Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 96

O tempo passou arrastado depois que Lucio e Tereza foram embora. Diogo e eu ficamos ali, lado a lado, em silêncio. Às vezes trocávamos algumas palavras baixas, mas a maior parte do tempo era só o som da televisão ligada no mudo e o burburinho distante dos corredores.

O celular do Diogo vibrou.

Ele atendeu rápido, falando baixo. Eu só ouvi um “tô indo” e um “fica tranquilo”, e ele já tava de pé.

— Era o Rafael. Chegou agora, está no aeroporto. Vou buscar ele — disse, me olhando.

Assenti com a cabeça, um pouco aliviada por saber que ele já estava por perto. Eu precisava dele aqui. Precisava ver o rosto dele e ter aquele abraço apertado que sempre me fazia sentir segura, mesmo quando tudo estava desmoronando.

Fiquei esperando até que vi os dois entrando pela porta da sala de espera.

Me levantei na hora.

Rafael nem pensou duas vezes. Veio correndo até mim e me envolveu num abraço forte, desesperado, doído.

— Eu não posso ficar uns dias longe que tudo isso acontece, caramba — ele disse, com a voz embargada, o rosto enterrado no meu ombro.

Eu sorri, mesmo com os olhos marejados, e apertei ele ainda mais forte.

— Eu sei… mas já vai passar. Vai ficar tudo bem. — Limpei a lágrima que escorria do rosto dele com a mão, tentando ser firme. — Tá tudo se ajeitando agora.

Ele se afastou um pouco e me olhou nos olhos.

— E o Gabriel? Como ele tá?

— Tá bem. Tá na UTI, mas estável. A médica disse que, se continuar assim, hoje à tarde ele já pode sair de lá.

— Com fé em Deus, ele vai ficar estável sim — ele disse, firme, quase como se aquilo fosse uma promessa. — Ele é forte. Vai sair dessa.

Assenti, sentindo a garganta fechar de novo.

Rafael respirou fundo, passou a mão nos cabelos, meio nervoso.

— E o Alessandro? Como ele tá? Como… ele reagiu quando soube?

Me sentei de novo e ele se sentou ao meu lado. Olhei pra ele com sinceridade.

— Ele tá bem. Quer dizer… fisicamente, sim. A cirurgia foi um sucesso. Mas emocionalmente… tá mexido e muito. Ele não recebeu bem, não vou mentir. Ficou em choque. Mas… mesmo assim, não hesitou. Assim que entendeu a situação, ele aceitou fazer o teste e… doou. Nem pensou duas vezes.

— Isso diz muito — Rafael comentou, pensativo.

— Diz. Diz que, no fundo, ele sempre foi alguém com coração. Só… endurecido demais pelas circunstâncias, sabe?

— Vai ser uma conversa difícil — ele disse, baixando o olhar.

— Vai. Muito. — Respirei fundo. — O Diogo já foi lá ver ele. Disse que ele tá bem, mas claramente chateado. Se sentindo traído. Eu entendo. Não é fácil descobrir que você tem um filho assim… num hospital… e quase perdendo ele.

— E a mãe dele, a família? Eles sabem?

— Já sabem. Lúcio e Tereza vieram aqui ontem também.

— Sério? — ele arregalou os olhos.

— Sério. A Rosa contou pra eles. Claro, né? — revirei os olhos. — Mas, por incrível que pareça, eles vieram… de boa. Tereza ficou mexida, falou que doeu saber que eu escondi o bisneto deles, mas entendeu. Disse que vai voltar mais tarde pra ver o Alessandro.

— Uau… — ele balançou a cabeça, visivelmente surpreso. — Eles não são exatamente o tipo que age com compreensão.

— Pois é. Também achei. Mas acho que o susto fez eles repensarem algumas coisas. Não sei. Foi estranho, mas bom. De certo modo, um alívio.

— E a Rosa? A Chiara?

— Rosa ficou furiosa, me ligou gritando e eu desliguei na mesma hora e passei a ignorá-la. Mas agora já deve ter contado pra cidade inteira. Elas vieram aqui, mas eu tinha ido tomar um banho. Diogo quem disse que Alessandro colocou as duas para fora.

— Isso virou um furacão, né? — ele murmurou.

— Virou. Mas eu tô tentando manter os pés no chão. Meu foco agora é o Gabriel. O resto… a gente vai lidando aos poucos.

Rafael passou o braço pelos meus ombros, me puxando pra perto.

Apontei o dedo no rosto dela, sem mais paciência.

— Sabe o que você é, Chiara? Uma desgraçada mentirosa. Você criou provas falsas dizendo que o bebê era do Guilherme. Mandou gente me seguir, me ameaçar… Você é uma doente!

Ela riu. Riu debochando, com os olhos arregalados de arrogância.

— Não sei do que você tá falando — respondeu, cheia de falsidade.

— Sai da minha frente — falei, me afastando, tentando manter a cabeça no lugar.

Mas ela cruzou os braços, ainda me impedindo de sair.

— Eu ainda não terminei de falar sobre você… e aquele desgraçado do seu filho.

Foi aí que a minha paciência acabou.

Sem pensar, agarrei o cabelo dela com força e puxei. Joguei ela no chão como um saco de lixo.

— Aaaai! — ela gritou, tentando se levantar, mas eu fui pra cima de novo, agarrando o cabelo dela com mais força ainda.

— Cala a boca! — rosnei. — Cala a porra dessa boca ou juro que vou te machucar de verdade!

Ela calou. Os olhos dela, cheios de ódio, começaram a encher de lágrimas, mas eu não sentia um pingo de pena.

Abaixei, aproximando mais o rosto do dela que tremia no chão do banheiro.

— Nunca mais fala do meu filho. Nunca. Enquanto você vier pra cima de mim, beleza. Aguento. Mas se você ousar abrir essa boca suja pra falar do Gabriel de novo, eu acabo com você. Entendeu?

Ela tentou se soltar, se contorcendo feito verme.

— O Gabriel é um bastardo! — chiou, tentando me provocar.

Minha mão foi sozinha quando o tapa acertou em cheio o rosto dela. O som ecoou pelo banheiro como uma sentença.

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