando as circunstâncias pareciam suspeitas.
Mas por um segundo - não, por vários minutos tortuosos - eu havia deixado meus traumas falarem mais alto que meu coração. Havia permitido que o fantasma de Francesca contaminasse meu relacionamento com Zoey.
Tentei virar o volante mesmo assim, uma tentativa desesperada de minimizar o impacto. Mas era tarde demais.
O som foi ensurdecedor. Metal contra metal, vidro se despedaçando, o barulho agudo de freios que chegaram tarde demais. Senti meu carro girar, o airbag explodindo no meu rosto, o cinto de segurança cortando meu peito.
E então, depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade, tudo ficou estranhamente quieto.
Tentei mover a cabeça, mas uma dor aguda disparou pela minha nuca. Havia um gosto metálico na minha boca - sangue, percebi vagamente. Minhas pernas estavam presas sob algo pesado, e quando tentei mover o braço direito, uma dor lancinante percorreu meu ombro.
— Socorro... — tentei gritar, mas minha voz saiu como um sussurro rouco.
As luzes da rua pareciam distantes, borrões dourados dançando na minha visão. Podia ouvir vozes se aproximando, pessoas correndo, alguém gritando para chamar uma ambulância.
Fechei os olhos, tentando me concentrar em permanecer consciente. Mas antes que a escuridão me levasse completamente, um único pensamento ecoou em minha mente:
Zoey. Eu estava voltando para ela. Estava voltando para me desculpar.
E agora talvez nunca conseguisse fazer isso.
A última coisa que lembro foi do som das sirenes se aproximando, e então tudo ficou preto.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário
Já estou no capítulo 279 e o 280 não abre de jeito nenhum, já estou desanimada...
Como faço para comprar e ler o capítulo inteiro...
Não abre mais capítulos nem pagando deprimente...
Quem comprou,todos os capítulos custam 3 moedas ou vai aumentando o valor?...
Eu comprei mas agora dá erro pra acessar alguns capítulos. Desconta as moedas do saldo e mesmo assim não mostra. Não adiantou nada. Só gastei à toa....
Onde compro os capítulos bloqueados??...
Decepcionada, tem pagar pra continuar a ler....
Agora tem que pagar eita...
Sério que tem que pegar??...
Antes esse site era grátis agora tem q pagar,decepcionada...