Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 118

Estava revisando os relatórios financeiros do trimestre quando Marco entrou no meu escritório com uma expressão que reconheci imediatamente. Era a mesma cara que ele fazia quando éramos crianças e havia quebrado alguma coisa valiosa do Nonno.

— Precisamos conversar — disse ele, fechando a porta atrás de si com mais força do que o necessário.

— Bom dia para você também — murmurei, não tirando os olhos dos números na tela do computador. — O que foi desta vez? Mais problemas com os contratos europeus?

— Pior. — Marco se jogou na cadeira em frente à minha mesa, sua gravata ligeiramente torta e o cabelo bagunçado como se tivesse passado as mãos nele várias vezes. — Muito pior.

Algo no tom da sua voz me fez finalmente levantar o olhar. Marco raramente ficava verdadeiramente abalado, especialmente por questões de negócios. Sua especialidade era manter a calma em situações de crise.

— O que aconteceu?

Ele hesitou por um segundo, então puxou o tablet que carregava e o deslizou pela mesa na minha direção.

— A Vale do Sol acabou de anunciar o lançamento da nova linha "Raízes Sustentáveis".

Peguei o tablet, franzindo o cenho. O nome não significava nada para mim, mas a apreensão no rosto de Marco sugeria que deveria significar.

— E?

— Lê.

Comecei a ler o press release que ele havia aberto na tela, meus olhos percorrendo rapidamente as primeiras linhas sobre sustentabilidade e métodos orgânicos. Nada demais, até que cheguei à descrição detalhada do produto.

Parei de respirar.

"Vinhos produzidos com técnicas de agricultura biodinâmica, utilizando apenas pesticidas naturais e métodos de fermentação tradicionais. Uma linha premium que combina o melhor da inovação sustentável com o respeito às tradições centenárias da viticultura brasileira."

Continuei lendo, cada palavra me atingindo como um soco no estômago. O conceito de marketing, o posicionamento no mercado, até mesmo a linguagem utilizada – tudo era idêntico ao projeto que havia estado desenvolvendo nos últimos anos. O projeto que seria o futuro da Bellucci. O projeto que me custara noites sem dormir e embates acalorados com o conselho.

— Isso não pode estar acontecendo — murmurei, relendo o texto pela terceira vez, como se as palavras pudessem magicamente se transformar em algo diferente.

— Fica pior — Marco disse, sua voz tensa. — Eles anunciaram que os primeiros lotes estarão nas prateleiras em duas semanas.

Ergui o olhar, sentindo o sangue drenar do meu rosto.

— Duas semanas? — Minha voz saiu mais rouca do que pretendia. — Mas isso é impossível. Mesmo que tenham começado a produção há meses, não dá tempo de...

— A menos que soubessem exatamente o que fazer desde o início — Marco completou sombriamente. — Como se tivessem acesso a todos os nossos planos, nossas pesquisas, nossa estratégia de marketing.

A realização me atingiu como um raio. Alguém havia vazado informações. Alguém com acesso direto aos detalhes mais íntimos do projeto. Alguém dentro da própria Bellucci.

Joguei o tablet na mesa com força suficiente para fazê-lo deslizar até a borda oposta.

— Figlio di puttana. — As palavras saíram entre dentes cerrados, minha fúria crescendo a cada segundo. — Algum filho da puta vendeu meu projeto.

— Christian...

— Anos, Marco! — Me levantei bruscamente, a cadeira girando atrás de mim. — Anos de trabalho, de pesquisa, de planejamento. Cada detalhe, cada inovação que desenvolvemos...

— Como assim acelerar? Você mesmo disse que...

— Esqueça o que eu disse. Não vou desistir do meu projeto. — Virei-me para encarar Marco, uma nova determinação se formando em meu peito. — Vamos trabalhar dia e noite se for preciso. Vamos mostrar ao mercado que existe uma diferença entre uma cópia apressada e o produto genuíno da Bellucci.

Marco me estudou por um momento, então assentiu lentamente.

— Vai ser um inferno. A equipe vai ter que trabalhar em turnos duplos, vamos precisar acelerar todos os processos de aprovação...

— Então é isso que vamos fazer. — Voltei para minha mesa, já pegando o telefone. — Liga para a equipe de desenvolvimento. Reunião de emergência em uma hora. E Marco?

— Sim?

— Nenhuma palavra sobre isso sai desta sala até descobrirmos quem foi o traidor. Não podemos arriscar mais vazamentos.

Marco assentiu e se dirigiu à porta, mas parou antes de sair.

— Christian? Vai dar tudo certo. Não vamos deixar esses bastardos nos derrubarem.

Depois que ele saiu, afundei na cadeira, colocando a cabeça entre as mãos. Anos meses de trabalho. Anos de sonhos e planejamento. E agora tinha que começar uma corrida contra o tempo para salvar não apenas o projeto, mas a reputação da Bellucci.

Peguei meu celular, quase ligando para Zoey instintivamente. Queria ouvir sua voz, sentir o conforto que ela sempre me proporcionava. Mas hesitei. Ela estava estranha esta manhã, e eu não queria preocupá-la com problemas da empresa. Seja lá qual fosse a surpresa que ela havia mencionado, eu não ia estragar com minha própria crise.

Guardei o telefone e voltei minha atenção para o computador. Tinha trabalho a fazer. Uma empresa para salvar. E um traidor para encontrar.

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