Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 81

O som do motor do meu carro mal cessou antes que eu abrisse a porta com brutalidade. Saí feito um furacão. Meus passos ecoaram pela entrada da casa e meu coração martelava no peito, uma mistura sufocante de medo, raiva e culpa. Estava queimando por dentro. Ardendo.

— Cadê ele? — murmurei entre os dentes cerrados, sentindo minha mandíbula travar.

Quando entrei na sala, meus olhos foram direto para Fernando. Ele estava com um homem imobilizado no chão, algemado, as mãos presas para trás. Um corte na sobrancelha do desgraçado escorria sangue, mas aquilo não me causou nem um pingo de pena. Pelo contrário. Me deu vontade de fazer mais.

— É ele? — perguntei, minha voz saindo rouca, carregada de ódio.

Fernando apenas assentiu, firme, sem soltar o controle que tinha sobre ele.

Caminhei até o cara e me agachei bem na frente dele. Queria olhar nos olhos do covarde. Mas ele... ele manteve o olhar baixo, como se isso tudo fosse só mais uma noite qualquer na vida de um miserável como ele.

— Quem é você? Por que fez isso com a Larissa? O que ela te fez, seu desgraçado?

Silêncio. O maldito se calava, com a mandíbula cerrada, tenso. Até que um sorriso torto apareceu em seu rosto.

— Não tenho nada pra te dizer, playboy — cuspiu as palavras como veneno.

Aquilo foi gasolina no fogo. Agarrei a camisa dele e o sacudi com força. Eu queria quebrá-lo inteiro.

— FALA, PORRA! Você a esfaqueou e vai pagar caro por isso!

— Alessandro, calma! A gente precisa fazer isso direito — disse Fernando, tentando manter a paz, mas era tarde demais.

— Eu tô calmo, Fernando! — rosnando, soltei o primeiro soco sem pensar. O som do impacto foi seco e satisfatório.

O homem gemeu, mas não calou. Riu e cuspiu o sangue no chão.

— Vai me matar aqui? É isso? Vai sujar as mãos por ela?

Me inclinei ainda mais perto, minha raiva fervendo:

— Se eu tiver que sujar as mãos por ela, eu faço isso sorrindo. Só me dá um motivo.

Dois socos. Três. Meus punhos ardiam, mas não tanto quanto meu peito. O rosto dele começou a se deformar, mas o desgraçado continuava fingindo indiferença. Até que finalmente, com a voz falha, falou:

— Você não entende... não era pra machucar... era só pra... assustar. Eu nem sabia que ela ia cair daquele jeito.

Meu sangue ferveu.

— ENTÃO FALA! QUEM MANDOU VOCÊ? — gritei, sacudindo-o como se quisesse arrancar a verdade à força.

Mais sangue escorreu da boca dele, e então ele murmurou, arrastado:

— Um cara... alto... ruivo... Ele me pagou bem. Disse que era só pra empurrar, pra dar um susto. Não era pra ser nada sério...

Congelado. Foi assim que fiquei. As palavras dele ecoaram na minha mente como um soco no estômago.

Alto. Ruivo.

— Ruivo...? Droga... — minha voz saiu quase num sussurro.

Ou era o Matheus... ou o Enzo... Qual seria dos desgraçados e porque estavam atrás de Larissa? O que ela tinha a ver?

Fernando se aproximou. Eu tremia. De raiva, de impotência.

— Chega, Alessandro. Esse cara vai pra delegacia agora. Já demorou demais. Vamos fazer isso do jeito certo.

Olhei o homem no chão. Não ia sair mais nada dali. Ele estava entregue, mas isso não acabou aqui.

— Tá certo... — falei, com os punhos cerrados e o estômago embrulhado de ódio. — Mas isso não termina aqui.

Me virei pra Fernando, encarei o olhar dele.

— Me encontra depois. A gente precisa descobrir quem tá por trás disso. Não vou descansar enquanto não acabar com esse maldito.

Ele assentiu, e juntos arrastamos o filho da puta pra fora da casa. Mas dentro de mim, nada se acalmava. Porque agora era pessoal e alguém ia pagar.

***

Enquanto voltava para o hospital, Chiara ligou de novo. A tela do celular piscou com o nome dela, mas eu só olhei por um segundo e deixei tocar até cair na caixa postal. Eu não conseguia... Não agora. Minha cabeça estava uma bagunça, e o único lugar onde eu precisava estar era com a Larissa.

O hospital apareceu diante de mim como um gigante cinza, sufocante. Estacionei o carro com pressa e subi quase correndo pelos corredores frios. Cada passo ecoava junto com o tumulto dentro de mim. Quando alcancei a recepção do andar, vi Diogo encostado na parede, com a cara cansada.

— Ela já acordou? — perguntei antes mesmo de chegar perto dele.

Ele ergueu o olhar e assentiu, com um leve sorriso cansado no canto da boca.

— Acordou, sim. — suspirou. — Fizeram uns exames e vão levar ela pro quarto em alguns minutos. Tá meio grogue ainda, mas acordada.

Senti um alívio estranho no peito, como se alguém tivesse afrouxado um nó. Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.

Olhei pra frente, sem focar em nada, como se as palavras estivessem pesando demais pra sair.

— Eu contratei um detetive — falei, baixo. — Pra investigar os irmãos. Sempre desconfiei de que um deles matou o próprio pai e quando ele estava vindo com provas, sofreu um acidente suspeito e estava em coma até pouco tempo. Mas ainda não consegue falar nada.

Diogo arregalou os olhos e se endireitou na cadeira como se tivesse levado um soco.

— Caralho, Alessandro... você tá me dizendo que um deles pode ter matado o pai? Isso é muito sério, cara...

Assenti com lentidão, a cabeça latejando.

— É. Eu sei. E agora isso... com a Larissa e…

— Mais? — Diogo me olhou como se já estivesse no limite também.

Respirei fundo, sentindo o ar pesar no peito.

— A Chiara sofreu duas tentativas de sequestro nos últimos meses.

— O quê? — ele exclamou, chocado. — Como assim?

— Duas vezes — repeti. — Uma foi na saída do shopping. Outra, há alguns meses, perto de casa. Mas os caras não conseguiram levar ela. E a polícia não achou nada conclusivo.

Diogo esfregou a mão no rosto, tão perdido quanto eu.

— Mas... o que isso tem a ver com a Larissa?

— Eu não sei, Diogo. — respondi, num desabafo quase dolorido. — É isso que tá me enlouquecendo. Eu não sei se foi uma coincidência absurda, ou se alguém tá querendo atingir pessoas próximas. Mas por quê? Por que a Larissa? Querem me atingir? Por que?

Ele ficou em silêncio por um tempo. A gente só ficou ali, sentados, enquanto a TV da recepção sussurrava algo sobre um comercial bobo. O mundo seguia em frente, e a gente, parados no meio da confusão, tentando montar um quebra-cabeça sem bordas.

Diogo suspirou ao meu lado.

— Isso é muito maior do que você imaginava, não é?

— É. E eu juro por tudo, Diogo... eu não vou descansar até descobrir quem tá por trás disso. E até derrubar cada um desses desgraçados.

Ele assentiu, apertando o maxilar.

— Tô contigo, irmão. Até o fim.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra