Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 60

— Tá me deixando preocupado desse jeito... — ele brincou, arqueando a sobrancelha.

Eu ri, nervosa.

— É coisa boa, juro. — Então, de uma vez, comecei a explicar. — Hoje o Diogo me chamou na empresa dele... Ele me contou que há um ano comprou mais de oitenta por cento das ações da CompanyRocha.

Vi Rafael arregalar os olhos.

— E ele passou quarenta por cento para o meu nome — completei.

O silêncio caiu por alguns segundos.

Rafael só me encarava, como se tentasse processar tudo aquilo.

— Quer dizer que... — ele começou, confuso. — Você vai ficar no Brasil?

Assenti, sorrindo.

— Vou. Eu decidi. É a nossa família, Rafael. A empresa do meu bisavô, que meu pai tanto lutou pra manter... Eu não podia virar as costas pra isso. Agora, eu tenho a chance de fazer algo, de recuperar o que é nosso.

Ele suspirou pesado, olhando para o chão por um instante antes de voltar a me encarar.

— Então você vai me abandonar? — perguntou, meio brincando, meio de verdade.

Senti o coração apertar.

Peguei na mão livre dele.

— Claro que não, Rafa. Você é parte da nossa vida. Você, meu pai e o Gabriel são tudo pra mim. Mas agora... eu também preciso lutar pelo meu pai, por tudo que a nossa família perdeu.

Ele apertou minha mão de volta, mas a expressão ainda era triste.

— Eu entendo, Lari... É só que... — ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo bem as palavras. — Eu me acostumei com vocês. Vocês são a minha família agora. O que eu vou fazer sem vocês?

Meu peito se apertou ainda mais.

— Não tem como você abrir a sua empresa aqui na cidade? — perguntei, esperançosa. — Eu posso conversar com o Diogo, pedir apoio. A sua área é muito procurada aqui, Rafael, eu tenho certeza.

Ele balançou a cabeça, passando a mão pelos cabelos.

— Não é tão simples, Lari... — disse, suspirando. — Lá eu tenho funcionários que dependem da empresa, que contam com aquela renda pra sustentar suas famílias. Eu não posso simplesmente fechar tudo e vir embora.

Mordi o lábio, assentindo. Claro que eu entendia. Ele tinha um coração gigante e não abandonaria ninguém.

Meu pai, que até então só ouvia quieto da poltrona, se aproximou.

— Sempre tem um jeito, Rafael — disse ele, com a voz firme. — A gente só precisa pensar com calma. Nada de decisões precipitadas.

Rafael olhou pra ele e depois pra mim.

— Eu posso conversar com meu sócio... — ele disse, pensativo. — Ver se ele consegue segurar as pontas lá enquanto eu fico um tempo aqui. Pelo menos até a gente resolver tudo.

Não me contive. Pulei no pescoço dele num abraço apertado, quase esmagando o Gabriel no meio, que soltou uma risadinha.

— Cuidado, mamãe! — Gabriel cochichou no ouvido do Rafael, todo compenetrado.

Rafael riu, afastando um pouco o abraço e beijando o topo da cabeça do menino.

— Tá certo, campeão — disse, se levantando com Gabriel no colo. — Vamos dormir, né? O papai vai dormir com você hoje.

Gabriel deu um gritinho animado e os dois desapareceram no corredor, em direção ao quarto.

Fiquei na sala com meu pai, e logo começamos a conversar sobre as possibilidades. Tínhamos que pensar bem.

Rafael tinha um sócio, metade da empresa era dele... Talvez, só talvez, desse para abrir uma filial aqui na cidade. Se tudo desse certo, Rafael poderia ficar. Poderíamos ser uma família completa, de verdade.

Meu pai me lembrou que precisávamos agir com estratégia.

Rafael e eu nos sentamos em uma mesinha próxima, na praça de alimentação. Ele deixou as sacolas encostadas de lado e se esticou na cadeira.

— Quer que eu vá pegar alguma coisa pra gente comer? — perguntou.

— Quero, sim. — Sorri. — Um suco e... pode ser uma batata frita também. E pega alguma coisinha pro Gabriel, se ele quiser.

Rafael levantou, ajeitando a camiseta, e me deu um beijo rápido na testa.

— Já volto, princesa.

Fiquei ali, observando Gabriel brincar. Ele escalava as redes, descia os escorregadores, ria alto, e meu coração se enchia de gratidão. Ver meu filho assim, tão feliz, tão leve... Era a certeza de que eu estava tomando a decisão certa ficando aqui.

Minutos depois, Rafael voltou equilibrando uma bandeja com nossos lanches. Ele colocou os sucos na nossa mesa, o pacotinho de batata, e ainda comprou um mini-hambúrguer pra Gabriel.

— Ele vai fazer uma festa quando ver isso — comentei, rindo.

— Deixa ele curtir. — Rafael deu de ombros, sorrindo. — A gente também tá em clima de comemoração, né?

Assenti, olhando pra ele, sentindo uma felicidade tranquila invadir meu peito.

— E você, como está com a Lucy?

Rafael olhou para o suco e suspirou, ele então me encarou e só pelo olhar dele eu já sabia.

— Realmente não tem volta. Me encontrei com ela antes de vir para cá, conversamos e ela decidiu ficar com o pai do filho dela. Acho que meu destino é ficar solteiro mesmo, curtindo algumas mulheres e cuidar de vocês.

Revirei os olhos, tomando do meu suco.

— Não faz isso. Sei como você nos ama, mas precisa cuidar de ti também… Sabe disso, né?

Ele apenas assentiu… Mas eu sabia que ele queria alguém para formar uma família, se não quisesse, ele não perderia o tempo dele se envolvendo sério com algumas mulheres.

Espero, do fundo do meu coração, que ele encontre alguém que o ame e o valorize. Rafael é um homem incrível, sei que ele fará bem a qualquer mulher que estiver ao seu lado. Uma pena que para nós dois, as coisas não dariam certo. Não consigo vê-lo dessa forma.

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