O peito dele subia e descia num ritmo acelerado, os olhos estavam vermelhos, injetados. Havia raiva, dor… e uma fúria que eu conhecia muito bem.
Ele avançou até nós como um furacão.
— O que diabos tá acontecendo aqui, Larissa? — ele rosnou, olhando diretamente pra Guilherme como se quisesse atravessá-lo com os olhos.
— Isso não é da sua conta. — falei firme, me colocando de lado, entre os dois.
Guilherme ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.
— Ele ainda tá te atormentando? — me perguntou com o tom calmo, mas o olhar já atento.
Foi o suficiente e Alessandro explodiu.
— Eu vou te matar, seu desgraçado! — ele avançou em direção ao Guilherme com os punhos fechados. — Você tocou na MINHA mulher!
— A Larissa não é mais sua mulher! Talvez nunca tenha sido, de verdade. — Guilherme rebateu com firmeza, sem baixar o olhar.
Alessandro rugiu, pronto pra partir pra cima, mas eu entrei no meio e empurrei o peito dele com força, com raiva, com tudo que eu estava guardando.
— Se toca, Alessandro! Eu NÃO sou mais sua mulher!
Os olhos dele encontraram os meus, e por um segundo… só por um segundo, eu vi. Vi o homem que um dia eu amei. Vi a dor, mas eu também vi a culpa, o orgulho ferido, o ego. E eu não ia deixar isso me prender de novo.
Respirei fundo, tentando manter o controle.
— Guilherme, você pode ir. — falei, ainda encarando Alessandro.
— Você vai ficar bem com esse louco aqui? — ele perguntou, preocupado.
Assenti com um meio sorriso.
— Sim. Vai em paz e boa viagem. Obrigada pela noite, foi bom reencontrá-lo.
Ele hesitou por um segundo, olhou feio pra Alessandro, mas acabou assentindo e entrou no carro, arrancando em seguida.
Ficamos só nós dois ali. Eu e o furacão que era Alessandro.
Ele me encarava com os olhos marejados. Parecia que ia chorar e respirava como se tivesse corrido uma maratona.
— Você é minha, Larissa. — ele murmurou, dando um passo na minha direção.
Meu estômago revirou. Um misto de raiva e dor me subiu à garganta.
— Eu não sou sua! — rebati, firme. — Eu JÁ fui. Você me teve por completo, Alessandro. De corpo, alma, coração… e jogou tudo fora. Me mandou embora, me humilhou, me quebrou. Me deixou sozinha grávida, me destruiu. Agora você não tem mais direito de mandar em mim. Não tem mais direito de agir como se me possuísse. Eu não sou mais aquela mulher que chorava pelos cantos esperando migalhas de você.
Ele abriu a boca pra retrucar, mas eu levantei a mão.
— E não quero mais esse tipo de vergonha. Você vindo me cobrar, fazendo cena. Acabou.
— Você beijou aquele cara. — ele cuspiu as palavras. — Vocês estão juntos? Estão tendo um caso?
Suspirei com força, já perdendo a paciência.
— NÃO! Foi só um beijo. Um beijo de adeus, de passado. E mesmo que fosse mais, o que te importa? — soltei, encarando ele com firmeza. — Você perdeu o direito de saber da minha vida no dia que escolheu me abandonar. E agora vem aqui bancar o macho ferido? Me poupe.
— Larissa…
— CALA A BOCA! — gritei. — Eu NUNCA MAIS quero te ver fazendo esse tipo de cena na minha frente. NUNCA MAIS.
Eu me virei pra ir embora, tremendo por dentro. Mas então ele segurou meu braço.
Virei pra ele de novo, com os olhos em chamas.
— Me solta. — rosnei.
Ele hesitou.
E aí, sem pensar muito, levantei a mão e dei um tapa seco no rosto dele. Ele não reagiu, apenas ficou parado, me olhando, surpreso.
— Eu tô falando sério, Alessandro. Nós dois NÃO temos mais volta. Você me perdeu e eu não sou o tipo de mulher que esquece o que passou só porque alguém trouxe flores e uma pizza.
Ele levou a mão ao rosto, depois abaixou os braços. E então, se aproximou de novo, com o rosto a centímetros do meu. Os olhos dele pareciam suplicar.
— Você tem razão. Eu mereço esse tapa, mereço cada palavra que você disse. Eu mereço a dor que senti ao te ver com outro homem. Mas sabe o que mais? — ele murmurou, a voz rouca, trêmula. — Eu também mereço lutar. Lutar pra reconquistar o que eu perdi. Porque eu sei, Larissa… lá dentro de você, ainda tem um resto daquele amor. Eu sei que tem e eu vou trazer esse amor de volta.
Meu peito apertou, mas eu segurei firme.
— Você enlouqueceu. — foi tudo o que consegui dizer.
Ele deu um passo pra trás.
— Não. Pela primeira vez, eu tô completamente lúcido.
O olhar dele se arregalou. Tentei manter minha expressão firme, mas meu coração ainda tava batendo descompassado só de lembrar do beijo e da confusão que veio em seguida.
— E o Alessandro viu.
— Putz... — ele soltou, se ajeitando na cadeira, tentando processar tudo. — Pera... então... o Guilherme tá no Brasil, vocês se beijaram e o Alessandro viu?!
— Sim. Tudo isso mesmo. — falei, me apoiando no balcão.
Rafael me encarou por um segundo... e aí começou a rir. Rir de verdade.
— Meu Deus... a vida é uma novela. Lembra que tudo começou porque o Alessandro achou que o Gabriel era filho do Guilherme? Agora ele te pega no flagra beijando o cara...
— Não tem graça, Rafael! — falei, mas acabei deixando escapar um sorriso nervoso.
— Tem sim, vai... um pouquinho. — ele levantou as mãos em rendição, rindo ainda mais. — Você precisa admitir que sua vida tá bem agitada.
Revirei os olhos, mas acabei batendo de leve no ombro dele, brincando.
— Você devia era me ajudar. Vai lá e fala com seu primo maluco pra me deixar em paz.
— Larissa... — ele disse, se endireitando um pouco e me encarando com sinceridade. — Eu conheço o Alessandro. Ele só vai te deixar em paz depois de tentar de tudo. Quando ele sentir que realmente fez tudo que podia... aí sim ele vai desistir.
Cobri o rosto com as mãos e soltei um gemido abafado de cansaço.
— Quer saber? Vou voltar para a Alemanha.
Rafael deu risada de novo e apontou pra mim.
— Pode ir, mas ele vai atrás. Pode escrever o que eu tô dizendo. Vai bater lá na sua porta com flor, presente, pedido de perdão em cinco idiomas.
— Aff... — resmunguei, jogando o corpo na cadeira.
— E se duvidar ainda leva o Optimus Prime junto. — ele completou, gargalhando.
Não consegui evitar e dei risada também.
Por mais que eu estivesse irritada, confusa, ferida... ter alguém como o Rafael por perto fazia tudo parecer menos sufocante. Pelo menos, por uns minutos, eu podia respirar.
Mas no fundo, eu sabia que Alessandro não ia desistir fácil. E eu ainda não sabia se estava preparada pra isso.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...