(Larissa)
Acordei, sentindo um pouco o cansaço. Olhei ao redor, me lembrando que já estava no Brasil há uma semana… O apartamento era simples, mas confortável o suficiente para o que eu precisava.
O bairro era próximo do hospital onde meu pai estava fazendo o acompanhamento. Me levantei devagar, tentando não acordar Gabriel, e fui até a cozinha preparar o café da manhã. O cheiro do café fresquinho logo invadiu o ambiente.
Quando voltei para o quarto, vi Gabriel enrolado nos lençóis, completamente alheio ao mundo, com aquela carinha de preguiça que me fazia sorrir. Me aproximei dele, dei uma leve puxada nos cobertores e o abracei forte, sentindo o calor do corpo dele.
Ele resmungou um pouco, mas logo se acomodou nos meus braços, se aninhando como se quisesse voltar a dormir para sempre.
Eu olhei para ele, meus dedos passando suavemente pelos seus cabelos, e a visão dele me fez pensar em Alessandro. Gabriel... meu filho... ele era a cópia exata dele. Aquele rosto, os olhos, os traços. E não só fisicamente.
Ele também tinha algo que eu sempre tentei ignorar: a mancha na palma do pé. A mesma mancha que Alessandro tinha, a mesma que o pai dele tinha, uma marca que passava de geração em geração.
Um simples detalhe, mas que fazia meu coração apertar de uma maneira que eu não sabia lidar.
Suspirei, dando um beijo suave na testa do meu filho, que agora estava mais acordado, começando a se esticar na cama.
— Já acordou, meu amor? — perguntei, rindo baixinho, enquanto ele fazia cara de quem não queria nem sair da cama.
— Tô com fome, mamãe — ele murmurou, ainda de olhos meio fechados.
Sorri e o puxei para um abraço apertado, sentindo o calorzinho dele. Então, o sentei no meu colo e comecei a levá-lo para o banheiro para um banho. Não havia nada mais simples, mas tão reconfortante quanto os momentos com ele. Eu tinha tudo o que precisava ao meu redor. Pelo menos, era isso que eu queria acreditar.
Quando saímos do banheiro, Gabriel estava todo arrumado e pronto para o dia. Segui para a sala, e lá estava meu pai, sentado à mesa tomando seu café da manhã.
Ele parecia um pouco mais magro, mas era de se esperar. Depois da separação, ele não tinha se recuperado como todos esperavam. Aquela mulher nunca foi fácil com ele, sempre o tratando como uma fonte de dinheiro.
E, agora, eu estava ali, tentando dar o suporte que ele sempre mereceu. No fundo, sabia que ele também sentia um alívio, apesar de toda a dor que a separação trouxe.
— Bom dia, pai. — disse enquanto me sentava à mesa com eles.
— Bom dia, filha.
— Vou deixá-lo no hospital e nem adianta, não vou deixar você ir sozinho. Quando terminar, pode ligar e eu venho te buscar, ok? — disse com um tom firme, sem abrir mão disso.
Ele balançou a cabeça com um sorriso de gratidão.
— Está bem. Vou ficar bem, não se preocupe tanto. — ele falou, tentando me acalmar, mas eu sabia que ele estava com medo.
Eu olhei para Gabriel, que já estava sentado com seu café na mesa, e então para o relógio. Eu ainda tinha que passar na empresa de Diogo. Ele tinha me chamado para uma reunião, algo sobre um serviço que ele queria que eu prestasse para ele.
Estava começando a me envolver mais com o trabalho, e as coisas começaram a melhorar.
— Gabriel e eu vamos à empresa do Diogo depois, ele quer conversar comigo. Mas já está tudo certo. — expliquei para meu pai, observando-o com atenção.
— Tudo bem.
Ele sorriu novamente, mais calmo. Eu sabia que ele estava tentando manter a confiança, e isso me dava forças para seguir em frente. Quando terminássemos, tudo o que eu tinha a fazer era dar o melhor para ele e para Gabriel. Mesmo com tudo que aconteceu no passado, eu tinha esperança de que tudo poderia ser diferente. Eu só precisava acreditar nisso.
***
Deixei meu pai com um dos enfermeiros do hospital, garantindo que ele estivesse confortável antes de sair. Prometi que voltaria assim que ele terminasse os exames, e ele, mesmo relutante, apenas sorriu e disse para eu cuidar da minha vida também.
Suspirei, ajeitando a bolsa no ombro, e segurei a mão de Gabriel, que pulava animado ao meu lado.
Seguimos para a empresa de Diogo. O prédio era imponente, moderno, e Gabriel olhava tudo com os olhinhos curiosos, absorvendo cada detalhe como se estivesse entrando em um castelo.
Apresentei-me na recepção e a moça, muito simpática, nos indicou o elevador. Entrei com Gabriel, segurando firme a mãozinha dele. As portas se fecharam com um leve clique, e Gabriel ficou maravilhado vendo as luzes mudarem conforme subíamos.
— Mamãe, tá subindo muito! — ele exclamou, rindo.
— Tá sim, meu amor — sorri, acariciando seus cabelos.
Abri a pasta com cuidado, vendo alguns rascunhos e ideias de conceitos preliminares. Diogo apontou para algumas imagens.
— A ideia é que a embalagem passe essa sensação de exclusividade, mas sem ser algo inacessível. Queremos que qualquer pessoa olhe e pense: eu preciso disso. Sabe?
Assenti, folheando com atenção.
— Você quer algo mais moderno ou algo que remeta ao artesanal? — perguntei, observando alguns detalhes de textura desenhados em uma das páginas.
— Boa pergunta. — Diogo sorriu, cruzando os braços. — Acho que queremos os dois, de certa forma. Uma linha que pareça artesanal, mas com um toque de sofisticação. Nada muito "familiar", sabe? Tem que parecer especial.
— Hum... — refleti em voz alta. — Talvez trabalhar com texturas no papel, usar tons sóbrios, toques de dourado, mas mantendo elementos naturais no design...
Ele bateu com o dedo na mesa, satisfeito.
— Isso! Era isso que eu não sabia como explicar. — Diogo riu. — Eu sabia que você ia entender.
Continuei folheando enquanto olhava de canto de olho para Gabriel, que agora estava encostado no vidro, apontando para os carros lá embaixo e murmurando coisas que só ele entendia. A luz do sol batia nos cabelos dele, deixando-os ainda mais dourados. Meu coração apertou com ternura.
— Eu consigo fazer isso — garanti, voltando minha atenção para Diogo com um sorriso confiante. — Vai ficar do jeito que você quer.
— Eu nunca duvidei, Larissa — Diogo disse, com um sorriso tranquilo. — E, é claro, se precisar de qualquer recurso ou apoio, é só me falar.
Ajeitei a pasta em cima da mesa, já com mil ideias borbulhando na cabeça. Trabalhar nesse projeto seria uma oportunidade enorme. E, pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia animada... como se realmente estivesse construindo algo novo, algo meu.
Diogo se inclinou para frente, olhando de relance para Gabriel.
— Parece que você tem seu próprio departamento de pesquisa e desenvolvimento ali. — brincou.
— Ele é meu pequeno sócio — respondi, rindo. — Só ainda não aprendeu a desenhar direito.
— É questão de tempo. — Diogo piscou, e eu me permiti relaxar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...