Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 137

Estava dirigindo quando senti meu celular vibrar no bolso. Peguei quase sem pensar, como se minha alma já soubesse que era Margarida.

Era uma mensagem curta, direta….

"Conversei com a Larissa. Ela disse que posso passar hoje à tarde. 15h, mais ou menos."

Meu coração deu um salto no peito. Respirei fundo, sentindo um alívio me tomar. O sinal parou e eu tentei processar o que poderia fazer até lá, mas então meu celular tocou novamente com uma ligação do meu assistente.

Ok, eu tinha que voltar para a empresa, mas agora, acho que consigo focar mais. Porque agora, eu tinha que aguentar a ansiedade para a tarde.

Eu disse pra mim mesmo que não ia interferir, né? Disse que ia deixar acontecer naturalmente.

Mas, porra... era Larissa.

Depois do almoço e duas reuniões, sendo uma delas de emergência, peguei o celular impaciente… eram 14:30.

Peguei o celular, abri a conversa com Margarida. Meus dedos pairaram sobre o teclado por alguns segundos antes de digitar:

"Você vai direto da sua casa? Ou passa aqui antes?"

Ela respondeu logo:

"Vou direto, patrão. Tem algo que precisa que eu leve pra ela?"

Merda. A pergunta perfeita.

Era tudo que eu precisava pra justificar. Pra fingir que eu não tava surtado de ansiedade.

Escrevi com o ar mais natural possível:

"Na verdade, sim. Tem um envelope com documentos dela aqui, que ficou desde que ela foi embora. Pode entregar pra ela?"

Era verdade, parcialmente. Tinha coisa dela aqui sim. Um contrato, uma pasta com papéis que eu nunca tive coragem de jogar fora.

"Claro. Pode deixar na cozinha." — Margarida respondeu.

Fechei a conversa e comecei a andar pela casa igual um leão preso em jaula.

Uma parte de mim gritava: "Você vai mesmo fazer isso? Vai se rebaixar assim?"

A outra só queria ver ela. Só queria um vislumbre do olhar dela. Ouvir aquela voz. Sentir aquele perfume que sempre me deixava em transe.

Eu estava tentando impressionar alguém que provavelmente só queria me esquecer.

Ajeitei a gola da camisa, respirei fundo e ensaiei.

— Oi, não esperava te ver aqui...

Fiz uma careta. Patético.

— Só passei pra deixar isso com a Margarida...

Revirei os olhos e encostei as mãos na pia do lavabo.

— Idiota. Ela vai saber na hora que é desculpa.

Encostei a testa no espelho e fiquei ali por uns segundos, tentando entender que tipo de homem eu tinha virado.

Antes, tudo girava em torno de poder. De controle. Agora? Uma mulher tinha virado meu universo inteiro de novo. E eu nem sabia mais como girar sem ela.

Me enganei muito bem por dois segundos.

Até ver meu reflexo. Com os olhos acesos, a expressão inquieta de quem ia fazer merda. Vibrando feito adolescente indo encontrar a garota que achou que nunca mais veria.

Merda.

Margarida então apareceu, a observei pegar o envelope e sair… e logo em seguida, corri para o meu carro e segui o dela. O outro envelope estava do lado, uma desculpa perfeita de que tinha esquecido esse.

Quando estacionei na frente do prédio dela, vi Margarida saindo e vindo na direção do meu carro. Droga, ela tinha percebido.

Ela me olhou de cima a baixo, com aquele ar de julgamento velado que só ela sabia fazer.

— Veio mesmo, né?

Assenti, segurando o envelope nas mãos.

— Eu só quero olhar pra ela de novo. Um minuto. Prometo.

Ela ficou me encarando, como quem tentava decifrar se eu ia fazer merda. Depois, soltou um suspiro e deu de ombros:

— Você tem cinco minutos e não force nada, Alessandro. Nem uma palavra atravessada ou eu mesma te boto pra fora.

Assenti novamente. Caminhei até a porta do apartamento e respirei fundo. Meus dedos tremiam um pouco, então fechei a mão, respirei mais fundo ainda… e bati.

Alguns segundos depois, a porta se abriu. E ali estava ela com o cabelo solto, uma blusa simples, sem maquiagem. Linda.

Tão linda que doeu.

Ela me olhou surpresa. Realmente não esperava me ver ali, seus olhos demoraram um segundo a reagir. E então ela cruzou os braços, desconfiada.

Meu coração disparou. Eu tinha ensaiado mil coisas.

Mas só consegui dizer:

— Oi. Eu... estava passando por aqui.

Ela arqueou uma sobrancelha, a boca meio entreaberta num riso sarcástico.

— Você sempre tem uma desculpa pronta, né, Alessandro? Quantas vezes eu vou ter que dizer que não quero mais nada com você?

A voz dela era firme o bastante pra me silenciar por um segundo.

Eu abri a boca pra responder, mas fui interrompido.

— Alessandro? — A voz de Margarida soou atrás dela, com aquele tom exageradamente surpreso.

Fingia melhor que muito ator. Larissa virou o rosto, soltando uma risada curta.

— Jura, Margarida? Essa encenação toda? Eu sei que isso foi armação dos dois.

— Eu... desculpa, menina. Eu só achei que... vocês precisavam conversar, que talvez fosse—

— Tá tudo bem. — disse Larissa, mas foi pra Margarida e então ela sorriu, um sorriso que antes era meu e que agora, não recebia mais.

Ela convidou Margarida para entrar e eu fiquei ali, parado, meio ridículo segurando o tal envelope.

— Posso... entrar também? — perguntei.

Ela respirou fundo. Aquela pausa me matou por dentro, mas, enfim, assentiu com um movimento contido da cabeça.

Ele se deitou de novo, ainda com os olhos pesados e sorriu meio lento até que os olhos foram fechando novamente. Acho que o sono venceu mais uma vez. Não tinha como não rir com essa cena, uma hora ele parecia bem acordado e do nada dormiu de novo.

Fiquei ali, parado na porta, olhando aquele pequeno corpo encolhido. Aquele menino que era parte de mim, mesmo sem saber ainda o quanto.

Senti a presença de Larissa atrás de mim e me virei.

— Eu queria perguntar uma coisa.

— Hm?

— Você acha que... que eu posso levar ele pra ver meus avós? Eles... queriam muito conhecê-lo.

— Eu já pensei sobre isso, na verdade.

— Quer ir agora?

Ela piscou, surpresa.

— Você não trabalha hoje?

— Resolvi tudo que precisava de manhã. Tirei a tarde livre.

Ela ficou em silêncio por um segundo, olhando para Gabriel. Então se mexeu e murmurou algo incompreensível.

— Tá... tudo bem. Eu só vou dar banho nele.

Assenti, tentando conter o sorriso que ameaçava escapar.

Ela saiu do quarto. E eu fui até a sala, sentando no mesmo sofá.

Eu me encostei ali, respirando fundo. Pelo menos... ela não estava fugindo.

Depois de um tempo, ouvi sons de passos leves correndo no corredor e uma pequena figura aparecendo, correndo e se jogando nos meus braços.

— Você veio mesmo! — ele disse, com a voz empolgada e os bracinhos apertando meu pescoço.

Eu ri, segurando firme aquele corpo pequeno, aquele abraço que parecia costurar algo dentro de mim que nem eu sabia que estava rasgado.

— Claro que vim, parceiro. Te falei que íamos sair juntos, lembra?

Ele se afastou um pouco, com aquele sorriso enorme, bochechas vermelhas e olhos ainda um pouco inchados do sono.

— A gente vai pra onde?

— Ver os meus avós. Seus bisavós.

Ele arregalou os olhos, animado.

— Eles têm brinquedo?

— Provavelmente não. — falei rindo. — Mas aposto que vão querer te dar um monte depois que te conhecerem.

Larissa apareceu no corredor, apoiada na parede com braços cruzados e olhar desconfiado.

— Eu não vou. Você me liga se precisar de algo. — disse ela, direta.

Eu fechei o rosto. Droga, não.

— É melhor você ir. — falei, um pouco mais ríspido do que devia. — Só você consegue controlar aqueles dois pra não colocarem toda a herança deles no nome do Gabriel logo de cara.

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