Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 72

Rafael respirou fundo, colocando os talheres de lado.

— Eu vou precisar viajar. — ele anunciou, olhando pra mim e depois pro meu pai. — Pra Alemanha. Surgiram uns probleminhas na filial de lá, vou ter que resolver pessoalmente.

Minha postura se endireitou na cadeira.

— Probleminhas?

— Nada absurdo, mas é algo que precisa de atenção. Uma questão de contrato, logística... coisa técnica. Mas eu dou conta.

— Tem certeza? Se precisar de ajuda, de alguém acompanhando, qualquer coisa... — ofereci, sincera.

Ele me olhou por alguns segundos e assentiu com um sorriso leve.

— Se surgir algo que você possa ajudar, eu aviso. Obrigado, Lari.

Terminamos o jantar conversando sobre a viagem, o tempo que ele ia ficar fora, combinamos as rotinas do Gabriel, e então fui colocar o pequeno pra dormir.

***

O tecido deslizou pelo meu corpo como uma segunda pele, macio e elegante. Me olhei no espelho e respirei fundo. O vestido preto realçava minhas curvas de um jeito sutil, sem exageros. O decote assimétrico com as alças finas cruzadas dava um toque moderno, e o salto delicado finalizava tudo com classe. Era mais do que só uma roupa bonita. Era um lembrete de que eu ainda estava viva. Presente. Pronta para o novo.

Estava colocando o brinco quando ouvi passinhos correndo pelo corredor. Nem precisei me virar.

— Mamãe... — veio a voz doce e arrastada. Gabriel parou na porta e, num segundo, já estava abraçando minha perna com força. — A mamãe tá buita!

Meu coração derreteu. Me inclinei com cuidado pra não amassar o vestido e o abracei apertado, deixando um beijo estalado em sua bochecha redonda.

— Você que é lindo, meu amor. O mais lindo de todos.

— Você vai dançar igual princesa hoje?

Ri com ternura.

— Vou jantar com um amigo, mas prometo dançar com você amanhã, combinado?

Ele assentiu, satisfeito. Foi aí que Rafael apareceu encostado no batente da porta, com os braços cruzados e aquele meio sorriso no rosto.

— Uau... você tá linda, Larissa.

Me virei pra ele, ainda com Gabriel pendurado em mim.

— Obrigada... você acha mesmo? — dei uma volta rápida, mostrando o vestido.

— Acho. E tenho certeza que ele vai achar também. — disse, num tom meio provocativo.

Revirei os olhos, rindo.

— Tudo certo mesmo de você ficar com o Gabriel? Não quero te atrapalhar se tiver planos, posso remarcar...

Ele levantou uma sobrancelha.

— Atrapalhar? Já falei com ela. Hoje é a noite dos garotos. Pipoca, desenho e muita bagunça, né campeão?

Gabriel vibrou e soltou um “Éêêê!” enquanto levantava os braços.

— Tá bom então... só não deixem ele dormir muito tarde. — avisei, ajeitando a alça do vestido no espelho.

— Relaxa. Ele tá em boas mãos. — Rafael disse.

— Obrigada, de verdade.

— Vai tranquila, Lari.

Sorri, deixando um beijo no topo da cabeça do Gabriel e outro leve na bochecha de Rafael.

— Boa noite, meus amores.

Estava pegando a bolsa quando o celular vibrou com uma notificação. Era do Enzo:

“Já estou a caminho. Mal posso esperar pra te ver.”

Desci com cuidado os últimos degraus do prédio, sentindo os olhos me acompanharem enquanto o salto tocava o chão com leveza.

Enzo estava encostado no carro, uma SUV preta, moderna, impecável como ele. Vestia uma camisa social azul marinho com as mangas dobradas até os cotovelos, uma calça bem cortada e aquele ar de homem seguro que sabia exatamente onde estava e o que queria. Bonito era pouco. Ele estava... marcante.

Quando me viu, endireitou o corpo e abriu um sorriso lento, genuíno.

— Uau... você está simplesmente deslumbrante, Larissa.

Sorri sem graça, sentindo o calor subir pelas bochechas.

— Obrigada, Enzo. Você também está bem... elegante.

Ele se aproximou e encostou um beijo na minha bochecha, leve, mas demorado o suficiente pra me fazer prender o ar.

— Vamos?

Assenti e ele, num gesto cavalheiro, abriu a porta do carro pra mim. Entrei, ajeitando o vestido, tentando parecer calma, mas meu coração batia acelerado.

O trajeto até o restaurante foi tranquilo. Conversamos sobre coisas leves, música, filmes, o clima, e em menos de vinte minutos já estávamos sentados em uma mesa reservada, num canto aconchegante, à meia-luz, com uma vista linda da cidade através da janela.

— Você flerta fácil, Enzo.

— Com você? Não. Com você, eu só tô sendo honesto.

Respirei fundo, tentando esconder o sorriso bobo que ameaçava crescer.

O jantar seguiu com leveza, risadas, olhares demorados. Me permiti. Talvez pela primeira vez em muito tempo, me permiti simplesmente... estar ali. Sem pressa, sem medo, sem me proteger tanto.

Quando ele parou o carro em frente ao prédio, já era tarde. A cidade lá fora estava silenciosa. A luz do poste iluminava suavemente o interior do carro. Virei-me para ele com um sorriso.

— Obrigada pela noite. Foi... muito melhor do que eu esperava.

— Pra mim também. — ele disse, olhando pra mim com intensidade. — Posso te perguntar uma coisa?

Assenti.

— Eu posso te beijar, Larissa?

Minha respiração falhou por um segundo. Sorri, sem jeito, mas não desviei.

— Pode.

Ele se inclinou devagar, como se me desse tempo pra mudar de ideia. Seus dedos tocaram de leve minha nuca, me puxando pra mais perto. Seus lábios encontraram os meus num beijo cálido, firme, mas gentil.

A princípio suave, explorando, sentindo. Depois, mais intenso. Ele aprofundou o beijo com naturalidade, a palma da mão ainda na minha nuca, me envolvendo por inteiro.

Meu corpo reagiu antes da minha mente. Meu coração disparou, minha pele se arrepiou e, por alguns instantes, eu simplesmente me deixei levar.

Quando ele afastou os lábios dos meus, ainda com os olhos fechados por um segundo, soltei um suspiro involuntário.

— Você beija como um italiano mesmo... — murmurei, ainda zonza.

Ele riu baixinho.

— Isso é um elogio?

— Definitivamente.

Ele encostou a testa na minha por um instante, e então me deu um último beijo rápido.

— Boa noite, Larissa.

— Boa noite, Enzo.

Saí do carro sentindo as pernas levemente trêmulas, o coração leve — e uma nova confusão deliciosa crescendo dentro de mim.

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