Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 128

(Alessandro)

Fazia muito tempo que eu não sentia esse nervosismo. Minhas mãos estavam suando, e eu não conseguia parar de encarar aquela porta branca à minha frente.

Diogo tinha me passado o endereço depois que eu insisti que eu precisava ir atrás do que queria. Eu nem sabia se queria ouvir conselhos, só sabia que precisava ver os dois.

Ajustei a gola da camisa, tentei ajeitar o buquê nas mãos e respirei fundo. Levantei a mão, prestes a bater, quando a porta se abriu de repente. Dei um passo pra trás, surpreso.

— Alessandro? — Catherine apareceu, olhando pra mim como se eu fosse um fantasma.

— Oi… — forcei um meio sorriso. — A Larissa está?

Ela olhou pro buquê de flores que eu segurava, depois de novo pra mim, com um olhar cheio de julgamento.

— Tá sim, vou chamar. Mas não força nada, ouviu? — ela disse séria, antes de gritar pelo apartamento. — Lari! Tem alguém aqui pra você.

Antes que eu pudesse responder, ela já estava indo embora, entrando no elevador e me deixando sozinho ali, no corredor.

A porta ainda estava entreaberta quando ouvi os passos leves e a voz que ainda mexia comigo.

— Alessandro...? — ela apareceu na porta. O tom surpreso, e aquele jeito dela... tão familiar.

Ela estava usando uma roupa simples, delicada. O tipo de roupa que ela sempre preferiu. Nada de exagero, só ela. Do jeitinho que eu sempre gostei, mesmo que na época eu não soubesse valorizar.

— Oi. — levantei o buquê. — São pra você.

Ela olhou pras flores e, sem disfarçar, disse com frieza…

— Eu te falei que não quero esse tipo de aproximação.

Engoli em seco. Aquela rejeição doeu mais do que eu esperava, mas não podia culpá-la.

— Eu sei. Não é isso, é só um agradecimento… por ter ficado comigo ontem no hospital.

Ela me encarou por alguns segundos, depois pegou o buquê com um gesto contido. Não me convidou pra entrar, nem me deu abertura. Mas não fechou a porta na minha cara também.

— Posso ver o Gabriel? — arrisquei, com a voz mais baixa. — Eu sei que ele tá se recuperando ainda… e que você não contou a ele. Mas… eu só queria ver ele um pouco, com calma.

Ela hesitou, eu percebi isso. Ficou ali, meio estática, e eu quase me preparei pra ouvir um “não”. Mas, por fim, ela abriu um pouco mais a porta e fez um gesto com a cabeça. Entrei em silêncio, o coração batendo forte demais no peito.

Ela fechou a porta atrás da gente, e eu vi quando deixou o buquê jogado no aparador, como se não significasse nada. E eu merecia isso, merecia até mais. Ainda assim, caminhei ao lado dela até a sala.

E ali estava ele. Deitado no sofá, com a lousa digital sobre as pernas, desenhando algo que eu não consegui entender. Ele ergueu os olhos e, quando me viu, sorriu.

— Tio Alessandro! — ele gritou, me desmontando inteiro por dentro.

— Oi, campeão. — sorri de volta, tentando conter a emoção. — Trouxe uma coisinha pra você.

Me aproximei e tirei da sacola o presente. Ele tentou se sentar, e antes que Larissa pudesse interferir, fui até ele e o ajudei com cuidado.

— Devagar, hein. O médico ainda não liberou corrida.

Ele riu, um riso leve e puro.

— O que é? — ele perguntou curioso, rasgando o pacote com a pressa de sempre.

Quando viu o Optimus Prime, ele gritou empolgado.

— É um Optimus! Mamãe, olha! Um Optimus Prime gigante!

— Quer que eu ligue ele? — perguntei, já me ajoelhando no chão com o controle.

— Sim! Liga, tio! Liga!

Apertei o botão e coloquei o caminhão no chão. A transformação começou, e o barulho do mecanismo, junto com o movimento do robô, fez Gabriel gritar ainda mais animado. O Optimus se ergueu quase na altura dele, com luzes piscando e a voz grave que dizia: “Autobots, roll out!”

— Quer ajuda? — perguntei, me levantando devagar.

Ela assentiu, exausta.

— Pode segurar ele no colo? Às vezes é mais fácil.

— Claro. — respondi, indo até ele. — Ei, campeão... quer vir aqui pro meu colo?

Ele me olhou, avaliando. Depois de alguns segundos, se arrastou pelo tapete e subiu no meu colo, enfiando o rosto no meu peito.

Aquele gesto… cara, aquilo me desmontou inteiro.

— Ele é assim mesmo? Foge de todos os remédios?

— Sempre. — Larissa suspirou, tentando parecer séria. — Mas esse nem é ruim, é de framboesa.

— Ouviu isso, Gabriel? — falei rindo. — É docinho, de framboesa. Igual balinha.

— Mentira, é ruim! — ele rebateu com a voz abafada contra meu peito.

Larissa riu, balançando a cabeça.

— Ele puxou isso de você, o mesmo tipo de teimosia. Você também nunca gostou de doce.

— Sério? — perguntei, surpreso. Um calor bom tomou conta do meu peito. — Então… ele puxou isso de mim?

— Puxou. Entre outras coisas. — ela disse, com um sorriso de canto que me desmontou de novo.

Aí ela mudou. Ficou mais firme, a voz mais reta. E eu conhecia bem aquele tom. Era o "fim da paciência" de Larissa.

— Gabriel. — ela chamou. Ele parou de se remexer e a olhou, mas ainda com a mão na boca. — Se você não tomar o remédio direitinho, vai ficar de castigo. Sem brinquedo, sem TV e nada de amiguinhos aqui no fim de semana. Entendeu?

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