Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 73

Deitada no sofá, com as pernas cruzadas sobre a almofada e o celular nas mãos, lendo de novo a mensagem de Enzo.

"Tive que viajar pro Sul. Mas volto no fim de semana e adoraria te ver. Que tal um café ou um jantar?"

Sorri de leve, quase automaticamente, e meus dedos roçaram os lábios, lembrando do beijo de ontem a noite. Foi bom... muito bom. Enzo era gentil, educado, bonito, tudo no lugar.

Mas não era Alessandro.

Suspirei, sentindo o peso que aquela constatação trazia. Não era justo comparar. Eu precisava ir devagar. Foram mais de três anos sozinha, sem ninguém, me reconstruindo. E Alessandro... bom, Alessandro foi o último homem com quem me envolvi de verdade. E não foi qualquer envolvimento. Foi devastador.

"Não se cobra, Larissa. Não agora."

Guardei o celular, joguei o corpo pra frente e me levantei. Rafael tinha viajado e eu precisava levar o Gabriel até a escola.

No caminho, ele foi tagarelando sobre as atividades do dia, e eu sorria, respondia, mas estava meio distante, presa nas minhas próprias bagunças internas. Quando estacionei, ajudei Gabriel a sair do carro e arrumei a mochilinha dele nas costas.

— Pronto, meu amor. Vamos?

Ele então parou, apontando animado pra frente.

— Mamãe! O moço que me ajudou!

Franzi a testa, confusa.

— Moço?

Virei o rosto e vi Alessandro atravessando a rua em nossa direção.

Meu coração disparou na hora. O que ele tava fazendo aqui? Aqui? Na frente da escola do meu filho?

Alessandro veio andando firme, os olhos grudados em mim, mas quando chegou perto, se abaixou e bagunçou o cabelo de Gabriel com um sorriso.

— E aí, garoto. Tudo certo?

Gabriel sorriu, como se estivessem se encontrado mil vezes. Alessandro tirou uma sacola que escondia atrás do corpo e mostrou pra ele.

— Trouxe isso pra você.

Eu franzi o cenho.

— Você não precisava se preocupar com isso.

Ele se levantou, com os olhos fixos em Gabriel por mais um segundo. Depois me encarou. E naquele instante, teve algo ali... algo no olhar dele que me fez prender a respiração.

A professora de Gabriel chamou as crianças e ele virou pra mim. Me abaixei e beijei a testa dele com carinho.

— Se comporta, tá bem?

— Tá bom, mamãe.

Ele virou, deu um abraço forte em Alessandro e correu em direção à entrada da escola.

Fiquei ali, parada, com os braços cruzados.

— O que você tá fazendo aqui?

Ele enfiou as mãos nos bolsos.

— Vim ver o Gabriel.

Senti um arrepio na espinha. Que tipo de interesse era esse agora? Ele... ele estava desconfiando de alguma coisa?

— Como você descobriu onde ele estuda? — perguntei, sem esconder o incômodo.

Ele deu um meio sorriso, cínico.

— Eu descubro tudo o que eu quero saber.

Suspirei fundo, já virando o corpo pra sair dali antes que a situação virasse um escândalo na porta da escola. Mas então senti a mão dele segurar meu braço e me virei rápido, com raiva.

— Não encosta em mim!

Percebi o olhar dele. Tinha algo ali. Dor? Arrependimento? Não sei. Mas era diferente. Era vulnerável. E me congelou.

— O que você quer, Alessandro? — perguntei mais baixo, mas ainda com firmeza.

Ele hesitou, a voz quase rouca quando falou.

— Você disse... você disse uma vez que o Gabriel era meu filho. Antes de...

Ele não completou. Mas eu completei.

— Antes de você ouvir a Chiara, me jogar pra fora da sua casa e destruir minha vida? É, foi antes disso mesmo.

Ele desviou o olhar, o maxilar cerrado.

A outra mulher — cabelos curtos e expressão analítica — mordeu a tampa da caneta e comentou:

— Isso é bem diferente do que a gente costuma fazer, mas... interessante. A gente sempre focou em produto, peça, desempenho técnico... Talvez esteja na hora de mostrar o lado humano mesmo.

— E se a gente fizesse parcerias com influenciadores do setor automotivo? Aqueles que têm canais nas redes sociais... eles sempre mostram manutenção de carro, poderiam usar as peças da gente em tempo real. Aí conecta com a proposta da Larissa.

— Boa! Isso cria uma ponte entre o emocional e o técnico.

Eles começaram a debater, anotar ideias. Aos poucos, a reunião ficou mais leve, mais fluida. E eu me permiti sorrir um pouco.

Mas aí... ele voltou à minha mente.

Alessandro.

Aquela cena na frente da escola. O jeito como ele olhou pra Gabriel. O jeito como ele me olhou. E, principalmente, as palavras que ele disse.

"Você disse que ele era meu filho."

Sim, eu disse. Lá atrás. Quando pensei que ele iria me ouvir, que iria me dar uma chance e não destruir toda a minha vida. Mas será que ele lembrou disso agora porque tá desconfiando? Ele sabe? Vai investigar? Vai tentar tirar Gabriel de mim?

Meu coração apertou.

— Larissa? — uma voz me chamou de volta.

Pisquei rápido e olhei para os lados. Todos estavam me olhando.

— Você tá bem?

— Sim, sim! Desculpa. Só... me desconcentrei um segundo.

— Normal no primeiro dia, alguém disse, e todos riram.

Forcei um sorriso.

— Valeu por serem tão receptivos. Acho que vai ser bom trabalhar com vocês.

Quando a reunião acabou, fui pra minha nova sala — uma salinha menor, mas com uma grande janela que dava vista pra avenida. Me sentei na cadeira e encostei a cabeça no encosto, fechando os olhos por alguns segundos.

Eu precisava focar. Precisa ser forte. Tinha um filho pra proteger, uma vida pra reconstruir.

E Alessandro... bom, ele não ia bagunçar tudo de novo. Não dessa vez.

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