Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 133

Quando entrei no carro, Catherine me lançou aquele sorrisão animado que só ela conseguia dar.

— Uau, gata! Se eu não te conhecesse, ia dizer que você tá indo pra um encontro.

— Só tô indo espairecer. E você tá maravilhosa também, viu?

O caminho foi leve, a gente foi conversando, rindo, e eu sentia que, por alguns minutos, poderia mesmo deixar tudo pra trás. A cirurgia do Gabriel, Alessandro, o sequestro, tudo… só por hoje.

Chegamos no bar que ela tanto falava. Era bonito, aconchegante, luzes baixas, música boa e um palco ao fundo onde um cantor de MPB já se preparava.

Nos servimos, pegamos nossos drinks e encontramos uma mesa com uma boa visão do palco.

— Tô amando esse lugar, Cathe.

— Eu sabia! E olha, fica tranquila, se alguém te encher o saco eu dou um jeito. Mas... — ela disse com um sorrisinho — você pode deixar ser enchida um pouquinho também, né?

Mal terminou de falar e um homem se aproximou da mesa. Alto, moreno, barba por fazer e um sorriso bonito.

— Boa noite. Você tá acompanhada? — ele perguntou, olhando direto pra mim.

Sorri educadamente, negando com a cabeça.

— Tô sim, obrigada.

Ele assentiu, sem insistir, e se afastou.

Cathe olhou pra mim com uma cara de quem queria me dar um tapa.

— Você viu o homem? Gato! Educado! E você me solta um “tô sim”?

— Cathe… não tô procurando isso agora. Sério.

— Mas ele nem mordeu! — ela zombou, me fazendo rir.

— Vai ver era por isso mesmo que eu dispensei.

Ela gargalhou e puxou minha mão.

— Vem, a gente veio pra dançar e eu quero me acabar nessa pista.

Fomos até a pista e deixamos a música nos levar. Dançamos, rimos, cantamos o refrão alto demais. Eu não lembrava a última vez que tinha me sentido assim. Livre.

Num giro mais desajeitado, acabei esbarrando em alguém.

— Desculpa! — falei, virando o rosto... e congelei.

— Larissa?

Eu pisquei algumas vezes. Era o Guilherme. Meu coração quase parou, ele estava mais maduro, o cabelo um pouco mais curto, e o mesmo sorriso acolhedor de sempre.

— Guilherme! Meu Deus! — o abracei forte — Você sumiu! Depois que foi embora, nunca mais… eu fiquei tão preocupada.

— É bom te ver também. — ele disse, com aquele olhar que parecia sempre me entender — Quer sentar um pouco? Tomar alguma coisa?

Assenti com a cabeça, ainda surpresa. Voltamos para a mesa e pedimos dois drinks. O coração ainda batia acelerado.

— O Diogo me levou para um bom lugar, ajudou com a minha mãe… Me contou sobre como Alessandro prejudicou a empresa da sua familia… Enfim… O bom é que minha mãe já está bem melhor.

— Sério? Que notícia boa.— perguntei, com genuína curiosidade.

— Sim. O hospital em que ela foi internada é maravilhoso e ela teve uma recuperação impressionante. Já voltou até a trabalhar.

— Que maravilha, Guilherme. Mas vocês voltaram pro Brasil?

Ele negou com a cabeça, sorrindo.

— Não… continuamos em Portugal. Eu consegui um bom trabalho no hospital. Hoje sou enfermeiro chefe e tô quase terminando a faculdade de Medicina.

Fiquei boquiaberta.

— Você tá brincando! Guilherme, isso é incrível. Eu tô muito feliz por você.

— Obrigado. Vim só resolver umas pendências, mas se tudo der certo, volto pra Portugal em duas semanas.

— E por que não me procurou quando voltou?

— Sinceramente? Eu não sabia se você ainda estava aqui. O Diogo me disse que você estava na Alemanha.

— Sim, mas já voltei tem quase dois meses.

Ele me olhou com aquele olhar... o mesmo de antes. Sempre terno. Sempre com aquele afeto escondido atrás do sorriso.

— E como você tá agora, Lari? Você... viu o Alessandro de novo?

Mostrei o endereço no GPS e ele estacionou em frente ao meu prédio. Fiquei olhando o portão por alguns segundos antes de soltar o cinto.

Desci devagar e ele me acompanhou. Quando parei na calçada, virei de frente pra ele e abri os braços.

— Foi bom te ver, Gui. De verdade. Eu... ia gostar se você não sumisse de novo.

Ele me abraçou apertado. O cheiro dele, o calor do corpo, o jeito como ele encostou o queixo no meu ombro. Tudo me levou de volta à adolescência, ao primeiro beijo, à última briga, àquela despedida sem direito a "até logo".

— Eu não vou sumir. Prometo — ele disse, com a voz baixa, rouca.

Me afastei um pouco, pronta pra entrar, mas ele segurou minha mão e meu coração deu um salto. Olhei pra ele, confusa, e ele estava sério com os olhos presos nos meus.

— Lari... — ele começou, se aproximando. — Posso... posso te dar um último beijo?

— Último beijo?

— É. Como aquele da última vez. Quando eu fui embora... lembra? — ele respirou fundo. — Um beijo pra me ajudar a entender que aquilo acabou. Que nós dois, daquele jeito, ficamos no passado. Um beijo de despedida.

Fiquei em silêncio. Um calafrio percorreu minha espinha e minha mente gritou que não era uma boa ideia.

Mas, mesmo sendo uma atitude errada, eu podia ver em seus gestos, seus olhos, que ele ainda guardava um sentimento que não deveria. O beijo, isso iria encerrar como ele acredita ou alimentar algo que tinha que morrer?

Respirei fundo e então assenti, quase num sussurro.

— Um beijo de adeus à Larissa e ao Guilherme do passado... — murmurei.

Ele sorriu de leve, triste, bonito. Tocou meu rosto com tanta delicadeza que meus olhos se fecharam por um segundo e acariciou minha bochecha, depois passou a mão pela minha nuca, puxando-me pra mais perto.

Nossos lábios se encontraram devagar. Foi um beijo doce, mas intenso. Ele beijava como se estivesse gravando aquele momento na alma. Eu tentei me controlar, não querendo passar nada além de uma despedida. E naquele beijo eu tive a certeza, já não o amava como amei um dia.

Quando nos separamos, ele encostou a testa na minha.

— Foi bom te ver — falei, sorrindo sem jeito. — E... boa viagem, Gui.

Ele sorriu também, mas não disse nada. Só soltou minha mão devagar.

Me virei pra entrar, ainda sentindo os lábios dele nos meu, mas parei com o movimento quando o vi, parado na calçada, como se estivesse acabado de sair do prédio, com os braços cruzados, a mandíbula travada, os punhos cerrados e os olhos faiscando de raiva.

Alessandro.

Por que ele estava aqui até essa hora?

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