Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 99

Meu coração se apertou com aquela resposta. A sinceridade na voz dele me pegou de jeito. Eu abaixei o olhar um segundo, respirando fundo, antes de levantar de novo os olhos e encarar o Gabriel.

Ele virou pra mim, bem devagar, com aquele jeitinho sensível dele.

— Mãe… a Julia… e os homens maus…

Me aproximei da cama com calma e toquei a mãozinha dele com carinho.

— A Julia tá bem, meu amor. Ela foi pra casa descansar, mas amanhã vem te ver. E os homens maus… foram presos. Eles não vão mais te machucar, nem a Julia, nem ninguém.

Gabriel assentiu com a cabecinha bem de leve, como se tudo aquilo ainda estivesse sendo processado dentro dele. Foi quando a porta do quarto se abriu de novo, e o Rafael entrou com a doutora Sandra.

Gabriel viu ele e sorriu mais abertamente.

— Pai… os homens maus não voltam, né?

Tudo parou. O Rafael ficou paralisado na porta, a doutora também, e o clima pesou no ar como se o quarto tivesse ficado mais apertado. Eu senti o olhar de Alessandro cortando o ambiente e indo direto para o Rafael.

Um olhar duro, silencioso e cheio de coisa não dita.

Rafael respirou fundo, tentando disfarçar o incômodo, e caminhou até a beira da cama, com a doutora do lado.

— Não, campeão. Eles não voltam mais. Estão presos.

Ele olhou pra mim por um instante, como se esperasse alguma reação. Eu só assenti com um olhar rápido, e ele continuou:

— Olha só, essa aqui é a doutora Sandra. Foi ela que cuidou de você, desde o comecinho.

A doutora se inclinou e sorriu gentilmente.

— Oi, Gabriel. Que bom te ver acordado. Vamos dar uma olhadinha em você, tá bem?

Alessandro, mesmo visivelmente desconfortável com tudo, se sentou de novo na cadeira de rodas com ajuda do Diogo e se afastou um pouco da cama. Eu fui junto, ficando ao lado dele, dando espaço pra doutora.

Ela levantou devagar os lençóis e começou a examinar Gabriel com cuidado, falando enquanto mexia nos pontos de acesso, checava o curativo da cirurgia e a reação dele aos estímulos.

— Os sinais vitais estão estáveis, o pulso periférico tá forte, sem sinais de hipotensão. A função renal parece estar se mantendo estável, o novo rim está respondendo bem, a diurese foi boa nas últimas horas… o que é um ótimo sinal. Vamos repetir os exames laboratoriais nas próximas doze horas, mas se o rim continuar se adaptando dessa forma, sem rejeição aguda, e o rim esquerdo se manter funcional, a previsão de alta é em três dias.

Eu coloquei a mão no peito, aliviada. Sorri com os olhos cheios de lágrimas e olhei pro Gabriel, que me encarava com um olhar calmo, mas curioso. Ele não entendia tudo, mas sentia a energia boa daquelas palavras.

— Três dias… — repeti, quase sem acreditar. — Nossa… obrigada, doutora. Obrigada por tudo.

— Eu só fiz meu trabalho — ela respondeu com aquele sorrisinho gentil. — Gabriel é um guerreirinho. E tem uma mãe que não arredou o pé um segundo sequer.

Olhei de canto pra Alessandro, que também sorriu, discreto. O olhar dele estava grudado no Gabriel.

A doutora Sandra se endireitou após o exame e nos olhou com um sorrisinho gentil, mas firme.

— Olha, o quarto não pode ficar cheio assim por muito tempo. O Gabriel precisa descansar e evitar qualquer estímulo excessivo. Vocês têm mais uns cinco minutinhos e depois ele precisa dormir tranquilo, tá bom?

Todo mundo assentiu. Ela sorriu, fez um carinho leve no braço do Gabriel e saiu, fechando a porta com cuidado. E foi só ela sair pra aquele peso no ar voltar como se nunca tivesse ido embora.

O silêncio se espalhou feito névoa. Eu me peguei olhando pros lados, tentando encontrar algo que me distraísse da tensão que voltou a reinar no quarto. Foi quando ouvi a voz fraquinha do Gabriel.

— Mãe... tô com sono...

Me aproximei dele na hora, com o coração já apertado de novo, e passei a mão bem de leve nos cabelos dele.

Depois, ele virou pro Rafael, o cenho se fechando na hora. A tensão entre os dois era óbvia, dava até pra sentir no ar.

— A gente precisa conversar — disse Alessandro, a voz baixa mas dura.

Rafael assentiu lentamente, as mãos nos bolsos da calça, os ombros tensos.

— Eu imaginei que sim.

Diogo começou a empurrar a cadeira de rodas pra fora, e Alessandro continuava me olhando, como se esperasse alguma reação da minha parte. Mas eu fiquei quieta, só observando. Rafael parou ao meu lado por um segundo antes de sair.

— Eu já volto.

Assenti em silêncio, sem conseguir falar nada. Só fiquei ali… olhando eles saírem do quarto. Primeiro Alessandro, depois Diogo e por fim o Rafael, fechando a porta com um clique baixo.

Gabriel já tava dormindo de novo. A respiração dele era suave, quase um sussurro. Eu levei a outra mão até o peito e senti o peso. Um aperto que me travava a respiração.

Alessandro…

Ele me fez tanto mal. Me deixou sozinha num dos piores momentos da minha vida. Me fez quase perder o meu filho quando ainda estava dentro de mim.

E ele não vinha sozinho.

Chiara.

Ela ia querer se aproximar também, usar esse vínculo como desculpa pra se enfiar nas nossas vidas. Mas eu não ia permitir. Nem ela, nem ninguém. Eu ia lutar. Pelo Gabriel. Pelo nosso espaço. Pela nossa paz.

Não ia abaixar a cabeça e nem fugir, nunca mais.

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