Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 67

Assim que a tensão baixou um pouco na sala, me ajeitei melhor na cadeira e deixei o sorriso voltar aos lábios. Era hora de mostrar a que eu vim.

— Bom, eu queria só esclarecer com vocês que o foco da minha atuação aqui na empresa vai ser na área de marketing — falei, olhando para cada um dos sócios, inclusive o ranzinza. — É onde eu me formei, onde atuei por anos e onde eu realmente posso contribuir com ideias, estratégia e inovação. Não pretendo me meter em áreas que não domino. Estou aqui pra somar.

Um dos sócios, o mais novo deles, sorriu e assentiu.

— Perfeito. A casa tá precisando de inovação mesmo, principalmente nessa parte.

— E é uma área que você domina bem — Diogo acrescentou. — Inclusive, aproveitando que estamos falando disso… quero apresentar pra você o Miqueias. Ele ficou responsável pela empresa quando eu me afastei da presidência. Um cara de confiança. Conhece a estrutura como a palma da mão e tem feito um bom trabalho mantendo tudo de pé.

Ele fez um sinal e a porta se abriu devagar. Um homem alto, com um terno bem alinhado, entrou com passos calmos. Miqueias tinha um ar tranquilo, mas havia algo afiado no olhar dele. Cabelos castanhos escuros, um leve toque de grisalho nas laterais, e um sorriso educado que ele soltou assim que me viu.

— Larissa Rocha, essa é o Miqueias. Miqueias, essa é a nova sócia da empresa — Diogo disse com aquele olhar cheio de orgulho que sempre me desconcertava um pouco.

— Prazer imenso, Larissa — ele disse, estendendo a mão com firmeza.

— O prazer é meu — respondi, apertando a mão dele.

— Já ouvi falar bastante sobre você. Pelo visto, a nova fase da empresa promete.

— Espero que sim. E que seja uma fase de crescimento — sorri. — E de reconstrução também.

Ele soltou uma risada baixa.

— Isso com certeza. Diogo me contou que você tem experiência forte com marketing. A gente tá mesmo precisando de uma chacoalhada nesse setor.

— Tenho algumas ideias em mente — falei, me animando. — Quero trabalhar com branding emocional, resgatar a identidade da empresa e conectá-la de forma mais humana com o público. A imagem da CompanyRocha precisa refletir o que ela tem de mais forte: sua história, sua essência… e a capacidade de se reinventar.

— Gosto disso — Miqueias assentiu, cruzando os braços. — Falar de sentimento, de presença. Isso tem muito mais impacto hoje do que ficar só empurrando produto.

— Exato. O consumidor quer se ver representado. Quer propósito, quer verdade. E é isso que eu quero mostrar.

— Quando você tiver os primeiros esboços, me mostra. Quero acompanhar de perto.

— Pode deixar — garanti. — Vai ser bom ter alguém com a visão administrativa ao lado.

Diogo observava tudo com aquele sorriso bobo de quem sabia que tinha feito a escolha certa.

— Vocês vão formar uma dupla e tanto — ele comentou. — A Larissa tem fogo nas ideias e o Miqueias tem a estrutura pra canalizar isso tudo em resultado. Agora sim a empresa tá em boas mãos.

Me levantei, cumprimentei os outros sócios de novo, e saí da sala ao lado deles. Por dentro, ainda existia aquele frio na barriga… mas era diferente. Era bom. Era o frio de recomeço. De pertencimento.

Porque agora… a CompanyRocha era minha também. E eu sabia exatamente o que fazer com isso.

Saí da empresa ao lado do Diogo com uma sensação estranha no peito — um misto de alívio, orgulho e exaustão.

O sol da tarde batia forte na calçada, e eu precisava de um café urgente. Diogo vinha contando alguma coisa sobre uma reunião com fornecedores, mas minha mente já estava em outro lugar, até que parei de andar subitamente.

Ali, parado na calçada, estava Alessandro.

Ele estava encostado em um carro qualquer, com os braços cruzados e os olhos fixos... em mim. Depois desviou o olhar para a fachada da empresa, com aquele meio sorriso que sempre me pareceu cínico demais pra ser honesto.

Dei um passo automático pro lado, tentando passar direto, mas ele abriu a boca antes que eu conseguisse.

— Veio pedir emprego?

Travei.

Respirei fundo, fingindo que não ouvi. Olhei para Diogo forçando um sorriso.

— Já vou indo, tá? A gente se fala depois.

— Claro — ele respondeu, e me puxou para um abraço breve. No instante em que nos afastamos, ouvimos uma risada baixa vinda de trás.

Eu me virei.

Alessandro ainda estava ali, com aquele olhar debochado e a risada presa na garganta.

— O que foi? — perguntei, seca, encarando-o.

— Nada — ele disse, balançando a cabeça e desviando o olhar, com aquele tom falso de desinteresse.

— Você é bilionário. Paga um táxi ou pede um helicóptero. Sei lá.

Ele deu de ombros.

— Não quero chamar atenção. E você tá indo embora mesmo...

— Ai, meu Deus… — murmurei, já perdendo a paciência. Peguei minha bolsa e abri a porta do motorista, saindo com força.

— Onde você vai? — ele perguntou, abrindo um pouco a porta do passageiro.

— Se você não vai pegar um táxi, eu pego então. Mas eu não vou ficar nem mais um minuto do lado de alguém que eu mal consigo olhar sem sentir raiva.

Estiquei a mão pro primeiro táxi que passou. O motorista parou rápido, e eu entrei, batendo a porta com força. Olhei pelo espelho retrovisor e lá estava ele… vindo atrás.

— Pode ir, por favor! — falei apressada.

O carro arrancou e eu respirei fundo, vendo Alessandro ficando pra trás.

— Algum lugar específico, senhora? — o motorista perguntou.

— Me deixe no próximo quarteirão, por favor.

Ele me olhou meio sem entender, mas assentiu.

Quando o carro parou, desci rápido, olhei pros lados… nada de Alessandro. Graças a Deus.

Caminhei de volta até meu carro, com cautela, como se eu fosse flagrada fazendo alguma travessura. Entrei e fechei a porta, trancando tudo em seguida. Só então deixei a testa encostar no volante por um instante.

O que diabos ele queria agora?

Suspirei, liguei o carro e segui em direção ao hospital para buscar meu pai. Minha cabeça fervia com a audácia do Alessandro, mas eu precisava me concentrar. Ele já tinha me tirado do eixo antes… mas agora não ia mais.

Agora, ele ia bater e voltar. Como todo fantasma que perdeu espaço no presente.

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