Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 125

Um som agudo de buzina ecoava ao longe. Vozes distantes, sirenes talvez, gente gritando. Tudo misturado… mas nada fazia sentido.

Minha cabeça latejava, meu corpo doía como se tivesse sido esmagado por um rolo compressor.

Mas então… como se um clarão me atravessasse por dentro, eu lembrei. Larissa, Gabriel a bomba no carro.

Me forcei a abrir os olhos, sentindo a visão embaçada, mas consegui focar no banco do passageiro e estava vazio.

Chiara… não estava lá.

O vidro do para-brisa estava completamente estilhaçado… e bem no meio dele, um buraco enorme.

Não pensei. Me estiquei com o que restava de força e soltei o cinto. O peso do meu corpo despencou, me jogando contra os estilhaços. Senti os cacos cortarem minha pele, braços, costas, mas eu não me importei.

Meu celular. Cadê o celular?!

Revirei tudo, gemendo de dor, o sangue escorrendo da testa. Quando senti o aparelho com a ponta dos dedos, puxei com força e me arrastei até a porta. Mas ela estava travada. Reuni a pouca força que me restava e chutei, uma, duas, três vezes até que a porta finalmente cedeu com um rangido horrível.

Mãos se estenderam pra mim.

— Moço, calma, você tá ferido, não levanta — disse alguém.

— Tá sangrando muito, senta aqui — falou outra voz.

Mas eu empurrei as mãos, tentei ficar de pé, cambaleando.

— Eu tô bem… eu tô bem — menti, sentindo a cabeça rodar.

Pisquei algumas vezes, tentando focar a visão trincada, tremendo com o celular na mão. Toquei a tela. Estava toda estilhaçada também e a luz piscava.

Comecei a digitar "Larissa", mas os dedos tremiam. Eu não conseguia… mal enxergava.

— A moça… a moça que tava com ele tá ali! No chão!

Meu coração parou.

Virei devagar, como se o tempo tivesse diminuído e quando meus olhos bateram naquela imagem, senti o chão sumir.

Chiara.

Toda cheia de sangue. O corpo estirado no asfalto, o rosto virado de lado, os olhos meio abertos, e o sangue escorrendo dos ouvidos.

O mundo ficou mudo, as buzinas, vozes, o barulho da cidade... tudo sumiu.

Ela estava morta.

— Não… — sussurrei, quase sem ar. — Chiara…

Fui dar um passo na direção dela, mas braços me seguraram.

— Senhor, por favor, não se aproxime! A ambulância já está a caminho!

— Deixa eu ir até ela! — gritei, com a voz falhando. — Deixa eu ver ela!

Mas não deixaram.

E eu… fiquei ali. Olhando. Sentindo como se um buraco tivesse se aberto dentro de mim.

Ela foi meu primeiro amor. A garota que eu conheci ainda moleque. Dividi tanta coisa com ela… infância, adolescência… sorrisos. Planos.

E agora… agora ela tava ali. Morta.

Por minha culpa?

Foi isso que eu fiz? Mas então, veio o estalo. A bomba. O carro da Larissa. O Gabriel.

Meu coração disparou de novo.

Peguei o celular com as mãos tremendo, sangue escorrendo do meu pulso, e comecei a digitar "Larissa". Toquei pra ligar.

Chamando…

Nada.

Liguei de novo.

Nada.

— Atende, atende, pelo amor de Deus! — murmurei.

Tentei o Diogo.

Chamando…

Nada também.

— Merda!

Desci até o nome do Rafael e apertei.

Chamou uma, duas vezes.

Mas não estava tudo bem.

Olhei na direção do barulho, da fumaça que começava a subir.

E meu coração gelou.

O carro... Catherine.

— Catherine! — gritei, com o peito rasgando.

Uma enfermeira saiu apressada da recepção e eu corri até ela.

— Por favor, fica com ele! Por favor! A tia dele… ela estava indo no carro!

— Senhora, calma, o que houve?

— Só fica com ele! — praticamente empurrei Gabriel nos braços dela, já correndo na direção da fumaça.

O ar estava quente, pesado, o cheiro de queimado começava a invadir tudo. Meus pés batiam no chão com força, e meu coração... Deus, meu coração parecia que ia parar.

Gente corria na mesma direção que eu, alguns tentavam filmar, outros gritavam.

E quando eu finalmente consegui enxergar de onde vinha a fumaça, meus olhos se arregalaram.

Era o meu carro.

Não... não, não, não!

— CATHERINE! — berrei, com tudo dentro de mim, minha voz quase rasgando minha garganta. — CATHERINE, NÃO!

Tentei correr, mas braços me seguraram.

— Moça, não chega perto! Tá perigoso!

— A MINHA AMIGA TÁ LÁ! ME SOLTA! ME SOLTA! — gritei desesperada, lutando contra quem tentava me proteger.

— Tem fogo, você vai se machucar!

— A CATHERINE TÁ LÁ DENTRO! EU VI ELA INDO!

As lágrimas já desciam como se fossem sangue. Eu gritava, implorava, me debatendo como uma criança que perde tudo de uma vez só.

— Catherine! Por favor, responde! CATHERINE!

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