Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 115

Parei diante da porta do meu apartamento, as chaves tilintando enquanto procurava a certa no chaveiro. Dois dias na Serra Gaúcha haviam me deixado emocionalmente exausta. Tudo o que eu queria agora era tomar um banho quente e cair na minha própria cama.

Foi então que notei o pacote encostado ao lado da minha porta. Uma caixa de madeira com o logo da Vale do Sol gravado na tampa.

— Esse pacote chegou hoje cedo para a senhora — o porteiro apareceu no corredor, carregando minha mala.

— Obrigada.

Coloquei a caixa de vinho sobre a mesa de centro da sala, retirei o bilhete, e me permiti desabar no sofá por alguns segundos. Abri o pequeno envelope. Dentro havia um cartão branco com letras douradas em relevo, o papel claramente caro:

"À nossa mais valiosa colaboradora,

Um pequeno agradecimento por todos os serviços prestados. Seu papel tem sido fundamental.

Eduardo Mendez

Diretor - Vale do Sol Vinícolas"

Franzi o cenho, relendo o bilhete várias vezes. Serviços prestados? Que serviços? Eu havia deixado a Vale do Sol há meses. E mesmo durante o breve período em que trabalhei lá, certamente não fiz nada que justificasse um agradecimento tão efusivo.

A memória do encontro estranho com Eduardo durante a festa de Giuseppe voltou à minha mente. Suas palavras enigmáticas, a sugestão de que eu estava "ajudando" de alguma forma...

Empurrei a caixa para o canto da mesa, subitamente desconfortável com sua presença. Algo não estava certo, e eu não tinha energia para decifrar esse mistério agora. Não com a outra questão muito mais pessoal e urgente pesando em minha mente.

O interfone tocou, arrancando-me de meus pensamentos.

— Zoey, sou eu! — a voz animada de Anne soou pelo aparelho. — Abre logo.

Apertei o botão para destrancar o portão do edifício e fui até a porta, esperando por ela. Menos de dois minutos depois, Anne entrou como um furacão, sacolas de farmácia balançando em seu pulso.

— Finalmente! — exclamou, jogando-se no sofá ao meu lado. — Achei que ia morrer de ansiedade esperando o elevador.

— Por que não subiu comigo? — perguntei, observando-a tirar os sapatos e colocar os pés sobre a mesa de centro, empurrando ligeiramente a caixa de vinhos.

— Precisava fazer uma parada obrigatória na farmácia da esquina. — Ela fez uma pausa, notando a caixa. — O que é isso?

— Vinho da Vale do Sol. Aparentemente, um "agradecimento pelos serviços prestados".

Anne ergueu uma sobrancelha.

— Isso é... estranho. O que você anda fazendo que eu não sei?

— Nada! — protestei. — É isso que é tão bizarro. Acho que Eduardo está tentando me manipular de alguma forma.

— Hmmm, vamos adicionar isso à lista de "mistérios para depois". — Anne levantou uma das sacolas de farmácia. — Porque temos algo muito mais importante para resolver.

Senti meu estômago apertar, sabendo exatamente o que estava naquela sacola.

— Você realmente comprou...?

— Três! — Anne anunciou, tirando as caixas de testes de gravidez da sacola como se fossem troféus. — O básico, o digital e o premium ultra-mega-blaster-preciso que basicamente te diz até a cor dos olhos do bebê.

Não pude evitar uma risada nervosa, apesar da ansiedade que me consumia.

— Anne, você é impossível.

— Impossível de resistir, você quer dizer. — Ela alinhou as três caixas na mesa, ao lado da caixa de vinho. — Este aqui — ela apontou para a primeira caixa — é o clássico, duas linhas se positivo, uma se negativo. Confiável, mas sem frescuras.

Ela pegou a segunda caixa.

— Este é digital, diz "grávida" ou "não grávida", para evitar aquela coisa de "será que a segunda linha está muito clara ou é só impressão minha?".

Finalmente, levantou a terceira caixa com um floreio teatral.

— E este, minha querida, é o Rolls-Royce dos testes de gravidez. Detecta até uma semana antes do atraso, mostra quantas semanas você está, e praticamente te manda um e-mail com o resultado.

Revirei os olhos, mas sorri. A capacidade de Anne de transformar qualquer situação tensa em algo quase cômico era um dos seus maiores dons.

— Vamos acabar logo com isso — disse, pegando o teste digital. — Não aguento mais essa incerteza.

Anne segurou meu pulso antes que pudesse me levantar.

— Espera! Eu pesquisei, e é bem mais preciso quando feito com o primeiro xixi da manhã. Algo sobre os níveis de hormônio serem mais concentrados.

Suspirei, a ansiedade voltando com força total.

— Claro que sim! — Ela cruzou os braços, resoluta. — Esse é um momento importante. Além disso, preciso garantir que você não vai trapacear.

— Como eu trapacearia um teste de gravidez?

— Não faço ideia. Mas por algum motivo você sempre era a Roberta nos testes de Rebelde, e vocês nem se parecem!

Não pude evitar rir, apesar da situação.

— Você é ridícula.

— Ridícula e sua única testemunha. Agora faça xixi nessa coisa antes que eu exploda de ansiedade.

Revirei os olhos, mas cedi. A essa altura de nossa relação, privacidade entre irmãs era um conceito relativo. De alguma forma, ter Anne ali, com seu humor absurdo, tornava tudo um pouco menos assustador.

Um a um, utilizei os três testes, seguindo as instruções específicas de cada um. Colocamos os três numa fileira sobre a pia e Anne programou o temporizador do celular.

— Três minutos — anunciou com uma seriedade atípica.

Aqueles foram os três minutos mais longos da minha vida. Nenhuma de nós falou, o único som no banheiro sendo nossa respiração e o tique-taque do temporizador.

Quando o alarme finalmente tocou, olhei para Anne, subitamente paralisada.

— Eu não consigo olhar — admiti, a voz trêmula.

Anne apertou minha mão e, juntas, nos aproximamos da pia.

Três testes. Três resultados positivos. Duas linhas. "Grávida". "12+ semanas".

Encarei os três testes, passando de um para o outro repetidamente, como se algum pudesse magicamente mudar de resultado se eu olhasse com força suficiente.

— Zoey... — a voz de Anne era suave, quase reverente.

Não consegui responder. A realidade me atingiu com força total, roubando minhas palavras, meu fôlego, minha capacidade de processar pensamentos coerentes.

Eu estava grávida de Christian Bellucci.

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