Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 114

~CHRISTIAN~

Observei o líquido rubi girar na taça de cristal enquanto meu avô servia um dos vinhos mais especiais daquela adega. Eu mal acreditei que ele tinha aberto a última garrafa, mas era um dia especial, afinal. A adega estava silenciosa, apenas o tilintar dos cristais e o suave gorgolejar do vinho quebrando a quietude. A festa continuava no andar de cima, mas aqui embaixo, o tempo parecia mover-se em outro ritmo.

— Um brinde ao novo líder oficial da Bellucci. — Nonno ergueu sua taça com um sorriso que não alcançava completamente seus olhos, como se pudesse enxergar as preocupações que eu tentava ocultar.

Tocamos as taças delicadamente e tomei um gole, permitindo que o sabor complexo do vinho se espalhasse por minha língua. Percebi que não conseguia apreciar plenamente a bebida. Minha mente estava em outro lugar. Em outra pessoa.

— Você parece distante para quem acabou de receber as chaves do reino. — Nonno comentou, sentando-se pesadamente na cadeira antiga.

Soltei um suspiro curto, meus dedos acariciando a haste da taça.

— Tenho muita coisa na cabeça. — Admiti finalmente, permitindo que a máscara de CEO confiante escorregasse um pouco na presença dele.

— A empresa? Ou uma certa neta que acabei de ganhar? — Ele tinha aquele brilho perspicaz nos olhos que sempre me fazia sentir como um menino de oito anos novamente, incapaz de esconder qualquer coisa.

— Ambos. — Coloquei a taça na mesa antiga e passei a mão pelos cabelos. — Zoey me contou sobre a conversa de vocês.

Nonno assentiu lentamente, sem demonstrar surpresa.

— Imaginei que contaria. Ela é uma mulher honesta, sua Zoey.

Sua Zoey. As palavras ecoaram em minha mente. Mas era esse o problema, não era? Depois de dizer que a amava, enquanto ainda respirava pesadamente após o momento íntimo no mirante, senti algo congelar dentro de mim quando ela simplesmente me beijou em resposta. Sem palavras. Sem confirmação de que sentia o mesmo.

— Eu disse a ela que a amo. — As palavras saíram quase contra minha vontade.

Nonno ergueu as sobrancelhas, mas seu sorriso apenas se alargou.

— E?

— E nada. — Dei de ombros, tentando parecer indiferente mesmo sabendo que estava falhando miseravelmente. — Ela não disse nada.

O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelo tique-taque do relógio antigo na parede da adega.

— Você sabe que alguns vinhos precisam de tempo para revelar sua verdadeira natureza. — Nonno falou finalmente, girando o vinho em sua taça e observando as lágrimas que se formavam nas bordas. — Os melhores, na verdade.

Revirei os olhos, mas não consegui conter o pequeno sorriso.

— Nonno, nem tudo na vida é sobre vinhos.

— Pelo contrário, meu neto. Tudo na vida é sobre vinhos. — O velho italiano riu, seus olhos brilhando. — Alguns anos atrás, você teria descartado este vinho após uma única degustação, sem dar tempo para ele se abrir, revelar suas complexidades.

Percebi onde meu avô queria chegar e senti uma pontada incômoda no peito.

— Zoey não é um vinho para eu degustar e avaliar. — Minha voz saiu mais dura do que pretendia.

— Claro que não. Ela é muito mais valiosa. — Nonno tomou outro gole, saboreando-o lentamente antes de continuar. — O que estou dizendo é que algumas pessoas precisam de tempo. Nem todos expressam seus sentimentos com a mesma facilidade. Especialmente aqueles que foram magoados antes.

As palavras me acertaram como uma flecha certeira. A traição de Alex e Elise havia deixado marcas profundas em Zoey, assim como Francesca havia deixado em mim.

— E agora? — perguntei, sentindo-me estranhamente vulnerável. — Somos os únicos donos do nosso destino. Não há mais contrato, não há mais necessidade de fingir. E se ela decidir que...

— Estava conversando com Nonno. — Respondi, meu queixo repousando sobre a cabeça dela enquanto ambos contemplávamos a paisagem noturna. Não mencionei sobre o que havíamos conversado. Não era necessário.

Senti Zoey relaxar contra meu peito, suas mãos cobrindo as minhas em sua cintura.

— As estrelas aqui são diferentes do Rio. — Ela comentou, sua voz um murmúrio que combinava perfeitamente com a quietude da noite.

— Mais brilhantes?

— Mais... definidas. Como se cada uma soubesse exatamente seu lugar no universo.

Beijei suavemente seu cabelo, inalando o perfume que havia se tornado tão familiar nos últimos meses. Um perfume que agora significava lar.

— Eu tenho inveja delas, então.

Zoey virou-se em meus braços, olhando-me com aqueles olhos que pareciam enxergar através de todas as minhas defesas, todas as minhas máscaras cuidadosamente construídas. Sem dizer palavra, ela se ergueu na ponta dos pés e me beijou, um beijo lento e profundo que comunicava mais do que qualquer declaração verbal poderia.

— Obrigada por me trazer para sua casa, Christian.

Entendi o que ela não disse. Obrigada por me trazer para sua vida. Para sua família. Para seu mundo.

— Obrigado por ficar. — Respondi simplesmente, puxando-a para mais perto.

Naquele momento, sob o céu estrelado, embalados pela música distante da festa que chegava ao fim, nenhum de nós precisou de palavras para expressar o que sentíamos. O silêncio entre nós nunca estivera tão cheio de significado.

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