— Ele é um amigo incrível — respondi com um sorriso. — E eu fiquei muito animada com a proposta que você mencionou. Design de brinquedos é uma área que eu sempre tive vontade de explorar.
— Perfeito. Vamos começar?
Outros dois profissionais entraram na sala. Uma era a Júlia, diretora de marketing, e o outro, Roberto, chefe do setor de criação. Ambos me cumprimentaram com educação e curiosidade nos olhos. Rodolfo fez as apresentações e então puxou uma cadeira para mim.
— Seguinte — começou ele, abrindo a pasta. — Estamos com um projeto novo, focado em brinquedos educativos para bebês de 6 meses a 3 anos. Queremos peças com texturas diferentes, cores que estimulem a visão e que sejam seguras, claro. Nosso diferencial é trazer o lúdico com propósito. Precisamos de ideias novas. E é aí que você entra.
Meus olhos brilharam. Era exatamente o tipo de desafio que eu gostava.
— Uma coisa que me veio à mente de imediato — comecei, apoiando os cotovelos na mesa com empolgação — são blocos de montar que não só se encaixem, mas tenham sons sutis ao serem unidos. Tipo um “clique” macio, ou um leve chocalho. Isso estimula a coordenação motora e a percepção sensorial ao mesmo tempo.
Júlia anotou algo e sorriu. Rodolfo também assentiu, animado.
— Gosto disso. E as cores?
— Cores pastéis e contrastantes, como azul claro com laranja, ou verde água com roxo. E formatos de bichinhos simples , tipo nuvem, sol, gota de chuva, que estimulem a imaginação desde pequenos.
— Isso é ótimo — disse Roberto. — E quanto à segurança? Já pensou em algum material?
— Sim — respondi. — Borracha atóxica reciclável e partes maiores, claro, sem nenhuma pecinha solta. E a embalagem poderia ter uma proposta sustentável também, como uma caixa que vira um cenário de brincadeira. Tipo um fundo de floresta, um campo… algo que os pais possam usar junto com os filhos.
Rodolfo bateu levemente na mesa, sorrindo de orelha a orelha.
— Você é exatamente o que a gente precisava, Larissa.
Senti o calor subir no rosto, mas mantive o sorriso confiante.
— Eu tenho mais algumas ideias que posso rascunhar. Se quiserem, posso montar uma apresentação com esboços em dois ou três dias.
— Perfeito. Vamos marcar para sexta-feira? — sugeriu Júlia.
— Combinado.
A reunião durou mais uns 40 minutos. Eu falei mais sobre brinquedos interativos que mudavam de cor com a temperatura das mãos, outros que emitiam luz suave conforme o toque, além de kits com peças em formatos de alimentos para introduzir as crianças no conceito de alimentação saudável. Eles pareciam cada vez mais entusiasmados.
No fim, Rodolfo me acompanhou até a recepção.
— Larissa, de verdade, seu talento é nítido. Se essa primeira proposta for boa como eu tô esperando, você vai ter um contrato de longo prazo aqui com a gente.
— Obrigada, Rodolfo. Isso significa muito pra mim.
Eu mal tinha fechado a porta do carro quando o celular vibrou dentro da bolsa. Olhei na tela e sorri ao ver o nome do Diogo. Atendi na hora, ainda com o coração batendo no ritmo acelerado daquela reunião incrível.
— Oi! — falei animada.
— E aí? Como foi com o Rodolfo? — ele perguntou, com aquela voz empolgada que sempre me contagiava.
— Acabei de sair de lá, acredita? Foi maravilhoso, Diogo. Eles foram super receptivos, adorei a equipe, e já marquei uma segunda apresentação pra sexta. Tenho um monte de ideias na cabeça agora.
— Sabia que você ia arrasar — ele disse, com um tom orgulhoso que aqueceu meu peito. — Você merece isso e muito mais, Larissa.
Mordi o lábio, sorrindo de orelha a orelha. Antes que eu pudesse agradecer de novo, ele continuou:
— Escuta… tô aqui na CompanyRocha agora. Tava pensando… você não quer dar um pulo aqui? Te apresento aos outros sócios. Nada formal, só uma conversa leve. Mas acho importante eles te verem, sabe? Sentirem sua presença.
Meu sorriso congelou por um segundo. Aquele frio na barriga veio com tudo. A empresa. A empresa da minha família. A mesma que o Alessandro tinha tomado de mim de forma tão baixa. Agora era diferente… agora eu tinha 40% dela. Era só o começo, mas já era uma parte minha. Meu sangue, minha história. E agora era hora de marcar meu espaço de volta.
— Quero sim — falei, respirando fundo. — Tô a caminho.
— Muito prazer — falei, estendendo a mão com firmeza.
— Prazer — respondeu um dos mais simpáticos, apertando minha mão. — Finalmente a famosa Larissa. Diogo fala muito bem de você.
— Espero que só as partes boas — brinquei, e todos riram — menos o ranzinza.
O tal ranzinza me lançou um olhar mais crítico e disse, seco:
— Eu só fico me perguntando o quanto é prudente colocar alguém com esse sobrenome de volta na gestão da empresa. Com todo respeito, Larissa, mas seu pai quase levou a CompanyRocha ao colapso. Não sei se é inteligente repetir a história.
A sala ficou em silêncio por alguns segundos. Diogo se endireitou na cadeira, visivelmente incomodado, mas eu respirei fundo e ergui o queixo, falando antes que ele dissesse qualquer coisa.
— Com todo respeito, senhor… — virei para o homem e mantive a voz firme, mas sem agressividade —, meu pai cometeu erros, sim. Mas também confiou em pessoas que não mereciam confiança. Coisas que acontecem em qualquer empresa. Inclusive em algumas que já vi aqui mesmo.
Parei um segundo, olhando nos olhos dele.
— Mas eu não estou aqui pra repetir erros. Estou aqui pra recomeçar. Eu estudei, me preparei, construí um nome fora daqui, e agora estou de volta. Não como filha de ninguém. Mas como Larissa Rocha. Uma profissional que tem algo a acrescentar. E, sinceramente, não preciso da sua aprovação. Só vim exercer o que é meu por direito.
O homem franziu os lábios, desconfortável com a resposta, mas não disse nada. Diogo me olhava com um brilho nos olhos, como se eu tivesse acabado de marcar um gol em final de Copa do Mundo.
— É disso que eu tô falando — ele disse, cruzando os braços, satisfeito. — Essa é a Larissa. E se alguém aqui ainda tiver dúvidas, sugiro que comece a acompanhar de perto o trabalho dela. Porque vai ser difícil acompanhar o ritmo.
Outro dos sócios riu, assentindo, e eu me permiti relaxar um pouco.
— Obrigada pelo espaço, senhores. Prometo que não vou decepcionar.
— E se decepcionar, a gente demite você — Diogo brincou, e eu revirei os olhos, rindo.
— Pode tentar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...