Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 126

Meu peito parecia que tinha implodido. O som do fogo engolindo tudo era como um grito no fundo da minha cabeça. E ali estava o carro... meu carro… completamente tomado pelas chamas.

O lugar onde Catherine deveria estar.

Eu chorava, mas já nem sabia se chorava de dor, de choque ou de medo. O mundo girava, meu corpo doía, mas nada se comparava ao buraco que começava a se abrir dentro de mim.

O som de um gemido baixo, tão fraco que quase se perdeu no meio dos alarmes dos carros ao redor chamou minha atenção.

Virei o rosto, com o coração disparando de novo. Meus olhos varreram tudo, até que eu vi…

— Catherine...?

Entre dois carros, onde o alarme berrava e a fumaça começava a se espalhar, uma sombra surgiu cambaleando. Era ela.

— CATHERINE! — gritei, levantando do chão de uma vez, sem nem sentir o corpo.

Ela estava com o braço sangrando, a roupa suja, os olhos marejados. Andava com dificuldade, meio zonza… mas viva.

Corri em direção a ele.

— Catherine! Meu Deus, meu Deus... você tá viva!

Ela me viu e começou a chorar, soluçando, caindo nos meus braços assim que me alcançou.

— Você tá viva…! Meu Deus, você tá viva! — eu repetia, sem parar, a abraçando forte como se ela pudesse sumir de novo se eu soltasse.

O alívio era tão absurdo que minhas pernas quase cederam.

— Você tá bem? Hein, Cathe? Fala comigo! Você tá bem?

Ela só assentiu com a cabeça, soluçando contra o meu ombro, e eu segurei o rosto dela entre minhas mãos, tentando olhar nos olhos dela.

— Você tá aqui… você tá comigo.

Algumas pessoas se aproximaram, médicos e enfermeiros saindo correndo do hospital. Só então percebi que estavam vindo ajudar.

Me afastei um pouco, respirando fundo, pra dar espaço a eles.

Catherine olhou pra mim com os olhos inchados de lágrimas.

— Eu… eu ouvi um barulho estranho vindo do carro... e eu só pensei em correr. Mas não deu tempo. Quando eu vi… tudo explodiu. — a voz dela era trêmula, quebrada, machucada.

— Tá tudo bem agora. Você tá bem, tá viva, é isso que importa. Tá viva, Cathe… — eu disse, apertando a mão dela com força.

— Larissa! — ouvi a voz de Rafael e antes que eu pudesse olhar direito, ele já me puxava pra um abraço apertado.

Me desfiz ali mesmo. Chorei no peito dele, toda a tensão saindo como um grito silencioso.

— O que aconteceu? Tá tudo bem com você, o que foi isso? — ele perguntou rápido, olhando ao redor, ainda em choque.

Ele viu Catherine sendo amparada por dois enfermeiros e congelou.

— Catherine… meu Deus, você se machucou?

Ela olhou pra ele, ainda com lágrimas escorrendo.

— Não... não muito. Só o braço, mas eu estou bem… — a voz dela quebrou de novo.

E eu só conseguia pensar numa coisa: Ela podia ter morrido. Eu podia ter perdido minha melhor amiga. Poderia ter sido eu e meu filho…

Quando os médicos disseram que ela estava bem, que não tinha ferimentos internos, que o corte no braço seria tratado ali mesmo, eu só consegui puxá-la de novo pra perto de mim.

— Você me assustou tanto, Cathe… tanto... — sussurrei com a voz embargada.

Ela me apertou forte, e eu sentia o coração dela ainda disparado, como o meu.

Nesse momento, a enfermeira voltou com Gabriel nos braços.

— Ele tá bem, só ficou um pouco assustado com a explosão. — ela disse gentilmente.

— Obrigada, de verdade. Por ter ficado com ele. — falei com os olhos cheios, recebendo meu filho de volta nos braços.

Gabriel se aninhou em mim, ainda fungando baixinho. Eu beijei a testa dele e o abracei forte, como se meu colo fosse a única fortaleza que restava no mundo.

Me virei para Rafael, ainda sem entender como tudo aquilo tinha acontecido.

— O que foi isso? Como... como assim tinha uma bomba no meu carro?!

Rafael respirou fundo, passando a mão no cabelo.

— Alessandro me ligou há poucos minutos. Falou pra eu impedir você de entrar no carro, disse que tinha uma bomba e que era pra manter distância.

— O quê?! — minha cabeça girou — Como ele sabia disso?

— Eu não sei, Larissa. Ele estava desesperado e logo veio a explosão… e eu apressei para vir logo.

Antes que eu pudesse fazer mais perguntas, o celular dele começou a tocar. Ele atendeu na mesma hora.

— Diogo?

Silêncio.

O rosto de Rafael mudou.

— Como assim… ela morreu?!

Meu corpo travou.

— Rafa, leva a Cathe lá pra casa, por favor. Cuida deles. Eu... eu te ligo.

— Claro. Qualquer coisa, me avisa. — ele respondeu, sério.

Quando eles saíram, respirei fundo e olhei pra Alessandro. Ele parecia exausto, os olhos pesados, a expressão confusa. Comecei a caminhar devagar em direção à entrada do hospital e ele me acompanhou, meio cambaleante. Esperei até estarmos um pouco mais afastados pra perguntar…

— Agora me diz, Alessandro. O que aconteceu? Me conta tudo.

Ele demorou a responder. Passou a mão pelo rosto machucado, respirou fundo e começou.

— Chiara… ela apareceu do nada. Entrou no carro comigo no estacionamento, apontando uma arma e disse que sabia que o Gabriel ia ter alta hoje… e que você ia morrer. Você e ele. Ela colocou uma bomba no seu carro, Larissa. Ela... ela queria acabar com tudo.

Eu parei de andar, sem fôlego. As palavras batiam como socos no meu peito.

— Ela disse que você tinha ferrado a vida dela... que você ter voltado estragou tudo. Que ela sabia a hora que vocês iam sair do hospital. Eu fiquei com medo, desesperado. A única coisa que consegui pensar foi em causar um acidente pra tentar impedir…

Fechei os olhos por um segundo, tentando digerir tudo aquilo.

— E onde ela tá agora? — perguntei, ainda em choque.

Ele desviou o olhar e soltou o ar devagar, como se tivesse um peso insuportável no peito.

— Provavelmente morta. — murmurou. — Ela não estava de cinto. Quando o carro capotou... ela foi arremessada pelo para-brisa. Quando eu fui até ela... Larissa, eu acho que ela se foi.

Senti um frio percorrer minha espinha.

— Sinto muito, Alessandro. Sei que... apesar de tudo, você a amava. — engoli em seco. — Mesmo ela sendo alguém tão ruim... ninguém merece um fim assim.

Ele assentiu com dificuldade, a voz baixa e pesada:

— Ela fez muita coisa errada. Eu não a amava mais, não desde que ela voltou… mas mesmo assim… é estranho, sabe? Ela foi minha infância. Crescemos juntos, foi meu primeiro amor. E... eu causei a morte dela.

Eu parei e segurei o braço dele, fazendo-o parar também. Ele se virou devagar, e eu levantei minha mão até o rosto dele, segurando com cuidado. O sangue ainda escorria devagar, misturado ao suor e à dor.

— Alessandro, olha pra mim. Você precisou fazer isso, ela tava descontrolada, ela ia matar a gente. Você salvou o Gabriel, salvou a mim novamente. Às vezes, a vida tira o controle das nossas mãos, mas... o importante é que você dois está aqui. E o Gabriel vai poder conhecer o pai dele. Isso é o que importa.

Ele fechou os olhos por um instante e segurou minha mão que ainda estava no rosto dele, como se quisesse se prender ali.

— Eu sinto muito, Larissa. Por tudo. Eu só... eu só quero minha família de volta.

Meu coração apertou e tirei a mão do rosto dele devagar, dando um passo pra trás.

— Alessandro, eu falei sério, a gente não tem mais volta. Eu quero, sim, uma relação boa com você... por causa do Gabriel. Mas você me machucou, de um jeito que não tem mais conserto.

Vi o olhar dele quebrar. Como se minhas palavras tivessem atravessado o peito dele feito uma lâmina.

Me virei, pronta pra sair, mas ele segurou meu braço e me puxou de volta. Meu corpo colou no dele, o peito quente…Ele envolveu minha cintura com o braço, me prendendo ali.

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