Caminhava atrás da doutora Sandra com o peito apertado, como se o ar tivesse ficado mais pesado de repente. Cada passo meu parecia ecoar pelas paredes frias do hospital, misturado ao zumbido constante dos monitores, aos murmúrios das enfermeiras, ao choro abafado de algum parente distante — e à angústia que borbulhava dentro de mim, fervendo como um vulcão prestes a explodir.
Minhas mãos suavam, embora o ar estivesse gelado. Passei os olhos pelos corredores e tudo parecia embaçado. Como se a realidade não estivesse completamente alinhada comigo. Como se aquilo fosse um pesadelo do qual eu precisava acordar.
Mas não era.
Enquanto caminhava, flashes atravessavam minha mente como facas afiadas. O sorriso de Gabriel naquela vez em frente a escola… no shopping, quando ele correu em direção à Rafael, tropeçando nas próprias pernas, com as bochechas coradas e os olhos brilhando. Aquilo me atingia com uma força brutal.
O jeito como ele abraçava Larissa, com confiança, com inocência. E o modo como ele chamava Rafael de pai... Rafael. Aquele título devia ser meu. Eu devia ter estado ali. Eu devia ter lutado para estar ali. Mas não lutei. Não vi. Não soube. E agora, depois de todos esses anos, a vida do meu filho, meu filho! estava por um fio.
Eu nunca imaginei que uma palavra poderia me atingir com tanta força. Filho. Era como uma âncora, me puxando para o fundo, me afogando em arrependimento e amor tardio. Mas era amor, sim. Era. Um amor que crescia rápido, brutal, esmagador, como se sempre tivesse estado aqui, esperando uma brecha para explodir. E agora que explodiu, me consumia inteiro.
Respirei fundo, tentando manter a sanidade. O passado... o passado era uma prisão. Mas eu não podia fazer mais nada sobre ele agora. O que importava era o presente. O que importava era que eu estava aqui. E faria o certo agora. Não pelo orgulho. Não para tentar me redimir com Larissa.
Mas por Gabriel. Por aquele menino de olhar doce e alma forte que carregava meu sangue sem sequer saber o que isso significava.
Caminhava atrás da doutora Sandra com o peito apertado, como se o ar tivesse ficado mais pesado de repente. Cada passo meu parecia ecoar pelas paredes frias do hospital, misturado ao zumbido constante dos monitores, aos murmúrios das enfermeiras, ao choro abafado de algum parente distante — e à angústia que borbulhava dentro de mim, fervendo como um vulcão prestes a explodir. Eu ouvia a voz da doutora, palavras técnicas, instruções, orientações, mas tudo soava abafado, como se estivéssemos dentro de um aquário, onde o tempo corria mais devagar, onde as vozes chegavam distorcidas, irreais.
Minhas mãos suavam, embora o ar estivesse gelado. Passei os olhos pelos corredores e tudo parecia embaçado. Como se a realidade não estivesse completamente alinhada comigo. Como se aquilo fosse um pesadelo do qual eu precisava acordar.
Mas não era.
Enquanto caminhava, flashes atravessavam minha mente como facas afiadas. O sorriso de Gabriel naquela vez no parque... ele corria em direção à mãe, tropeçando nas próprias pernas, com as bochechas coradas e os olhos brilhando. Aquilo me atingia com uma força brutal. O jeito como ele abraçava Larissa, com confiança, com inocência. E o modo como ele chamava Rafael de pai... Rafael. Aquele título devia ser meu. Eu devia ter estado ali. Eu devia ter lutado para estar ali. Mas não lutei. Não vi. Não soube. E agora, depois de todos esses anos, a vida do meu filho — meu filho! — estava por um fio.
Eu nunca imaginei que uma palavra poderia me atingir com tanta força. Filho. Era como uma âncora, me puxando para o fundo, me afogando em arrependimento e amor tardio. Mas era amor, sim. Era. Um amor que crescia rápido, brutal, esmagador, como se sempre tivesse estado aqui, esperando uma brecha para explodir. E agora que explodiu, me consumia inteiro.
Respirei fundo, tentando manter a sanidade. O passado... o passado era uma prisão. Mas eu não podia fazer mais nada sobre ele agora. O que importava era o presente. O que importava era que eu estava aqui. E faria o certo agora. Não pelo orgulho. Não para tentar me redimir com Larissa. Mas por Gabriel. Por aquele menino de olhar doce e alma forte que carregava meu sangue sem sequer saber o que isso significava.
A doutora parou diante da porta de um vestiário. Me virei para ela e vi em seus olhos um certo respeito. Talvez compaixão. Talvez apenas cansaço. Mas ela sorriu, levemente.
— Aqui, senhor Alessandro. Vista-se com o traje cirúrgico. Deixe seus pertences no armário. Eu estarei na sala ao lado com a equipe. Quando estiver pronto, bata na porta azul.
Assenti, sem dizer uma palavra. Minha garganta estava seca. Fechei a porta atrás de mim e encarei o reflexo no espelho.
O homem que me olhava de volta não era o mesmo que saiu do escritório de terno impecável naquela manhã. Meu rosto estava pálido, os olhos vermelhos. O queixo trêmulo. Aquele não era o Alessandro Medeiros, empresário reconhecido, implacável nas negociações, frio diante dos riscos. Aquele era um homem despido de defesas. Um homem nu em sua dor e humanidade. Um pai. Um pai que faria o impensável por uma chance, mesmo que pequena, de salvar o filho.
Troquei de roupa devagar. O silêncio ali dentro era diferente. Não o silêncio morto de uma sala vazia, mas o silêncio vivo, pulsante, que precede uma decisão definitiva. E tudo dentro de mim gritava. Eu deveria ter acreditado em Larissa quando ela tentou me contar.
Eu deveria ter escutado. Ela estava ali na sala, desesperada, se justificando, e eu... eu a expulsei. Achei que fosse mais uma manipulação. Que fosse uma mentira. Que ela queria me prender. Mas não era. E mesmo que tivesse sido, eu devia ter escutado. Devia ter visto.
A máscara se aproximou do meu rosto. O anestesista me pediu para respirar fundo. Eu obedeci.
E enquanto a consciência começava a se esvair, uma lágrima escorreu dos meus olhos. Não por medo.
Mas por amor e arrependimento.
Amor por um filho que eu quase perdi sem nunca ter conhecido de verdade.
Arrependimento por tudo o que não fui. Por tudo o que neguei. Por tudo o que deixei passar.
Mas também, uma esperança tímida. Porque talvez, só talvez, aquele fosse o começo de algo novo.
Do outro lado da parede, eu sabia, Larissa devia estar esperando. Rezando. Chorando. E, mesmo sem ouvir, eu podia sentir. Ela estava ali por Gabriel.
E naquele instante, antes de tudo escurecer, uma única promessa ecoou em mim:
"Eu vou estar aqui agora, filho. Eu vou estar aqui."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...