Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 59

Eu estava me ajeitando na cadeira, organizando as ideias para o projeto dos chocolates, quando percebi que Diogo mudou a expressão. Ele me olhava com um pouco de receio e isso me deixou um pouco desconfiada.

Franzi a testa, preocupada.

— O que foi? — perguntei, apoiando os cotovelos na mesa, me inclinando um pouco. — Parece que está escondendo algo.

Ele soltou o ar devagar, passou a mão pelos cabelos, digitou uma senha na gaveta e de lá, tirou outra pasta, essa bem mais grossa, a colocando na minha frente.

— Eu tenho uma coisa pra te mostrar — disse, a voz baixa.

Meu estômago embrulhou sem eu entender por quê. Hesitante, olhei para a pasta e depois para ele.

— O que é isso? — perguntei.

— Abre e lê. — foi só o que ele disse, cruzando os braços como se estivesse se preparando para uma explosão.

Respirei fundo e abri. Conforme meus olhos começaram a correr pelas primeiras páginas, senti o coração acelerar descompassado.

As palavras estavam ali, gritando na minha frente. Compra de ações. CompanyRocha. Transferência de titularidade. Meu nome.

Li cada linha como se estivesse presa no tempo, como se o ar tivesse sumido da sala.

Levantei o olhar, ainda sem acreditar no que estava vendo.

— Diogo... isso é... é o que eu tô pensando?

Ele assentiu com a cabeça, com um meio sorriso.

— Há um ano, eu comprei mais de 80% das ações da CompanyRocha. — falou com calma. — E passei 40% pro seu nome.

Eu me levantei tão rápido que a cadeira arrastou no chão, chamando a atenção do Gabriel que, ainda colado no vidro, virou pra me olhar. Mas eu não consegui me preocupar com isso. Eu só conseguia olhar para Diogo.

— Por quê? — minha voz saiu embargada. — Diogo, por que você fez isso? O que significa?

Ele deu de ombros como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— Significa que agora você tem parte da empresa que sempre foi da sua família.

Balancei a cabeça, negando, recuando um passo.

— Não... não, Diogo. Você não podia fazer isso. Eu nunca... nunca vou poder te pagar o valor que isso representa!

Ele sorriu de lado, tranquilo, como se já estivesse preparado para a minha reação. Se levantou, caminhou até mim, e entregou o documento de novo, apontando para uma cláusula específica.

— Você vai pagar, sim. Com o seu trabalho. — disse, os olhos firmes nos meus. — Cada projeto, cada serviço que você prestar pra gente, vai abater. Sem pressão, no seu tempo.

Eu li a cláusula e quase não acreditei no que via. Lá estava escrito, preto no branco. Meu serviço seria o pagamento. Não há dinheiro. Não tem juros. Só o meu trabalho.

Os olhos se encheram de lágrimas sem que eu pudesse evitar. Era muita coisa. Era tudo que eu jamais imaginei que teria de volta.

Diogo abriu os braços e eu não resisti: me joguei neles, chorando baixinho contra o peito dele.

— A empresa sempre foi da família Rocha. — ele murmurou no meu ouvido. — E um dia, ela precisava voltar pra onde sempre pertenceu.

Senti os passos apressados de Gabriel se aproximando.

— Mamãe? Por que você tá chorando? — ele perguntou, encostando a mãozinha no meu joelho.

Me abaixei na mesma hora, puxando ele pro colo, beijando o topo da cabeça dele, sentindo meu coração se aquecer.

— A mamãe tá feliz, meu amor. — falei, enxugando o rosto com a mão livre. — O tio Diogo deu um presente muito, muito especial pra mamãe.

Gabriel sorriu, me abraçando do jeitinho apertado dele.

Diogo se agachou também, bagunçando os cabelos de Gabriel com carinho.

— Agora — disse ele, olhando pra mim —, você precisa decidir se quer ficar no Brasil.

Pisquei, ainda atordoada.

— Ficar...? — repeti.

— Sim. — ele assentiu. — Eu tenho uma pessoa de confiança administrando a empresa pra mim. Mas se você quiser... pode assumir.

Arregalei os olhos, o peso das palavras dele caindo sobre mim.

— Diogo... — engoli em seco — eu... eu não sei administrar uma empresa. Eu nunca nem pensei nisso.

Ele sorriu daquele jeito paciente que sempre teve comigo.

— Eu te ajudo, Larissa. — disse com convicção. — Ou, se preferir, pode ficar responsável só pelo marketing. Trabalhar na sua área. Você escolhe. Só não deixa essa oportunidade passar.

Fiquei ali, abraçando Gabriel com força, tentando processar tudo. A vida tinha dado uma volta tão grande... Eu, que passei anos fugindo, agora tinha a chance de reconstruir tudo, de dar ao meu filho uma vida sem medo, sem correr.

Ainda me sentia em choque. Mas uma coisa era certa: eu não estava mais sozinha.

Abracei Diogo de novo, apertado, com todo o agradecimento que não conseguia colocar em palavras.

E ali, naquela sala cheia de papéis, de projetos e de promessas, eu soube que minha vida estava prestes a mudar para sempre.

Respirei fundo, tentando organizar a avalanche de sentimentos dentro de mim.

— Eu... eu preciso falar com o Rafael primeiro — disse, ainda meio tonta.

— Não é nada ruim. — Peguei a cópia do documento que Diogo tinha me dado mais cedo e entreguei a ele. — Leia.

Ele ajeitou os óculos no rosto e começou a ler. O silêncio foi ficando denso, até que vi os olhos dele brilharem com lágrimas contidas.

Ele terminou a leitura, olhando pra mim com uma mistura de incredulidade e alegria.

— Esse Diogo... esse menino é de ouro... — ele disse, a voz embargada. — Eu achei que tinha falhado, Larissa. Achei que tínhamos perdido a empresa para sempre...

Me aproximei, abraçando-o forte.

— Não, pai. — falei, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto também. — Agora a gente tem uma parte dela de novo. E eu vou fazer de tudo, tudo que estiver ao meu alcance, para recuperar o que é nosso.

Ele me apertou nos braços, como se não quisesse me soltar.

Eu não tinha mais dúvidas: era no Brasil que eu precisava estar. Era aqui que nossa história recomeçaria.

A noite caiu devagar, tingindo o céu de laranja e depois de azul-escuro, enquanto eu ajeitava as últimas coisas pela casa, ainda meio elétrica com tudo que tinha acontecido. Gabriel estava na sala, deitado de barriga no tapete, pintando seu livrinho com toda a concentração do mundo.

Quando ouvi a campainha tocar, meu coração deu um pulo.

Corri para a porta, sorrindo antes mesmo de abrir. E lá estava ele.

— Rafael! — falei, puxando-o para um abraço apertado.

Ele mal teve tempo de reagir antes que Gabriel, feito um foguete, largasse os lápis e viesse correndo até nós.

— Papai! — ele gritou, os bracinhos levantados.

Rafael se abaixou no mesmo instante, pegando Gabriel no colo e girando ele no ar, fazendo o pequeno gargalhar alto.

— E aí, campeão! — disse, beijando a bochecha dele. — Que saudade, hein?

Fiquei olhando a cena com o peito derretendo de tanto amor.

Rafael ergueu os olhos pra mim, notando meu sorriso meio bobo.

— O que aconteceu? — perguntou, curioso.

— Vem, senta aqui — chamei, puxando-o pelo braço até o sofá.

Ele se sentou com Gabriel ainda no colo, o menininho encostando a cabeça no ombro dele, satisfeito da vida.

Eu respirei fundo, sentindo o momento ser tão importante.

— Eu tenho uma coisa pra contar — falei, sentando do lado dele.

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