Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 139

A tarde parecia ter ganhado um brilho diferente. Teresa e Lúcio riam de qualquer bobagem que Gabriel falava e ele, todo cheio de si, aproveitava o palco.

Larissa estava mais tranquila, mas ainda com aquela barreira invisível entre nós. Eu já reconhecia quando ela baixava a guarda e quando ela a erguia de novo.

Estávamos todos sentados na varanda dos fundos. O sol começava a se pôr e uma vista bonita surgia entre o jardim. Foi então que, do nada, Gabriel largou um dos brinquedos, se levantou do tapete e veio até onde estávamos sentados.

— A gente pode dormir aqui um dia, mamãe? Eu, você e o... — ele parou, me olhou, como se pensasse melhor — ...você também, Alessandro?

Minha garganta travou e eu nem respirei direito. Senti o peso das palavras dele ecoando nos meus ouvidos. Tão simples, tão direto. Como só uma criança conseguiria dizer. Ele ainda tinha dúvidas de como me chamar…

Larissa parou também. Por um segundo, o mundo pareceu segurar o ar com ela.

Ela abaixou devagar, acariciando os cabelos dele.

— A gente vê, amor — respondeu num tom calmo.

— Ele pode dormir aqui hoje — disse Teresa, animada. — Fica, Larissa! Dorme com ele aqui, vai ser uma alegria! A casa ficou tão cheia de vida com vocês!

Lúcio, ao lado, resmungou:

— Teresa, não começa a fazer pressão. Eles vieram só visitar.

— Ah, deixa de ser chato, Lúcio! — ela retrucou, rindo. — Eu só tô dizendo que seria maravilhoso!

Larissa deu aquele meio sorriso que não dizia sim nem não, e pegou o celular pra checar a hora.

— Eu devia ir... preciso cuidar do meu pai.

Mas na mesma hora, o celular dela vibrou. Ela olhou e os olhos se estreitaram um pouco. Franzi a testa, curioso enquanto ela lia a mensagem e respirava fundo.

— O Rafael já chegou. Disse que tá com meu pai, que tá tudo bem.

Teresa, claro, comemorou como se fosse um sinal divino.

— Então é isso! Durma aqui hoje! Fica no quarto de hóspedes, o de cima.

— Eu posso dormir aqui mesmo? — Gabriel se empolgou.

— Claro que pode, meu amor! — Teresa respondeu, já levantando pra pegar pijamas e toalhas.

Larissa hesitou, os dedos ainda apertando o celular. Depois, olhou pra mim de relance. Um relance rápido, mas intenso.

— Tudo bem. Eu durmo aqui... mas num quarto separado — disse, firme. — Com o Gabriel.

Eu assenti, tentando disfarçar o sorriso. Não quis mostrar que aquele "sim" já era uma vitória. Porque, no fundo, eu sabia: ela podia dormir em outro quarto... mas só o fato de estar sob o mesmo teto, de novo, comigo e com nosso filho... era mais do que eu sonhava até poucos dias atrás.

E o mais importante de tudo? Foi o Gabriel quem pediu, e isso ela não conseguia ignorar.

Gabriel e Teresa foram para a cozinha porque segundo ele, iria ajudar a fazer a comida.

Lúcio apareceu com duas taças de vinho já servidas e uma garrafa na mão. Ele olhou pra mim, depois pra Larissa, e sorriu daquele jeito que só ele sabia, como se enxergasse através da gente.

— Vamos lá fora? Como nos velhos tempos. Tenho esse vinho que vocês adoravam. — ele disse, com aquele tom de quem não aceita não como resposta.

Larissa hesitou. Vi nos olhos dela que a ideia de “velhos tempos” não trazia só boas memórias. Ela respirou fundo, mas assentiu com a cabeça, ajeitando a blusa como quem veste uma armadura.

Seguimos os dois para o jardim, em silêncio.

O banco de madeira ainda estava ali. O mesmo em que, anos atrás, ela adorava ficar. Nos sentamos. Eu do lado esquerdo, ela do direito.

Lúcio entregou as taças e voltou para dentro, nos deixando sozinhos. Aquilo parecia armado. E talvez tivesse sido, mas eu não me importava.

Ela pegou a taça e bebeu um gole, o olhar perdido nas árvores do jardim. O silêncio era denso, quase incômodo, mas eu não queria quebrá-lo de qualquer jeito. Queria falar… certo.

Meu coração batia rápido. Não era medo, era angústia e desejo de consertar. De reconquistar. Mesmo que tudo parecesse impossível.

Virei pra ela devagar, observando seu perfil. A luz do entardecer tocava os fios do cabelo dela, dourando tudo ao redor. Parecia irreal. Ela estava tão perto… mas tão longe.

— Sinto falta disso — minha voz saiu baixa, sincera — De você.

Ela não me olhou e continuou encarando as folhas que dançavam com o vento.

— Devia ter pensado nisso antes. — respondeu, com uma firmeza que cortou o ar como uma lâmina fina.

Fechei os olhos por um segundo. Eu mereci cada sílaba.

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