Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 115

Fechei os olhos, sentindo o peso no peito. O Gabriel era só um garoto e estava sentindo no instinto que alguma coisa ruim tinha acontecido com a mãe que cuidou dele por tanto tempo.

— Como ele está agora? — perguntei.

— Ele estava um pouco agitado e para não agravar a situação dele, a doutora deu um calmante e ele dormiu. Preciso que você me diga, já descobriram onde a Larissa está?

Demorei pra responder. Diogo e Fernando me observavam, atentos.

— Ainda não, mas recebemos um vídeo, Enzo tá tentando me atrair pra uma emboscada. — A garganta travou. — E a Chiara fugiu, ela está envolvida em tudo.

Do outro lado, silêncio.

Depois Rafael soltou um suspiro, abafado.

— Droga. Sabia que tinha algo errado. Eu vou segurar o Gabriel o máximo que puder, mas ele sabe que tem algo de errado e eu fico preocupado com o estado dele.

Senti o estômago afundar. A culpa me esmagava por dentro.

— Diz pra ele que tudo vai ficar bem, que a Larissa vai voltar — Prometo.

Desliguei com a mão trêmula, engolindo a culpa como um veneno.

Fernando me olhou, sem dizer nada. Mas eu vi nos olhos dele que entendia.

— Vamos trazer ela de volta, Alessandro — ele disse. — E depois... você conserta tudo com seu filho.

— Eu vou consertar — falei, firme, me erguendo da cadeira. — Mas primeiro, a gente vai acabar com esse inferno de uma vez por todas.

Diogo bateu com os dedos no teclado, fechando a tampa do notebook.

— Então vamos montar esse inferno como se fosse o deles... mas que acabe sendo o nosso campo de batalha.

***

As palavras do Rafael ainda martelavam na minha cabeça enquanto eu vestia o colete à prova de balas.

Fechei os olhos por um segundo e respirei fundo. Não era hora de sentir, era hora de agir.

Fernando surgiu ao meu lado, conferindo o ponto no meu ouvido.

— Testa aí. — disse.

— Me escutam? — falei, com a voz seca.

— Claro e alto — respondeu Diogo do outro lado. Ele estava na van de vigilância, a algumas ruas de distância do galpão.

Fernando me entregou um pequeno dispositivo, parecido com um botão.

— Isso ativa o sinal de emergência. Se apertar, entramos. Independente do que esteja acontecendo.

Assenti. Olhei para o relógio.

21h43.

A mensagem no vídeo mandava que eu estivesse lá às 22h.

— Os drones já mapearam tudo — Diogo falou pelo ponto. — Três entradas, uma principal e duas laterais. Nenhuma movimentação externa até agora, mas tem um carro estacionado nos fundos. Alguém já está lá dentro.

Suspirei e peguei o celular uma última vez. Abri o vídeo. De novo.

“...Você precisa vir. Eu não sei mais o que fazer... É o galpão da Estrada Velha... aquele que você sempre dizia que parecia cenário de filme de terror. Lembra?... Eu nunca gostei de filmes de terror...”

A frase ecoou de novo. Eu a conhecia, conhecia Larissa.

Ela estava me avisando.

Fechei o vídeo, guardei o celular e encarei Fernando.

— Vamos fazer como combinamos. Eu entro pela frente e dou a eles o show que querem. Vocês cercam tudo. Se eu não sair em quinze minutos, vocês entram e acabam com isso.

— Alessandro... — Fernando hesitou. — Você sabe que pode dar merda, né?

— Já tá tudo uma merda. Só me garante que, se eu cair, vocês dão um jeito de salvá-la. Algo me diz que ela não está nesse galpão, mas se pegarmos o Enzo ou qualquer outro cara, é mais uma chance de chegar até ela.

Ele me encarou por um momento, depois assentiu. Forte. Convicto.

— Você não vai cair.

Entramos no carro. O caminho até a Estrada Velha parecia mais longo do que nunca, mesmo sendo só quinze minutos. O asfalto irregular, as árvores sem vida dos dois lados, o galpão velho surgindo no horizonte como uma sombra esperando por mim.

Meu coração batia tão alto que eu mal ouvia os pneus no chão.

Fernando segurava um tablet com as imagens dos drones. O galpão parecia quieto demais. Nenhum movimento nas entradas. Nenhuma luz. Nenhum som.

— Chegamos — disse o motorista.

Desci do carro com as mãos suando e a respiração pesada. As botas afundaram ligeiramente na terra úmida. A fachada do galpão estava exatamente como eu lembrava: velha, enferrujada, esquecida pelo mundo.

— Estou indo. — falei pelo ponto.

— Cuidado. — a voz de Diogo respondeu.

— Se prepare. — Fernando completou. — E escuta, se for uma emboscada... reage. Não morre como herói, Alessandro.

Assenti, apertando os punhos.

Eu não ia morrer, ia lutar.

Por Larissa e por Gabriel. Por tudo o que roubaram de mim. E dessa vez, alguém ia pagar caro.

Muito caro.

O silêncio lá fora era tão denso que parecia grudar na pele. O carro parou a uns cinquenta metros da entrada do galpão e o motor desligado deixou tudo ainda mais sepulcral.

Eu respirei fundo.

Minhas mãos estavam úmidas dentro das luvas. O colete pesava no peito como uma lembrança de que qualquer passo em falso podia ser o último.

O galpão estava à minha frente, imenso e podre, com as portas de ferro meio abertas e a escuridão engolindo tudo lá dentro. Aquela porcaria realmente parecia um cenário de filme de terror. Um sinal. Um aviso. E ainda assim, eu estava ali.

Luzes surgiram dentro da estrutura e então, eles apareceram.

Cinco.

— Fernando, mantenha a equipe pronta. Eu vou ganhar tempo.

Me preparei.

Ali, frente a frente com o homem que virou tudo de cabeça pra baixo, eu sabia: ou saía com ela viva… ou a noite ia terminar em sangue.

E eu ainda não sabia de quem.

Eu mantinha os olhos nele.

Cada palavra que saía daquela boca maldita era como gasolina num incêndio que eu lutava pra apagar por dentro.

Mas eu não podia perder o controle. Não agora.

— Você sabe, né? — Enzo começou de novo, caminhando de lado, os braços abertos, como se estivesse passeando. — A Larissa não te ama mais, ela se permitiu se envolver comigo, pobre coitada, desesperada para amar outro homem e esquecer você de vez… nós nos beijamos e…

Ele sorriu, fazendo um gesto com as mãos e eu fiquei imóvel. Esse desgraçado tocou nela?

Minha mandíbula travou tanto que senti estalar.

— Você é patético — respondi, tentando manter a voz firme. — Larissa até poderia se permitir uma nova coisa com você, se ainda fingisse ser quem não é, mas agora que ela sabem quem é o merda que você é, ela nunca vai te amar ou ao menos olhar para você a não ser com nojo.

Ele riu. E dessa vez foi um riso mais frio, sem nenhuma teatralidade.

— Eu tenho ela, não preciso do amor dela. Preciso daquele corpo delicioso apenas. E daqui a pouco, vou ter o seu sangue nas minhas mãos.

Vi quando um dos homens atrás dele fez um leve movimento com a arma. O dedo roçando o gatilho.

Eles estavam se preparando. Era agora.

— Diogo — murmurei quase sem mover os lábios. — Tá tudo pronto?

— Três... dois...

O som nos meus ouvidos parecia abafado. O coração batendo como um tambor dentro do peito.

— Um.

Eu me abaixei no mesmo segundo em que os primeiros tiros ecoaram.

— Vai, vai, vai! — gritou Fernando pelo ponto, e num piscar de olhos, luzes estouraram ao redor, granadas de luz, fumaça invadindo o ambiente. Um dos homens de Enzo foi atingido no peito e caiu gritando.

Eu rolei pro lado, sentindo o corpo bater no chão áspero e a fumaça começar a se espalhar como neblina densa.

Gritos. Estalos. Tiros. Confusão.

Vi Enzo recuando, tentando fugir pelo galpão, mas antes que pudesse ir muito longe, Fernando e mais dois agentes surgiram na lateral.

Um dos homens me agarrou pelo braço, e não consegui ver quem era. A fumaça queimava os olhos, o som da confusão era ensurdecedor.

— Alessandro! Tá tudo bem?

— Tô bem! Tô bem! — gritei, mas na verdade... eu não tinha certeza.

Um calor estranho espalhou pelo meu lado esquerdo. Um impacto forte. Algo tinha me acertado?

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