Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 130

(Larissa)

Depois que fechei a porta e fiquei ali parada, encostada, com os olhos fechados por uns segundos. Era tanta coisa pra processar… Alessandro ali, com o Gabriel no colo, ele dizendo tudo aquilo. E agora eu aqui, sozinha de novo, tentando manter tudo sob controle.

Fui até a cozinha, tomei um copo d’água, lavei o copinho do remédio e respirei fundo antes de ir checar meu pai, que devia estar chegando do tratamento.

Mal entrei na sala, ouvi a porta se abrindo. Ele entrou devagar, cansado, mas com aquele sorriso de sempre.

— Oi, minha filha.

— Oi, pai. — fui até ele e o abracei, com cuidado. — Como você tá?

— Tô bem. Cansado, mas bem. E você? Como estão as coisas por aqui? Fiquei sabendo que o Alessandro apareceu. — ele disse tirando os sapatos e se acomodando no sofá, com aquele jeitinho que só ele tinha de puxar assunto sem parecer que estava se intrometendo.

Suspirei e sentei no sofá ao lado dele.

— Sim… ele veio ver o Gabriel. Trouxe flores pra mim, um presente pro Gabi… ficou um tempo com ele.

— E como você tá com isso?

— Sinceramente? Confusa. Mas tentando ser racional. Agora a gente precisa resolver as coisas da guarda, organizar direitinho. Ele quer estar presente… e o Gabriel gosta dele.

Meu pai assentiu, me olhando com aquele olhar calmo que ele sempre teve.

— Você tá fazendo o certo. O Gabriel tem o direito de conhecer o pai… e você tem o direito de não querer mais nada além disso com o Alessandro, se for o caso. Só… tenta não carregar mais peso do que precisa, filha.

— É difícil, pai. Não dá pra simplesmente desligar tudo o que eu senti por ele, o que me fez passar.

— Eu sei… mas também sei o quanto você cresceu, o quanto você é forte. Só não deixa a mágoa guiar tudo, porque às vezes o que a gente precisa mesmo é de paz para seguir.

— Eu tô tentando… de verdade.

Ele sorriu, passou a mão na minha cabeça.

— Eu sei que tá. E tenho muito orgulho de você.

Meus olhos encheram d’água, mas eu respirei fundo e limpei discretamente com a manga da blusa.

— E você, me conta… como foi hoje? A quimio foi tranquila?

— Foi sim. O médico disse que meu corpo tá respondendo bem. Eu fiz os exames hoje, e o resultado sai na semana que vem. Mas tô com esperança. Sinto que dessa vez… vai dar certo.

— Amém, pai. — sorri, aliviada. — Você tá mais corado hoje, parece até mais forte.

— É o amor que recebo aqui nessa casa. Isso cura qualquer coisa. — ele disse brincando, e eu ri, mesmo com a garganta apertada.

— Você sabe que eu tô aqui pra tudo, né? Que se precisar de mim, qualquer coisa…

— Eu sei, meu bem. Mas agora, você precisa descansar também. Hoje foi um dia cheio.

— Foi. Mas ver você melhor já é um alívio imenso.

Ele se ajeitou no sofá, fechando os olhos um pouco, e eu encostei a cabeça no ombro dele, em silêncio. A casa estava em paz. Gabriel dormia no quarto, meu pai ali do meu lado. E por mais confuso que meu coração estivesse, naquele momento… tudo parecia um pouco mais suportável.

***

Acordei cedo, bem antes do Gabriel. O sol ainda nem tinha subido direito, e mesmo assim, meu coração já batia acelerado.

Fui até a cozinha e comecei a preparar o café da manhã preferido do Gabriel. Pão quentinho com queijo derretido, suco de uva e um potinho com pedaços de banana e mamão, do jeitinho que ele gostava. Coloquei tudo numa bandeja e respirei fundo, encarando o prato antes de subir.

Era hoje.

A casa estava silenciosa, só o barulhinho do vento do lado de fora. Empurrei a porta do quarto dele com o ombro e entrei. Gabriel dormia todo embolado nos lençóis, o Optimus Prime jogado no pé da cama.

— Bom dia, meu amor… — falei baixinho, me aproximando da cama. — Mamãe trouxe café da manhã especial hoje.

Ele abriu os olhos devagar, piscando contra a luz que entrava pela fresta da janela. Quando me viu, abriu um sorriso sonolento.

— Pra mim?

— Pra você. — sorri, sentando na beira da cama. — Mas... também preciso conversar com você um pouquinho, tudo bem?

Ele assentiu com a cabecinha, já animado com o sanduíche.

— Pode comer, filho. Mamãe vai falando, tá bom?

Ele pegou o sanduíche com as duas mãos e deu uma mordida, me olhando curioso.

Respirei fundo. Meu coração doía, mas eu sabia que ele precisava saber. E com calma.

— Você lembra do tio Alessandro, que veio aqui ontem? Que trouxe aquele Optimus Prime incrível?

— Lembro! — ele disse com a boca cheia. — Ele é legal.

— Então… — forcei um sorriso. — Há muito tempo, a mamãe foi casada com ele.

Ele parou de mastigar e me olhou, curioso.

— Filho… você pode chamar como quiser. A mamãe vai conversar com os dois, tá bem? O importante é você se sentir feliz e seguro. Não tem problema. Eles vão entender.

Ele assentiu com a cabeça e deu outra mordida no sanduíche.

E assim, como se fosse a coisa mais simples do mundo, ele voltou a comer.

Meu coração, por outro lado, estava virado do avesso.

Mas ao olhar pra ele… tão inocente, tão aberto ao amor… eu soube que estava fazendo o certo.

***

Era estranho voltar pra empresa depois de tudo, como se eu estivesse tentando encaixar uma parte de mim de novo no lugar. Gabriel estava com a Catherine, ela tinha insistido em ficar com ele, e eu confiei. Sabia que ele estaria em boas mãos e aproveitei o tempo livre e vim.

O prédio da empresa parecia o mesmo, mas eu não era exatamente a mesma. Caminhei pelos corredores cumprimentando as pessoas que me olhavam com aquele ar misto de curiosidade e carinho. Alguns sabiam da explosão, da confusão toda. Outros só sabiam que eu estava voltando de uma licença e sorriam como se nada tivesse acontecido.

Contei por alto o que aconteceu, deixei de lado os detalhes mais pesados. Fui acolhida com abraços, sorrisos e palavras de apoio. Foi bom. Reconfortante até.

Na saída, encontrei o Diogo me esperando na recepção, com aquele jeitão calmo e aquele sorriso de canto de boca que sempre me passava segurança.

— Tá com tempo? Vamos tomar um café? — ele perguntou, já caminhando ao meu lado.

— Tô sim. Gabriel tá com a Cathe. Deu pra dar uma respirada.

Caminhamos até um restaurante pequeno e aconchegante ali perto. Sentamos em uma mesa no canto, perto da janela, e depois de pedirmos o de sempre, café com leite pra mim, expresso pra ele e um pedaço de torta de limão dividida, ele me olhou com um daqueles olhares de amigo que já sabe a resposta, mas quer ouvir de você.

— E aí... como você tá? De verdade.

Soltei o ar devagar, apoiando os braços na mesa.

— Eu tô bem, acredita? Cansada, mas com a sensação de que agora... tudo vai começar a se encaixar. — dei um meio sorriso. — Pelo menos eu espero.

Ele assentiu devagar, olhando pra fora por um segundo antes de voltar os olhos pra mim.

— Pode ser. Tem coisa que precisa do tempo certo pra acontecer.

Ficamos um tempinho em silêncio, até que ele completou:

— O Matheus vai ser transferido amanhã para Itália. Ele e o Enzo vão ser julgados lá pela morte do pai.

A notícia me pegou de surpresa, mesmo eu já esperando por isso em algum momento.

— Amanhã? — perguntei, franzindo a testa. — Então hoje é minha última chance de ver ele antes…

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