Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 63

Chegamos ao local do baile, e a fachada já estava toda iluminada. Câmeras, fotógrafos, flashes. Era um evento de gala mesmo, coisa que eu só tinha visto em revistas.

Assim que descemos do carro, os flashes começaram. Fiquei um pouco tensa, mas Rafael apertou de leve minha mão.

— Só anda do meu lado. O resto a gente ignora.

Fiz exatamente isso. Caminhamos lado a lado pelo tapete vermelho improvisado na entrada. Ouvi alguns comentários, sussurros, alguns “quem é ela?” misturados com "nossa, que vestido!". A sensação era surreal.

Entramos no salão, e ele estava lindamente decorado. Lustres de cristal, música ambiente, garçons passando com bandejas de bebidas... e logo avistei um rosto conhecido.

Diogo.

Ele nos viu, abriu um sorriso e veio em nossa direção. E quando chegou perto, me puxou num abraço apertado.

— Larissa... Meu Deus do céu... olha pra você. Está maravilhosa.

Sorri grande, apertando ele de volta.

— Obrigada, Diogo. Você também tá impecável.

— Mas olha isso! — ele se afastou um pouco, me olhando de cima a baixo. — Devia se benzer hoje. Você vai fazer metade desse salão parar só pra te olhar.

— Para com isso... — ri, meio sem graça. — Mas obrigada, sério. É bom estar aqui com vocês.

Rafael sorriu e soltou meu braço com gentileza.

— Eu vou ali cumprimentar o pessoal do conselho. Já volto, tá?

— Vai lá — respondi, e ele se afastou.

Diogo me olhou com um carinho sincero.

— Como você tá? Sério.

— Nervosa, mas firme. Não é fácil estar aqui. Mas hoje... eu vim mostrar que não me quebrei.

— E não quebrou mesmo. — Ele disse, orgulhoso. — Você virou um mulherão. E ainda por cima com essa força que poucos têm.

— A vida meio que exigiu, né?

Ele assentiu e depois estendeu o braço, sorrindo.

— Me dá a honra de te mostrar os figurões que ainda não te conhecem? Você tem muito mais do que beleza pra mostrar hoje.

— Tô pronta.

E assim fui, de cabeça erguida. De salto alto, vestido impecável.

Diogo me guiava pelo salão, e a cada passo, alguém novo surgia com um sorriso e um elogio. Eu sorria de volta, agradecia, fingia estar completamente à vontade. Mas por dentro, sabia que em algum momento ele apareceria.

E foi exatamente quando Diogo me parou perto do bar que ouvi aquela voz conhecida, baixa, com a mesma entonação que já me acordou tantas vezes em lembranças.

— Boa noite, Diogo.

Meu coração deu um leve solavanco, mas mantive a postura. Virei o rosto e vi Alessandro.

De terno preto impecável, barba feita, cabelos levemente desalinhados de propósito. Os olhos... ah, os olhos continuavam os mesmos. Só que havia algo neles. Frieza. Ou talvez... esforço demais em parecer frio.

Ao lado dele, estava Chiara. Linda, como sempre, com um vestido dourado colado ao corpo e um sorriso meio torto que não enganava ninguém. Ela não parecia feliz em me ver. E estava bem claro o motivo.

— Alessandro. Chiara. — Diogo cumprimentou com um aceno. — Que bom que vieram.

Eu apenas inclinei levemente a cabeça, mantendo a expressão neutra.

— Alessandro — murmurei, com um sorriso contido. — Chiara. Vocês estão bem?

— Muito — respondeu Alessandro, rápido demais. O olhar dele se prendeu em mim por um segundo a mais do que devia. Senti. E Chiara também.

Ela apertou o braço dele discretamente e deu um passo à frente, me encarando de cima a baixo.

— Uau, Larissa. Quanta produção. Quem diria, né? Aquela garota simples virou quase uma princesa de baile.

Ri e firmei a postura.

— A gente se adapta, né? As fases mudam, e a gente muda junto. — Respondi com tranquilidade, mantendo o sorriso leve. — Mas continuo sendo simples. Só aprendi a me valorizar.

Chiara apertou os lábios. Claramente queria provocar mais, mas não esperava que eu estivesse tão... em paz. Ou talvez ela esperasse outra versão de mim. Uma que tremesse, que fugisse. Não essa.

— Tá mesmo se valorizando — ela disse, olhando para o meu vestido. — Só espero que a valorização venha de dentro também. Aparência é fácil, difícil é manter a essência, né?

Antes que eu pudesse responder, Diogo se intrometeu, visivelmente desconfortável.

— Bom, acho que o salão tá cheio de gente que ainda não cumprimentei. Larissa, vem comigo? Preciso te apresentar ao pessoal da organização.

Assenti imediatamente, pegando a deixa como um presente divino.

— Claro.

Antes de virar, olhei para Alessandro uma última vez. Ele ainda me encarava. Mas agora o olhar não era frio. Era... algo entre dor e saudade. Apertei minha bolsa com força, virei o rosto e segui com Diogo.

***

Andamos em silêncio por alguns metros até um canto mais reservado do salão, perto da varanda de vidro. A música estava mais baixa ali.

— Desculpa. — Diogo disse, parando e me olhando com aquele ar preocupado. — Eu sabia que ia rolar um climão, mas não que a Chiara ia ser tão... venenosa.

— Relaxa. Eu já esperava algo assim. — suspirei. — Ela sempre me viu como uma ameaça. Mesmo quando eu nem era.

— E agora... você realmente é. — ele soltou, meio sem pensar. E então arregalou os olhos. — Digo, não que você tenha feito nada. Mas tá linda, forte, segura. E ele... — Diogo balançou a cabeça — Ele não tirou os olhos de você.

— Diogo… desse jeito você e o Rafael vão acabar ficando pra titias.

Ele jogou a cabeça pra trás, rindo alto.

— Se for pra ficar do lado de gente doida, eu fico solteiro pra sempre. Melhor viver com um gato e um pé de manjericão.

Ri junto e, enfim, aceitei sua mão.

— Tá bom, vamos dançar. Mas só porque a música tá linda.

Ele me conduziu até o centro da pista, e assim que nossas mãos se tocaram de verdade, senti aquele conforto bom que só amizades sólidas trazem. Nada de borboletas no estômago, nada de tensão. Era só leveza.

Ele me guiava com graça — quem diria que Diogo sabia dançar tão bem uma valsa? — e eu fui entrando no ritmo, deixando os passos me levarem.

Alguns olhares se voltaram pra gente, claro. Mas logo outros casais se animaram e a pista se preencheu com pares girando lentamente, vestidos rodando, sorrisos discretos. O salão todo parecia ter sido transportado pra outro tempo.

— Você dança muito bem — ele disse, se inclinando um pouco.

— Você também. Escondeu bem esse talento todo, hein?

— Eu só danço com quem vale a pena.

Sorri, balançando a cabeça.

— Galanteador barato.

— Sempre fui.

Quando a música foi diminuindo, ele me soltou com um leve giro, e encerramos com uma pequena reverência brincalhona. Os convidados aplaudiram alguns segundos, mais por educação do que por espetáculo, mas confesso que foi um momento bonito.

— Preciso ir ali cumprimentar um parceiro de negócios. — ele disse, se inclinando na minha direção. — Volto já, me espera?

— Pode ir. Aproveita a fama de bom dançarino enquanto dura.

Ele riu e se afastou. Eu ia atrás de Rafael, mas parei quando o vi. Estava do outro lado do salão, dançando com uma mulher morena de vestido vermelho. Riam, e ela segurava no ombro dele com uma intimidade e eles dançavam bem sincronizados. Suspirei, essa poderia ser uma boa noite para ele.

Respirei fundo.

— Ah, quer saber… — murmurei pra mim mesma.

Eu já estava a poucos passos do bar, decidida a me esconder atrás de um copo gelado e longe de qualquer confusão, quando senti uma mão segurar meu braço.

Meu corpo enrijeceu na hora.

Virei o rosto devagar, e o ar pareceu sumir dos meus pulmões quando vi quem era.

— Alessandro…

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