Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 140

(Larissa)

Já era tarde. Gabriel já bocejava no meu colo com os olhinhos meio fechados, os bracinhos pendendo como se carregassem o cansaço do mundo.

Levantei, ajeitando ele para subir quando ouvi a voz do Alessandro, calma e baixa.

— Eu levo ele.

Olhei pra ele por um segundo, hesitei… mas acabei assentindo. Com cuidado, passei Gabriel pros braços dele. Alessandro o segurou com carinho, como se fosse feito de vidro. Vi a mão dele ajeitando a cabeça do nosso filho no ombro, e por um instante, meu coração bateu diferente.

Aquela cena… mesmo que eu não quisesse, me tocou.

Eu não vou mentir pra mim mesma. Eu queria isso, queria ver meu filho sendo levado pro quarto por um pai presente. Queria uma família, uma rotina leve, alguém dividindo a carga comigo. Só que… a que preço?

A imagem dos olhos de Alessandro, vermelhos de raiva e ciúmes, a confusão, os anos de ausência, de abandono… tudo isso ainda gritava em mim. Eu não confiava nele e não sabia quando ou se voltaria a confiar.

O medo era um fantasma constante, sussurrando no meu ouvido que, mais cedo ou mais tarde, ele se cansaria desse papel de pai e marido dedicado e tudo voltaria ao que era antes. Ou pior. Porque agora envolvia uma criança, o meu filho e eu não permitiria aquela vida, na vida dele.

— Você tá bem, meu anjo?

A mão no meu ombro me tirou dos pensamentos. Virei e dei de cara com Teresa. Sorri, mas era um sorriso forçado e ela percebeu.

— Eu sei que você tá com medo — ela disse, com a voz baixa e firme.

Assenti, sentindo um nó formar na garganta.

— Meu neto foi um idiota com você. Teimoso, impulsivo… e te fez sofrer mais do que qualquer mulher merece. Mas eu conheço o Alessandro e, dessa vez, eu vejo que ele tá diferente. Ele tá disposto a ter vocês. A família dele.

— Eu não sei se consigo, Teresa… — minha voz saiu fraca, como se estivesse confessando um segredo.

Ela pegou minha mão e apertou levemente.

— Então vai com calma. Se permita sentir, testar. Se no fim das contas você perceber que não dá… tudo bem. Você segue em paz, com a cabeça erguida. Porque você tentou.

Fechei os olhos por um instante e assenti. Ainda não era um "sim", mas era alguma coisa. Um começo talvez.

— Boa noite, minha querida — Teresa disse, se afastando devagar.

— Boa noite… e obrigada. — respondi.

O corredor estava silencioso quando subi, iluminado só pela luz suave do abajur. Quando cheguei perto do quarto, vi Alessandro saindo e fechando a porta devagar, com todo cuidado pra não acordar Gabriel. Quando me viu, parou.

Ele caminhou até mim devagar, meio incerto, mas com os olhos… gentis.

— Qualquer coisa… me chama, tá? — disse ele, quase num sussurro.

Assenti, sem responder. Estava cansada. De corpo, de mente, de emoção.

Passei por ele, mas antes que abrisse a porta, ouvi a voz dele de novo, baixa:

— Boa noite, Larissa.

Parei.

Virei um pouco o rosto, só o suficiente pra encarar seus olhos.

— Boa noite, Alessandro.

Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim. Encostei as costas nela e fiquei ali, por um instante, em silêncio. Só o som da respiração tranquila de Gabriel preenchia o espaço.

Um passo de cada vez, Larissa… Um de cada vez.

***

Acordei no meio da madrugada com a garganta seca. Olhei para o lado e vi Gabriel dormindo tranquilo, aconchegado no meio das cobertas. Me levantei com cuidado para não acordá-lo e saí do quarto.

As escadas estavam frias sob meus pés, e o silêncio da casa só era quebrado pelo rangido suave da madeira a cada passo meu. Quando cheguei na cozinha, a cena me fez parar por um segundo.

Alessandro estava sentado no banco alto, inclinado sobre o balcão de mármore com um copo de whisky na mão. Os olhos perdidos em algum ponto do vazio, como se estivesse em outro lugar.

Ele estava sem camisa.

Usava só uma calça de moletom escura e, mesmo que o frio cortasse o ar da madrugada, parecia não sentir nada. Sempre foi calorento… mas agora, ver aquele corpo de novo… firme, os músculos desenhados, o peito largo… eu me odeio um pouco por lembrar o quanto ele me deixava louca.

Balanço a cabeça. Para. Para com isso, Larissa.

Fui até o armário, peguei um copo e me aproximei do filtro. Enquanto o copo enchia, dei mais uma espiada de canto de olho.

Ele estava ali, vivo, real e mais bonito do que devia.

Me distraí tanto que só percebi quando a água já escorria para fora. O barulho me despertou e eu desliguei rapidamente.

— Droga…

Ele virou o rosto, notando meu pequeno desastre, e se levantou.

— Quer ajuda? — perguntou com a voz grave, ainda um pouco rouca.

— Não, não precisa — respondi rápido, querendo fugir do incômodo que aquilo me causava.

Fui até a despensa para pegar um pano, mas quando voltei… parei na porta por alguns segundos.

Ele estava agachado, limpando o chão com papel toalha. LIMPANDO O CHÃO.

Aquele homem que mal sabia onde ficava o pano de prato em casa, estava ali... no chão... enxugando o que eu derramei.

O mundo definitivamente estava acabando. Ele se levantou, jogou o papel no lixo com naturalidade e estendeu o copo pra mim.

— Aqui. Também acordou sem sono?

Ele de frente agora, tão perto, deixava o corpo mais exposto e tive que lutar muito para não encarar o seu corpo.

— Um pouco… — falei, aceitando o copo, desviando o olhar dos músculos dos braços dele. — Na verdade, só assustei com sede mesmo. Mas tô caindo de sono.

Dei um gole na água, virando as costas pra ele, tentando sair dali logo. Só que, claro, o universo adora brincar com minha paz quando bati o quadril com força na quina da bancada.

— Ai! — gemi baixo, levando a mão instintivamente até o local da dor.

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