Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 100

Diogo me ajudou a me deitar na cama. Eu ainda estava fraco, o corpo doía como se tivesse levado uma surra, mas nada doía mais do que a confusão na minha cabeça. A visão do Gabriel naquela cama, tão pequeno… me desmontou por dentro.

Eu mal conseguia organizar um pensamento sequer.

— Pode deixar a gente a sós, Diogo.

Ele parou de ajeitar o lençol e olhou diretamente pra mim, depois pro Rafael, com aquele ar de quem já previa o caos.

— Sem levantar o tom. Os dois. Vocês sabem que precisam conversar, tá mais do que na hora… mas Alessandro acabou de doar um rim. Não sejam burros.

Rafael só assentiu, calado. Diogo nos encarou por mais dois segundos e então saiu, fechando a porta com firmeza.

Ficamos em silêncio por um tempo. Eu nem olhei para o Rafael, não sabia por onde começar. Respirei fundo, sentindo o ar pesado no peito.

— Quando foi que tudo isso aconteceu?

A pergunta saiu baixa, rouca. Ainda sem encará-lo. Mas ouvi a respiração dele pesar. Até que ele falou.

— Isso tudo aconteceu… por sua culpa, Alessandro. Há na verdade, mais de seis anos, quando ela se casou com você e você não a valorizou.

Fechei os olhos. Claro que ele ia jogar isso na minha cara.

— Você não quis amar a Larissa. Você não acreditou nela. Não acreditou no amor dela, não acreditou nem no que você sentia. Você só quis caçá-la viva porque a Chiara apareceu com umas imagens, uns prints... e pronto. Acabou. Você decidiu que ela era culpada e ponto final.

Virei o rosto pra encará-lo. Meus olhos arderam, mas eu segurei.

— Você sabe como eu odeio traição. E estava tudo ali. Ela e o Guilherme. Ela não saino da casa do pai dela. Ficando mais distante de mim… você quer que eu acreditasse no quê? Eu estava confuso, caralho! Eu…

Engoli em seco. A raiva e a culpa misturadas me sufocavam.

— Eu ia assumir ela. Estava pronto pra isso. Eu queria ela pra mim, de verdade.

Rafael me encarou com raiva.

— Então por que você não fez?

— Porque tudo… tudo indicava que ela tinha me traído! — minha voz saiu mais alta do que eu queria. Me arrependi na hora, pelo esforço. Mas já tinha falado.

Ele bufou, descrente.

— O seu maior pecado sempre foi esse teu orgulho maldito. Esse teu senso de justiça distorcido. Você acha que todo mundo tem que ser perfeito, que só quem você julga certo é quem tá certo de verdade. Você nunca perdoa. Nem tenta.

— Eu… — comecei, mas ele continuou, me atropelando com a voz.

— Desde o primeiro dia que vi a Larissa na empresa, eu gostei dela. Claro que gostei. Como não gostar dela? Mas ela nunca me deu espaço. Nunca. E sabe por quê?

Ele se inclinou um pouco, me encarando de frente.

— Porque ela te amava. Mesmo com tudo o que você fazia com ela. Mesmo com as tuas friezas, com os teus julgamentos. Ela te amava, Alessandro. Você não quis ver.

Aquilo me atingiu como um soco no estômago. Rafael respirou fundo, os olhos brilhando de raiva.

— Você lembra por que me mandou pra Alemanha, né?

Senti o sangue ferver. Lembro exatamente. Baixei os olhos, mas ele já tava explodindo.

— Você me mandou embora por ciúmes! Porra, eu sou teu primo! E você me exilou como se eu fosse teu inimigo só porque me viu conversando com ela, rindo com ela no corredor da empresa. Como se ela fosse tua propriedade!

— Eu não podia ver você dando em cima da minha mulher! — rebati, sentindo meu rosto esquentar.

— Ele tem. — Rafael disse, mais calmo, mas com firmeza. — Mas ele também tem um coração que tava quebrado. Ele achava que não tinha pai nenhum. Que não era querido por ninguém. E quando a Larissa tentou fazer ele entender... ele se agarrou em mim. E eu... não tive coragem de negar. Ele merecia um pouco de normalidade.

— Você devia ter me contado — falei entre os dentes, tentando não gritar de novo. — Eu merecia saber. Ele é meu filho!

Rafael balançou a cabeça devagar, com aquele olhar que me tirava do sério.

— Não, Alessandro. Você não merecia saber naquela época. Não quando você tratava a Larissa como lixo. Quando você dizia que ela era uma qualquer. Quando fez ela implorar ajuda pra salvar aquele menino dentro da barriga e você... recusou.

Essas palavras me atingiram como uma pedrada. Doeu. Porque eram verdade. Eu sabia. Eu fui cruel.

— Tudo isso aconteceu por sua culpa — Rafael continuou, mais baixo agora. — Você quem empurrou ela. Você quem destruiu o que vocês tinham. Agora você quer recuperar um lugar que você mesmo jogou fora. Mas não é assim. Com o Gabriel... você vai ter que conquistar esse espaço aos poucos. Não vai ser do dia pra noite. Ele te conhece, sim, mas ele não te ama ainda. Porque ele nem sabe quem você é.

Eu fiquei em silêncio por um instante. Engolindo a seco, o coração batendo forte.

— E com a Larissa... — Rafael completou. — Com ela... acho que você perdeu qualquer chance que ainda tinha.

Meus olhos se estreitaram.

— Como assim?

Rafael hesitou por um segundo. Mas então falou, direto, como sempre foi.

— Ela tá se encontrando com outro homem. Um italiano. Enzo, o nome dele.

O chão pareceu sumir debaixo de mim. O nome soou como uma faca entrando no peito.

— O quê?

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