Depois, já com os corpos relaxados e as roupas de volta no lugar, estávamos terminando de nos vestir quando o celular da Larissa começou a vibrar.
— É o Gabriel — ela disse, animada, mostrando a tela com a chamada de vídeo.
— Vamos atender — falei, já indo me sentar com ela na beira da cama.
Ela atendeu, e a imagem tremeu um pouco, provavelmente estava segurando o celular todo torto, como sempre fazia.
— Mãe! Tio Alessandro! — a voz dele ecoou animada.
— E aí, campeão! — sorri, me aproximando da câmera. — Tá tudo bem por aí?
— Tá sim! Como foi o avião? Já chegaram? O hotel é bonito? Tem piscina? Tem comida boa?
— Calma, Gabi! — Larissa riu. — Um de cada vez!
— O avião foi tranquilo — falei. — A sua mãe quase dormiu no meu ombro.
— Mentira! — ela riu, me empurrando de leve com o ombro. — Ele que dormiu primeiro.
Gabriel gargalhou.
— Queria estar aí também… mas o vô disse que a gente vai fazer um bolo de chocolate hoje.
— Aproveita, hein — falei. — Depois quero foto, viu?
Ele assentiu com tanta força que quase derrubou o celular.
— Aaaah! Caiu! — ouvimos ele reclamar enquanto ajeitava de novo. — Voltei!
— A gente te ama, filho — Larissa disse, com os olhos doces.
— Também amo vocês. Tio Alessandro… você vai me ensinar a nadar mesmo?
Meu peito apertou de um jeito bom.
— Claro que vou. A gente já marca isso quando voltar, fechado?
— Fechado!
Larissa me olhou com um sorriso cheio de carinho. Era assim que eu queria a vida daqui pra frente. Ela. Gabriel. Essa conexão que crescia a cada dia.
Ficamos mais alguns minutos ouvindo as histórias do dia dele, até que a ligação caiu porque ele apertou algum botão sem querer. Nós dois rimos.
— Esse menino... — Larissa balançou a cabeça, encantada.
Eu encostei minha testa na dela e sussurrei:
— A gente já é uma família, né?
Ela apenas assentiu, com aquele sorriso bobo que eu já sabia que era pra mim.
Na manhã seguinte, o auditório já estava movimentado. Stands montados, painéis digitais prontos, café sendo servido. Era uma correria, mas tudo estava sob controle.
— Nervosa? — perguntei, me aproximando de Larissa.
Ela ajeitou o crachá com o nome dela e soltou um suspiro.
— Um pouco. Mas é aquele nervosismo bom. De querer dar tudo certo.
— Vai dar. A gente se preparou e você está incrível.
Ela sorriu, e eu quis beijar ela ali mesmo, mas segurei. Trabalho era trabalho. Quase sempre.
No palco, durante a apresentação, ela começou a falar sobre a fusão de ideias e objetivos entre as empresas. A clareza dela impressionava. Cada palavra, cada dado, cada gráfico… tudo no tempo certo.
Quando chegou minha vez, peguei o microfone, respirei fundo e olhei pro público.
— A verdade é que a ideia de parceria veio da pessoa mais inteligente dessa sala — falei, olhando pra Larissa. — E eu só tive a sorte de aceitar.
A plateia riu leve, e dali em diante, tudo fluiu. Falamos sobre expansão, impacto, metas ousadas, e sobre como estávamos prontos pra um novo ciclo. Ao final, aplausos. Muitos.
— Foi perfeito — ela sussurrou, do meu lado, assim que saímos do palco.
— Você foi perfeita — corrigi, e ela abaixou o rosto, corada.
E então começaram a vir os investidores.
— Alessandro Moratti! — um deles, um sujeito alto de cabelo grisalho, apertou minha mão. — Impressionante. Aquela parte da integração entre os setores foi genial.
— Mérito da nossa equipe. E, claro, da Larissa — indiquei.
— O trabalho de vocês está impecável. Quero conversar com mais calma. Estamos abrindo nova rodada de investimentos e tenho certeza de que há sinergia entre nossas empresas — ele disse, entregando o cartão.
Outros vieram também. Uma mulher da área de inovação do Sul, um grupo europeu com sede no Brasil… todos interessados.
Larissa sorria, orgulhosa. Eu sabia o quanto aquele momento era importante pra ela e pra mim também.
Quando a maioria já tinha se dispersado, ela se aproximou devagar, ainda com um brilho no olhar.
— Você tá bombando, hein?
— A gente tá. Isso aqui só é o que é por sua causa também.
— Foi só trabalho em equipe.
— E a equipe aqui — falei, puxando ela de leve pelo braço — é uma das coisas que eu mais amo na minha vida agora.
Ela me olhou com aquele jeito dela, meio desconfiado, meio risonho.
— Cuidado, a gente ainda tá em evento. Vai que alguém escuta?
— Tomara que escute. — Sorri. — Quero deixar bem claro que é com você que eu tô. E que quero construir tudo isso. Com você e com o Gabriel.
Ela segurou minha mão, apertando de leve.
— Eu também quero isso.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, só trocando aquele olhar que diz tudo.
***
A casa estava uma correria gostosa. Gente subindo, descendo, montando decoração, som de risadas ecoando. Mas o que mais me fazia sorrir era a cena ali na minha frente: Gabriel correndo pelo corredor, só de cuequinha, enquanto Larissa tentava, sem sucesso, colocar nele a roupa da fantasia.
— Gabriel! Volta aqui agora! — ela chamou, entre risos e exaustão, com aquele tom que só mãe sabe usar.
O pequeno gargalhava alto, desviando de almofadas pelo chão como se fosse um super-herói em fuga.
— Deixa comigo! — anunciei, surgindo atrás dele e pegando ele no colo de surpresa.
— Aaaaah! — ele gritou, rindo, jogando a cabeça pra trás. — Isso é traição!
— Isso é missão de emergência. Sua mãe já tá quase arrancando os cabelos. — Brinquei, jogando ele por cima do ombro como um saco de batatas.
— Me solta, grandão! — ele esperneava entre gargalhadas.
— Agora é comigo, monstrinho. Vou te deixar tão bonito que até a Alegria vai pedir uma selfie com você.
Larissa apareceu na porta com a fantasia nas mãos, sorrindo.
— Tem certeza que dá conta?
— Pode ir tranquila. Vou deixar esse furacão prontinho.
Ela arqueou a sobrancelha, duvidando um pouco, mas sorriu.
— Boa sorte então.
Entrei com Gabriel no quarto e o sentei na cama. Ele olhou pra fantasia do Raivoso com um brilho nos olhos.
— É a melhor de todas! Eu vou gritar bem alto igual ele!
— Vamos tentar deixar esse grito pro palco, combinado? — ri, pegando o creme e começando a passar nas perninhas dele. — Mas o Raivoso também tem que estar cheiroso.
— Ah não, cheiroso não! — ele reclamou, rindo.
— Cheiroso sim! Tem convidados importantes hoje, sabia? Vai que vem a Tristeza ou a Nojinho…
— Se a Nojinho chegar, eu mostro minha careta de bravo!
— Eu duvido. Vai treinar pra mim?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...