Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 145

O celular vibrou em cima da minha mesa e, ao ver o nome do Diogo na tela, já imaginei o motivo da ligação. Atendi, ajeitando o fone no ouvido enquanto assinava digitalmente um documento no tablet.

— Fala, Diogo. Me diz que você não esqueceu de marcar aquela reunião...

— Longe disso. — ele respondeu do outro lado, a voz calma, mas com um leve tom de hesitação. — Consegui agendar com o Alessandro pra hoje à tarde.

— Hm... e ele sabe do que se trata?

Silêncio.

— Diogo? — arqueei a sobrancelha, mesmo que ele não pudesse ver.

— Então... sabe como é. Achei melhor não falar exatamente tudo. Só disse que era importante.

— Você ficou com medo de falar com o Alessandro? — soltei uma risada, recostando na cadeira.

— Medo? — ele riu também. — Não exagera. Só achei que ele vai se comportar melhor se você estiver presente. Vai que ele resolve virar cavalo?

— Ai, Diogo... — suspirei, ainda rindo. — Tá bom, vai. Eu vou, mas só porque sei que você não ia conseguir lidar com o ego dele sozinho.

— Exatamente por isso que você é minha sócia preferida. — ele brincou. — Duas da tarde, na sala de reuniões.

— Estarei lá. — finalizei, desligando a ligação.

Guardei o celular e me virei de volta pro notebook. A tela ainda mostrava a apresentação do projeto do novo equipamento de irrigação. Eu estava tão imersa no desafio que a notícia da reunião com Alessandro parecia distante por um momento. Mas bastava parar de digitar por dois segundos que ele voltava à minha cabeça como um furacão.

Antes que eu pudesse mergulhar nisso, Felipe bateu na porta e entrou com uma expressão concentrada.

— Larissa, temos um pequeno impasse aqui. O fornecedor de peças disse que o material principal da nova linha não vai chegar no prazo. O prazo é de cinco dias a mais do que o previsto.

— Como assim? Eles já tinham confirmado esse prazo. — fechei o notebook, olhando direto pra ele.

— Disseram que um dos caminhões sofreu um acidente na estrada, a carga teve que ser reprogramada e... você sabe.

— Respira fundo, Felipe. Vamos resolver. — me levantei, pegando minha prancheta com anotações. — O que a gente precisa é pensar rápido. Se esse material não chega a tempo, a gente perde o ritmo do cronograma, e isso pode pesar na apresentação da fase dois.

— Eu pensei em ver se conseguimos um lote emergencial com aquele fornecedor alternativo de São José.

— Já tentou contato?

— Estão avaliando disponibilidade. Mas disseram que até o fim da manhã dão resposta.

— Então faz o seguinte: enquanto isso, reposiciona a produção da primeira etapa pra não ficar parada. A gente prioriza o que já tá em estoque e ajusta a equipe pra trabalhar nas peças do primeiro lote, mesmo que falte o principal por enquanto.

— Boa. E se eles não tiverem?

— Aí a gente improvisa. — dei de ombros. — A gente não chegou até aqui pra desistir por causa de um caminhão tombado. Avisa o time da engenharia e Felipe... confio em você pra manter tudo rodando, tá?

Ele abriu um sorriso, meio aliviado.

— Pode deixar. Valeu, Larissa.

— Bora fazer isso acontecer.

Assim que ele saiu da sala, respirei fundo. A pressão era constante, o tempo sempre curto, e ainda por cima agora eu tinha uma reunião com Alessandro pra encarar...

Mas quer saber? Eu gostava desse caos.

Eu tinha aprendido a nadar nele.

Saí da empresa correndo, com a cabeça ainda cheia de planilhas, prazos e aquela bendita reunião com o Alessandro batendo na porta da minha agenda. Eram 10:35 e eu já estava atrasada cinco minutos para buscar o meu pai.

O tratamento dele tinha sido longo, difícil, cansativo... Eu nem sabia mais contar quantas vezes precisei fingir força pra não desabar na frente dele. Mas hoje era o dia. O dia que eu sonhei por meses.

Estacionei na frente do prédio, buzinei duas vezes e esperei. Logo vi meu pai sair devagar, ajeitando a boina na cabeça, com aquele sorriso tranquilo que ele sempre fazia questão de carregar, mesmo quando a dor apertava.

— Oi, pai. — abri a porta do carona e ele entrou.

— Bom dia, filha. Como você tá?

— Melhor agora. — sorri. — E você? Dormiu bem?

— Até que sim. Mas tô com aquele frio na barriga, sabe?

— Tamo juntos. — ri de nervoso. — Mas vai dar tudo certo.

O caminho até o hospital foi silencioso. Cada farol vermelho parecia mais longo que o normal. Meus dedos batiam ansiosos no volante. Quando chegamos, fizemos o cadastro e esperamos. Eu não conseguia parar de mexer as pernas.

Até que o doutor apareceu na porta, chamando.

— Senhor Álvaro?

Me levantei quase que antes do meu pai.

— Vamos lá, filha. — ele disse, como se fosse me consolar.

Entramos no consultório e o doutor cumprimentou a gente com um sorriso acolhedor. Sentamos de frente pra ele, que abriu a pasta com os exames. Meu coração disparava, parecia que o ar tinha ficado mais pesado na sala.

Ele se jogou no meu colo com força, como se o mundo dele estivesse inteiro ali. E de certa forma, estava. O meu também.

— Te amo, mamãe. — disse com a voz rouquinha, ainda sonolento, escondendo o rosto no meu pescoço.

— Eu também te amo, Gabriel. Tanto que nem cabe em mim.

Abracei ele forte, sentindo o cheirinho doce do pijama, aquele calorzinho bom de criança que ainda não sabe o peso do mundo.

— Você foi no médico com o vovô?

— Fui. E sabe o que o médico disse?

— O quê?

— Que o vovô tá quase bom! Logo ele vai poder correr com você no parque.

— Uau! — ele abriu os olhinhos mais ainda, empolgado. — Que legal! A gente pode levar o Max também?

— Claro que sim, só se ele não sair correndo atrás dos pombos de novo.

Max era o cachorrinho de Julia. Gabriel deu uma risadinha daquelas que preenche qualquer silêncio, e eu aproveitei pra deitá-lo de novo, puxando a coberta.

— Agora, vamos ficar um tempinho aqui só nós dois. Antes da mamãe sair pra reunião, pode ser?

— Pode. — ele respondeu, já puxando minha mão e colocando entre as dele. — Mamãe?

— Hum?

— Quando eu crescer, quero ser igual a você.

Engoli em seco.

— E por que, meu amor?

— Porque você é forte... e cuida de todo mundo. Mas ainda me dá beijo na testa toda noite.

— Então tá bom, Gabriel. Mas você só precisa ser você e saber que a mamãe vai sempre, sempre, estar aqui.

Beijei o topo da cabeça dele e fiquei ali mais um tempo. Só nós dois e o mundo podia esperar.

Mas essa parte da minha vida... era o meu lar.

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