Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 77

— Você sumiu, Larissa. A gente merecia pelo menos um adeus.

Baixei o olhar, envergonhada. Sentei devagar no sofá, de frente pra eles.

— Eu sei. E não tem desculpa boa o suficiente pra isso... mas eu precisava fugir. Do que o Alessandro fez... da bagunça que minha vida virou. Eu não sabia o que fazer, pra onde correr. Só... corri. Me escondi.

Tereza e Lúcio se entreolharam. Ela colocou a mão sobre a dele, como se quisesse acalmá-lo.

— Ele destruiu você, né? — ela perguntou com tristeza. — A gente viu. Mas a gente também se sentiu jogado fora.

— Eu sei. — minha voz saiu baixa. — E eu sinto muito. Eu deveria ter procurado vocês. Vocês sempre me trataram com tanto amor. Mas tudo tava tão... difícil. E aí o tempo passou. E eu achei que vocês estariam com raiva. Com vergonha.

— Vergonha? De você? — Tereza franziu o cenho. — A vergonha é dele! E da forma como ele escolheu viver a vida. Eu e Lúcio só sentimos sua falta.

O silêncio caiu por um instante. Então, como se estivesse esperando o momento certo, Tereza perguntou:

— Larissa... aquele menino... o seu filho. Ele é do Alessandro?

Engoli em seco. Por um momento, pensei em dizer a verdade. Em contar. Mas então olhei nos olhos dela e vi o brilho, a esperança. O mesmo brilho que os olhos de Alessandro tinham às vezes... e o medo me bateu forte. Se eu dissesse... eles contariam. E se ele tentasse tomar o Gabriel de mim?

— Não importa mais... — respondi, baixando o olhar. — Rafael me ajudou a criar ele. Desde o começo. Tem sido um bom amigo.

Tereza e Lúcio se entreolharam outra vez. Eu vi a dúvida nos olhos deles, mas nenhum dos dois forçou mais.

— Bom... seja de quem for, ele tem sorte de ter você. — Tereza disse suavemente.

Foi Lúcio quem quebrou o silêncio seguinte:

— Mas é uma pena... porque se ele for mesmo neto meu... merecia estar aqui com a gente. Não com aquela... Chiara.

Seu tom carregado me pegou de surpresa. Olhei pra ele.

— Você não gosta dela?

— Não. — ele respondeu sem hesitar. — Ela é falsa. Manipuladora. Vive tentando controlar o Alessandro, se metendo onde não é chamada. E agora vive lá, rondando a família como se fosse a salvadora. Mas a gente conhece bem aquele tipo. E sinceramente? — ele me olhou firme. — Ela nunca vai ser você.

Meu peito apertou com aquele comentário. Me pegou desprevenida. Eu não queria ser comparada. Eu só queria proteger o meu filho.

Mas era impossível negar que, mesmo depois de tudo, o lugar que eu ocupei naquela família... ainda estava ali. Mesmo machucado.

Mesmo cheio de silêncio e saudade.

Me despedi de Tereza e Lúcio com um abraço apertado. Ela segurou minha mão com carinho, os olhos brilhando de emoção.

— Você precisa voltar aqui com seu filho, Larissa... — ela disse com a voz doce. — A gente ia adorar conhecer ele.

Lúcio assentiu, meio sério, mas sincero.

— É, ele tem nossa porta aberta. Quando quiser, traz ele. A casa ainda é sua também.

Sorri fraco, mas por dentro meu coração estava uma bagunça. Eu balancei a cabeça devagar.

— Vou trazer sim... pode deixar.

Mentira.

Eu queria, de verdade queria. Mas o medo estava sempre ali, firme no meu peito. E se eles percebessem? E se falassem com o Alessandro? Eu não estava pronta pra isso. Nem um pouco.

Entrei no carro e dirigi com cuidado, mas eu não queria ir pra casa ainda. Minha cabeça estava cheia demais, minha alma parecia sufocada.

Então, meio sem pensar, fui em direção ao parque da cidade.

Fazia tanto tempo que eu não passava por ali… Ele ainda era o mesmo, com as árvores altas e a grama meio queimada pelo sol. Estava praticamente vazio por causa do calor da tarde.

Estacionei e fui andando até um banco debaixo de uma árvore. Me sentei ali, sozinha. O silêncio era quase confortável. Quase.

Fechei os olhos e respirei fundo. Era como se o mundo estivesse me engolindo aos poucos. Lembranças, medos, incertezas… Gabriel. Alessandro. A empresa. O passado me puxando de volta quando eu só queria seguir em frente.

Meu Deus. O que ele tava fazendo ali?

Tentei perguntar, mas não consegui. Tudo doía demais. Minha boca mal se movia.

— Larissa?! — a voz dele soou desesperada. — Larissa, meu Deus!

Ele estava ajoelhado ao meu lado, parecendo desesperado.

— Ei, ei, olha pra mim! Larissa, pelo amor de Deus, o que aconteceu?!

Eu só conseguia gemer, apertando a barriga, sentindo o sangue escorrer entre os dedos.

— Fica comigo, Larissa. Me ouve. Eu vou te tirar daqui, tá? Vai ficar tudo bem, eu juro que vai. — ele me ergueu com cuidado, e mesmo assim, tudo doeu.

— Ai... — consegui murmurar.

— Shh... eu sei, eu sei... aguenta mais um pouco. Vai dar tudo certo. Eu tô aqui.

Ele me colocou no banco do passageiro, jogou minha bolsa no chão do carro e ligou o motor com pressa.

— Fica acordada, Larissa! Me escuta? Fica comigo! Não dorme!

Eu tentei. Juro que tentei. Mas meus olhos estavam pesados. O mundo girava, o calor parecia me engolir viva.

— Alessandro... — sussurrei, sem nem saber se minha voz saiu de verdade.

— Não! Nada de conversa agora, Larissa! Aguenta! Você é forte, lembra? Fica comigo!

Mas era difícil. Cada segundo era um esforço. Meus olhos se fecharam sozinhos. A dor, o cansaço… tudo me puxava pra longe.

E então, eu apaguei.

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