Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 75

Dei uma risadinha, sacudindo a cabeça.

— Menina... uma pergunta por vez, por favor!

— Tô com saudade, ué. Quero saber de tudo!

— Bom... Rafael e Diogo são meus amigos. Só isso, de verdade. Gosto deles, são importantes pra mim, mas não rola nada além disso.

— Hmm, sei... e o traste?

Suspirei, apertando o copo na mão. Olhei pra Gabriel, que brincava com um carrinho de brinquedo, os olhinhos brilhando de alegria. Aí voltei pra ela.

— Infelizmente... já vi o Alessandro algumas vezes.

— E aí? Sentiu alguma coisa além de raiva?

— Acho que sim... mas não sei se foi sentimento. Talvez ansiedade, sabe? Fazia muito tempo que eu não via ele. Bateu uma coisa estranha, tipo um frio na barriga, misturado com raiva, decepção, medo... tudo junto.

Ela me olhou, séria por um segundo.

— Você contou pra ele sobre o Gabriel?

Balancei a cabeça devagar.

— Não. Mas... eu acho que ele tá desconfiando. Ele me perguntou se o Gabriel era filho dele…

—E você negou, né?

— Sim. E mesmo agora... eu fico travada, Cathe. Não sei como falar. Não sei se devo. Sei lá.

Ela deu um gole na bebida e depois virou o olhar pra brinquedoteca. Ficou observando o Gabriel correr atrás de uma menina com um dinossauro na mão.

— Amiga... desculpa, mas com todo respeito... esse menino aí é uma cópia do Alessandro. Tá difícil esconder.

Soltei uma risada nervosa.

— Eu sei. Eu olho pra ele e vejo o pai dele todo dia. O jeito de andar, a carinha quando tá emburrado, até o jeitinho de rir...

Cathe esticou a mão e segurou a minha com carinho.

— Você não precisa decidir isso agora. Mas sabe que vai chegar uma hora, né? Que ele vai ter que saber. Os dois vão.

Fiquei em silêncio, olhando meu filho brincar, inocente, sem ideia da confusão que o cercava. Só queria protegê-lo... mas até quando?

Suspirei fundo e apertei a mão da Cathe, que ainda estava sobre a minha. Ela sempre teve esse jeito direto, mas o coração dela era do tamanho do mundo.

— Eu sei que vou ter que contar um dia... mas tenho medo, sabe? Do que ele vai fazer, do que ele vai dizer. Do Gabriel sofrer por causa disso. Ele não tá preparado. E eu... talvez eu também não esteja.

Cathe ficou me olhando por uns segundos, com aquela expressão de quem queria te abraçar com os olhos.

— Você teve que ser forte demais por muito tempo, amiga. Criou esse menino sozinha, enfrentou o mundo, se reconstruiu... Você não deve nada pra ninguém, Larissa. Muito menos pro Alessandro.

— Mas não é sobre ele... é sobre o Gabriel. Eu fico me perguntando se ele um dia vai me odiar por não ter contado antes. Ou se vai sentir que perdeu algo. E se ele quiser conhecer o pai? E se o Alessandro não quiser saber?

— Ou e se ele quiser, Larissa? E se ele se arrepender e quiser ser pai de verdade?

Mordi o lábio, olhando pro Gabriel agora empilhando blocos com outro garotinho. Ele deu uma gargalhadinha e eu quase chorei de amor.

— Não sei se confio nele pra isso. E naquela época, quando eu mais precisei, ele escolheu não acreditar em mim. Preferiu escutar a amantezinha dele...

— Aquela víbora da Chiara. — Cathe fez uma careta e balançou a cabeça com indignação. — Ainda não superei o que ela fez com você.

— Nem eu, pra ser sincera. E pensar que eles seguem a vida como se nada tivesse acontecido, enquanto eu passei noites acordada, sozinha, com um bebê nos braços e sem ter pra onde correr...

— E ainda assim, olha você aqui. Brilhando. De pé. Com um filho lindo, saudável e cheio de amor. Você venceu, Larissa. De um jeito que poucos conseguiriam.

Sorri pra ela, sentindo os olhos arderem um pouco.

— Obrigada, Cathe. De verdade. Você sempre aparece quando eu mais preciso. Como faz isso, hein?

Ela deu de ombros e sorriu largamente.

— Amiga é pra essas coisas, né? E agora que eu tô de volta, não vai mais conseguir se livrar de mim. E nem o Gabriel. Sou oficialmente madrinha postiça dele, tá ouvindo?

— Postiça nada! Madrinha oficial, ué! Ele não tem. Nunca batizei ele.

— Você tá falando sério?

— Tô. Você aceita?

Os olhos dela encheram d'água.

— É claro que eu aceito! Meu Deus, eu vou mimar esse menino tanto, mas tanto…

O garçom se aproximou com nossos pedidos.

Gabriel bocejou do meu lado e se encostou em mim.

— Tá com soninho, filho?

Ele assentiu, esfregando os olhos.

— Então vamos pra casa. Você brincou muito hoje, meu amor.

Cathe ajudou a recolher tudo e nos acompanhou até o carro. Quando me despedi, ela abraçou a gente com força.

— Amanhã eu te ligo. Mas qualquer coisa, me chama, tá?

— Pode deixar. — sorri, segurando Gabriel no colo enquanto ele já quase dormia no meu ombro. — E obrigada por amar ele assim, Cathe.

— Não tem como não amar. Ele é pedacinho seu. E você... sempre foi minha irmã, Larissa.

Cheguei em casa com Gabriel já dormindo no meu ombro, tão cansadinho que nem abriu os olhos quando o tirei da cadeirinha. Subi com ele no colo até o banheiro e fui conversando baixinho no caminho, só pra ele saber que tava seguro.

— A mamãe vai te dar um banhozinho rapidinho, tá, meu amor? — sussurrei.

Ele resmungou algo que parecia um "tá bom" com os olhinhos semicerrados. Preparei a água morninha, tirei a roupinha dele com cuidado e logo ele já estava sentado na banheira, com os brinquedinhos boiando ao redor. Mesmo com sono, Gabriel não resistia a brincar com o patinho amarelo e os barquinhos de plástico.

— Mamãe... hoje a tia Cathe... deu suco. — ele disse, com aquela fala meio embolada que só ele tinha.

Sorri, passando a esponjinha devagar no bracinho dele.

— Deu sim, filho. E você adorou, né? Ela ficou tão feliz de te ver. Sabia que ela me ajudou muito quando você ainda tava na minha barriga?

— Tava dentro da barriga? — ele arregalou os olhos, curioso.

— Tava sim... você cresceu aqui dentro, ó. — toquei levemente minha barriga. — E agora já tá esse menino lindo que não para quieto.

Ele riu, jogando água pra fora da banheira.

— Mamãe! Molhei você!

— É, percebi, danadinho! — brinquei, rindo junto com ele.

Depois do banho, coloquei seu pijaminha azul com desenhos de dinossauro — o preferido. Peguei ele no colo e levei até o quarto. O cobri com carinho, dei um beijinho na testa e sentei na beirada da cama por uns minutos, só observando aquela carinha serena.

— Boa noite, meu amor. A mamãe te ama mais do que tudo, viu?

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