Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 127

— Alessandro... me solta.

Ele aproximou o rosto, os olhos fixos nos meus.

— Eu não vou desistir. Eu errei, eu fui um idiota, mas eu vou consertar. Eu vou atrás da nossa família e só vou descansar quando tiver você e o Gabriel de volta. Inteiros. Comigo.

Eu encarei ele. Meus olhos nos dele e meu maldito coração… acelerando.

Apoiei as mãos no peito dele e o empurrei com firmeza. Ele me soltou, sem resistir.

— Vai cuidar desse ferimento, Alessandro.

Ele sorriu de leve, um sorriso torto, ferido, mas ainda assim… determinado. E então entrou na emergência, sem olhar pra trás.

Fiquei parada ali, do lado de fora. Respirando fundo. O coração ainda em caos.

O que foi isso? O que ele ainda podia causar dentro de mim, mesmo depois de tudo?

Eu não sabia, mas sabia que não era indiferença. E isso me assustava. Muito.

***

A sala de espera estava silenciosa, mas minha mente não. Eu encarava o chão, ainda tentando entender como tudo tinha virado de cabeça pra baixo tão rápido. Gabriel tava bem, Catherine também… Alessandro, apesar do susto e do sangue, parecia inteiro. Mas Chiara…

Suspirei, passando as mãos no rosto. Os seguranças do hospital me pediram pra aguardar ali porque a polícia ia chegar a qualquer momento pra investigar a explosão. Eles queriam depoimentos, detalhes… e eu só queria ir pra casa, abraçar meu filho e fingir que o mundo não tava virando uma zona de guerra.

Foi então que, no meio da confusão na minha cabeça, vi Fernando se aproximando.

— Larissa. — ele disse, com a voz calma, mas os olhos cansados.

Me levantei automaticamente.

— Fernando? — fiquei surpresa. — O que você tá fazendo aqui?

— O Diogo me ligou. Contou tudo sobre o que a Chiara planejou. — ele suspirou. — O caso já era meu, vim resolver tudo.

— Eu nunca imaginei que ela chegaria a esse ponto. — falei, ainda sentindo o peso das palavras. — Nunca imaginei que ela fosse capaz de…

— Ela passou de todos os limites. — ele completou, com um tom de tristeza misturado com cansaço.

Houve um momento de silêncio entre nós antes dele continuar:

— O corpo dela já foi retirado do local do acidente. E eu já resolvi a parte mais burocrática quanto ao Alessandro.

Franzi a testa, preocupada.

— Como assim? O que aconteceu com ele?

— Bem... como ele causou um acidente proposital, tecnicamente envolveu outras pessoas. Mas... ninguém se machucou. — ele me tranquilizou rapidamente. — Foi um caminhão que colidiu com o carro dele. O motorista tá bem, não teve nenhum ferimento. Só Alessandro e Chiara mesmo. O assessor dele já está cuidando das questões legais, vai ser tudo encaminhado.

Assenti, mais aliviada. Aquilo podia ter sido muito pior.

— E... o Alessandro? — ele perguntou depois.

— O médico pediu uma tomografia da cabeça para garantir que tá tudo certo. Ele tá esperando o resultado enquanto cuidam dos ferimentos. — falei, apoiando as mãos no encosto da cadeira ao meu lado. — Mas parece que vai ficar bem.

— Que bom. — Fernando respondeu com sinceridade.

Respirei fundo e passei a mão no cabelo, tentando organizar os pensamentos.

— Eu preciso ir. O Gabriel e a Catherine tão me esperando, quero ficar com eles.

Fernando me olhou por um momento e assentiu devagar.

— O Alessandro vai procurar por você, sabe disso, né?

Olhei pra ele e, por mais que uma parte minha quisesse ficar, a outra parte sabia que não podia continuar nesse vai e vem.

— Se ele perguntar… pode dizer que eu só fui embora.

Fernando me observou com atenção, mas não tentou discutir.

— Você está preocupada com ele.

— Tô. Claro que tô. — admiti. — Mas eu não posso alimentar nada. Não depois de tudo.

Ele assentiu em silêncio.

Peguei meu celular e pedi um Uber. Meu carro... bem, tinha virado cinzas. Um pequeno detalhe no meio do caos. Agora eu precisava resolver tudo: outro carro, outra rotina, outra maneira de manter minha vida funcionando. Tudo desmoronou de novo. Mas...

— Vai melhorar. — ela disse com uma certeza doce na voz. — Agora vai.

Gabriel bocejou e eu ajeitei ele com cuidado, puxando um pouco mais o cobertor e aninhando ele melhor no meu peito. Ele se acomodou, suspirando baixinho e pegando no sono.

— E o Alessandro? — ela perguntou, com um olhar que eu já conhecia.

— Tá bem. — respondi depois de alguns segundos.

— Aquele abraço que ele deu… em você e no Gabriel… — ela começou. — Parecia verdadeiro. Desesperado, sabe? Parecia real.

Fechei os olhos por um momento. Eu também tinha sentido aquilo.

— Foi. — admiti. — Eu senti. Mas... eu tenho medo, Cathe. Muito medo. De voltar a sentir o que eu sentia por ele. Agora que ele vai ficar mais presente por causa do Gabriel… vai ser difícil.

Ela me olhou com cuidado.

— Mas você voltaria com ele? Quer dizer... de verdade?

Neguei com a cabeça, o coração apertando.

— Não. Isso não pode acontecer. A gente passou cinco anos juntos, morando debaixo do mesmo teto, e tudo o que ele procurava em mim era sexo. Só isso. E eu me iludi tanto… achando que a gente podia ter um dia bom. Mas ele sempre me afastava, sempre me ignorava. E quando a Chiara apareceu de novo…

Minha voz falhou um pouco, mas continuei:

— Eu vi um lado dele que eu queria nunca ter conhecido. Vi como foi fácil ele me mandar embora, como foi fácil ele me chamar de mentirosa, dizer que eu não prestava, que nunca ia me amar. Dizer que eu era só a amante, a qualquer momento substituível. Como eu posso voltar pra esse homem, Cathe? O homem que me viu com dor, quase perdendo um filho, e ainda assim me colocou pra fora?

Senti a garganta arder.

— Ele sabia que eu estava grávida. E mesmo assim acabou com a única fonte de renda da minha família, me perseguiu como se eu fosse uma criminosa. Ele queria me destruir. Como eu volto pra alguém assim?

Catherine não disse nada. Só assentiu, com o olhar cheio de compreensão e tristeza.

Suspirei fundo, ajeitando Gabriel nos braços pra levantar.

— Não tem como, amiga. Ele arrancou um pedaço do meu coração que não se regenera. Não tem cura pra isso.

Ela assentiu de novo, e eu me levantei com cuidado, levando Gabriel pro quarto. Cada passo que eu dava parecia mais leve… mas o coração, esse ainda carregava peso demais.

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