Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 154

(Alessandro)

Senti algo me acertar no rosto. Não foi forte, mas o bastante pra me tirar do sono. Abri os olhos devagar e dei de cara com um pézinho miúdo no meio da minha cara.

Gabriel.

Sorri. Aquele moleque tinha um talento nato pra dormir de qualquer jeito, em qualquer posição. A cabeça dele já estava virada pro lado oposto da cama, como se tivesse dado um giro completo durante a madrugada. Era inacreditável.

Me virei um pouco, e então vi Larissa tirando o pé dele com todo cuidado, como se ele fosse feito de porcelana. E mesmo ali, com o cabelo bagunçado, o rosto ainda meio inchado de sono… ela tava linda. De um jeito que me deu vontade de congelar o tempo só pra ficar mais ali.

Fiquei observando os dois por um momento. Era surreal. O meu filho ali, deitado entre a gente. E ela, a mulher que eu destruí, e que agora, por algum milagre, estava me deixando reconstruir tudo.

Suspirei, sentindo um aperto bom no peito. Não era só sobre o sexo que sim, foi como imaginei, incrível e diferente de tudo que já vivi. Era o que veio depois, a paz, o carinho, o sentimento de estar no lugar certo. Pela primeira vez na vida, eu me senti inteiro.

Ela me olhou com um sorriso leve.

— Bom dia — disse com a voz rouquinha de sono.

— Bom dia. Dormiu bem?

— Melhor do que há muito tempo.

Me apoiei no cotovelo, encarando ela mais um pouco.

— Essa noite também foi a melhor pra mim… desde que você foi embora.

Ela desviou o olhar por um segundo e depois assentiu. Se sentou devagar, puxando a coberta pra cobrir o ombro e suspirou.

— É melhor você ir, né? Antes que apareça alguém. Eu não quero ter que ficar dando explicação.

Assenti, entendendo. Me levantei devagar e fui até o banheiro, me trocando rápido. Quando voltei pro quarto, ela já tava vestida, com o cabelo preso num coque bagunçado, indo escovar os dentes. Me sentei na beira da cama e olhei pra Gabriel.

Ele ainda dormia, a boca entreaberta, os cílios longos. Passei a mão devagar no cabelo dele, com cuidado, como se aquele toque pudesse me fazer acreditar que tudo aquilo era real.

Larissa voltou do banheiro e me olhou com aquele sorrisinho pequeno nos lábios.

— Vocês dois se parecem tanto — comentou.

Assenti, sem desviar os olhos do nosso filho.

— Eu sei… é até engraçado. Eu sempre tive medo de não me reconhecer nele, mas agora… eu vejo tudo. — Me levantei e fui até ela, a segurando pela cintura. — Obrigado… por me deixar viver isso.

Ela me puxou pra um beijo calmo, gostoso e então saímos do quarto, bem devagar.

Só que mal abrimos a porta e demos de cara com Rafael, parado no corredor com uma mala na mão, olhando a gente como se tivesse visto um fantasma.

— Bom dia — eu disse, tentando soar natural.

Ele nos encarou por uns dois segundos… e então gargalhou alto.

— Cara… eu não acredito no que eu tô vendo. Vocês dois?! É sério isso?

Larissa bufou ao meu lado e passou a mão no rosto, rindo meio envergonhada.

— Rafael…

— Eu saio pra uma viagem e quando volto tá todo mundo de lua de mel — ele brincou, ainda rindo.

Rafael piscou pra mim, ainda rindo, e passou com a mala.

— Boa sorte, meu chapa. Porque se você ferrar com ela de novo… dessa vez nem Gabriel te salva.

Assenti com a cabeça, mais sério agora.

— Eu sei. Mas não vou errar outra vez.

E por mais que ele tivesse falado em tom de piada, aquela promessa não era. Eu ia fazer valer a pena. Cada segundo.

Depois de deixar Larissa com um beijo demorado e mais um olhar que me fazia querer ficar, segui de volta pra mansão. O sol já estava alto e eu só queria tomar um banho rápido e colocar a cabeça no lugar. Assim que entrei, encontrei Margarida recolhendo algumas coisas na sala.

— Margarida — chamei, me aproximando.

Ela se virou com aquele sorriso sempre educado.

— Senhor?

— Pode tirar o dia de folga, tá bom? Não vou voltar pro almoço. — Pausei, pensando. — E aproveita e descansa mesmo, de verdade.

Ela pareceu surpresa por um segundo, mas logo assentiu.

— Claro. Obrigada, senhor Alessandro.

Subi as escadas, cada degrau ecoando uma sensação estranha. Aquela mansão já não parecia minha há muito tempo. Talvez nunca tivesse sido depois que Larissa foi embora. Entrei no quarto, tirei a roupa e entrei direto no chuveiro. A água quente batendo nas costas me ajudou a pensar.

Saí, me enxuguei rápido e vesti uma roupa confortável. Me sentei em frente ao notebook e comecei a procurar casas. Queria algo bom, seguro, de preferência no mesmo condomínio ou num próximo. Algo que fosse nosso, meu, da Larissa e do Gabriel.

Depois de listar algumas opções, liguei pro meu assistente e pedi pra ele agendar visitas durante a semana.

Desliguei, respirei fundo e então, finalmente, tomei coragem.

Peguei a chave do carro e dirigi até a casa da minha mãe.

O coração batia mais forte quando estacionei na garagem. Não sabia bem o que esperar. Da última vez, só deixei minha tia na porta e fui embora. Mas agora… eu precisava falar com ela.

Entrei e a casa estava em silêncio. A sala vazia, nem parecia que alguém morava ali. Um barulho vindo da cozinha me chamou atenção e segui até lá.

— Tia — chamei, assim que a vi de costas no fogão.

Ela se virou e abriu um sorriso emocionado e me abraçou forte.

— Meu menino…

— Como ela tá? — perguntei, preocupado.

— Na mesma. Não sai do quarto, quase não come… fica ali, deitada, olhando pro nada.

— Obrigado por estar aqui. De verdade. — Acariciei o braço dela. — Eu… eu vou falar com ela.

Ela assentiu com um olhar meio tenso.

— Ela está no quarto. Mas se prepare, viu? Ela tá amarga, Alessandro. Mais do que o normal.

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