Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 131

— É. Se quiser ir, acho importante. Ele... tá meio quieto.

— Eu vou. — falei, decidida. — Não quero que ele pense que eu sumi ou que vou virar as costas pra ele.

Antes que a conversa tomasse um rumo mais pesado, a garçonete apareceu com os nossos pedidos. Uma moça simpática, cabelo escuro preso num coque meio desfeito, bonita e com um sorriso leve. Quando colocou meu prato na mesa, olhou pra mim e disse:

— Seu cabelo é lindo, moça. Que tom perfeito.

Sorri, surpresa e um pouco tímida com o elogio.

— Ah... obrigada! De verdade.

Ela sorriu de volta, e antes de sair, olhou discretamente pro Diogo. Eu percebi e ele também.

Esperei a moça se afastar, e então olhei pra ele com um sorrisinho maroto.

— Ela te olhou, hein.

Ele deu uma risada e virou o café.

— Ela é bonita. Mas sei lá... tô numa fase que só quero sossegar. Paz, sem confusão.

— Então se permita, Diogo. — falei, sincera. — Você merece alguém que cuide de você também. Que te admire, que saiba o valor que você tem. Você é perfeito demais pra ficar sozinho.

Ele me olhou de um jeito que misturava carinho e surpresa.

— Larissa, você sabe que elogio vindo de você vale o dobro, né?

— Só falo a verdade. — pisquei, pegando um pedaço da torta. — Mas tem que abrir espaço pra isso, tem que deixar alguém entrar. Às vezes a gente se fecha tanto que nem vê quando alguém bacana aparece.

Ele ficou em silêncio por um segundo, como se estivesse processando tudo. Então assentiu.

— Talvez você tenha razão. Como sempre.

Diogo deu mais um gole no café e me olhou com aquele jeito calmo dele. Sempre me passou a sensação de que podia falar qualquer coisa perto dele.

— E o Alessandro? — ele perguntou, sem rodeios. — Se aproximou mais?

Suspirei, olhando para o copo de suco meio cheio. Dei uma giradinha com a mão no canudo antes de responder.

— Sim. Parece que ele... se arrependeu. Quer se reaproximar. — dei um riso fraco. — Quer voltar, inclusive.

Diogo ergueu as sobrancelhas, mas ficou quieto, me incentivando a continuar.

— Ontem... ele me contou uma coisa. Uma coisa que me deixou sem chão. — respirei fundo. — O Enzo já tinha me falado isso um tempo atrás, mas eu achei que fosse mentira. Não quis acreditar.

— O quê?

— Que o Alessandro... não assinou o divórcio. — falei, deixando as palavras saírem baixinho, como se ainda doessem na boca. — Há quatro anos, eu... eu achei que ele tinha assinado. Mas ele confirmou, ele nunca assinou.

Vi a surpresa no rosto do Diogo, que largou a colher devagar no pires.

— Sério?

— Sério. E eu tô com uma mistura de raiva e... sei lá. Eu só queria entender por quê. Por que ele fez isso? Por que deixou eu ir embora achando que aquilo estava encerrado?

Diogo inspirou fundo e cruzou os braços sobre a mesa.

— Não sei, Lari... mas, olha... o Alessandro nunca foi feliz com a Chiara. Eles moraram juntos esse tempo todo, é verdade, mas... — ele deu de ombros. — Ele ficava com outras mulheres. Chiara vivia viajando. E ele, bom... ele vivia estressado, ranzinza. Mais ainda do que antes, como se tivesse engolido o mundo atravessado.

— Bem feito pra ele. — soltei, sem pensar muito, e dei um gole no meu suco. — Desculpa, mas... foi.

— Eu também acho. Mas... sabe o que eu acho mais ainda? Que ele sempre amou você. Só foi burro demais pra perceber isso na época certa.

Desviei o olhar, mexendo o açúcar no fundo do copo como desculpa pra não encarar Diogo.

— Esse tipo de amor... não compensa, Diogo. Amor que machuca, que abandona, que some. Que não sabe ficar... esse amor não serve.

Ele ficou em silêncio por um segundo, depois falou com calma:

— Talvez ele tenha mudado, agora ele saiba.

— Mas será que eu quero arriscar? — perguntei, baixinho. — Depois de tudo, depois de Gabriel... Eu criei meu filho sozinha, Diogo. Eu me refiz. Fiz minha vida. Será que eu quero reabrir essa porta?

— Se você não quiser, tá tudo bem. Eu entendo. E vou apoiar qualquer decisão sua. Sempre.

Olhei pra ele e sorri. Ele era mesmo tudo o que dizia ser: firme, confiável, constante. Um amigo de verdade.

— Obrigada, de coração.

— Ele ficou tetraplégico. Vai ser indicado a uma prisão especial lá na Itália, onde vão mantê-lo sob vigilância total. — ele olhou pela janela do quarto, a voz um pouco distante. — Pelo menos assim ele não faz mal a mais ninguém.

— Graças a Deus. — murmurei.

— Ele sempre foi assim, desde criança. Sempre maquiavam, passavam pano e deu no que deu.

A porta se abriu devagar e a enfermeira apareceu com um olhar sereno.

— Senhora, infelizmente o horário de visita acabou.

Assenti com um sorriso gentil e me levantei. Me aproximei da cama e abracei Matheus brevemente. Senti ele segurar firme por um segundo.

— Vou orar por você. Pra que você encontre paz também.

— Obrigado, Larissa.

Dei um último olhar pra ele antes de sair do quarto, passando novamente pelos policiais. No elevador, respirei fundo, sentindo o coração um pouco mais leve. Sabia que ainda havia muita coisa pra resolver… mas, ao menos, aquele capítulo estava, enfim, se fechando.

Voltei pra casa com a mente cheia, mas em paz.

Cheguei em casa já no fim da tarde. A luz do sol atravessava as janelas, deixando um brilho dourado pelas paredes do apartamento. Gabriel estava dormindo no sofá com a Cathe ao lado, acariciando os cabelos dele com delicadeza.

Agradeci com um sorriso e ela se levantou em silêncio, me dando espaço. Fiquei alguns segundos apenas observando ele ali, tão tranquilo… tão inocente.

Minutos depois, Rafael chegou. Tirou os sapatos na entrada como sempre fazia, passou a mão pelos cabelos e veio até a cozinha, onde eu estava preparando um chá. Nos olhamos e ele sorriu de leve.

— Como foi lá? — ele perguntou, se referindo à visita ao Matheus.

— Foi estranho… mas necessário. — suspirei. — Ele tá bem. Quer dizer, dentro do possível. Disse que vai pagar pelo que fez.

Rafael assentiu e ficou em silêncio por um tempo, como se esperasse algo mais.

— E com o Gabi? Conseguiu conversar?

— Consegui. — minha voz saiu baixa. Eu virei pra ele com a xícara ainda na mão. — Hoje de manhã, levei café na cama pra ele e contei tudo. Que o Alessandro é o pai biológico dele.

Os olhos de Rafael buscaram os meus, calmos, mas atentos.

— Ele perguntou se agora tem dois pais… e perguntou se ainda podia te chamar de pai.

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