(Alessandro)
Eu estava na sala, andando de um lado para o outro, com o celular na mão, esperando qualquer notícia. Cada segundo sem uma pista era uma tortura. Os seguranças tinham ido atrás da Chiara, mas nada. Nenhum sinal dela, nenhum rastro de Enzo.
Meu coração parecia um tambor dentro do peito.
Então meu celular apitou e ao abrir, vi que tinha recebido um vídeo de um número desconhecido.
O sangue gelou nas minhas veias. Minhas mãos tremiam quando abri a mensagem. O arquivo carregou devagar demais pro meu gosto, como se o destino quisesse brincar comigo mais um pouco.
A tela clareou e vi Larissa.
Meu coração parou por um segundo. O rosto dela estava machucado, os olhos vermelhos, lábios rachados. Ela parecia... destruída. Chorando de verdade, sentada num lugar escuro, com uma luz dura no rosto.
— Alessandro... sou eu. — a voz dela quebrou. — Por favor... eu tô com muito medo. Eles me trouxeram pra um lugar horrível. Você precisa vir. Eu não sei mais o que fazer.
Eu levei a mão à boca, tentando conter o desespero. A dor no peito era física, real. Eu podia sentir a respiração falhando.
— É o galpão da Estrada Velha... aquele que você sempre dizia que parecia cenário de filme de terror. Lembra? — ela hesitou, as lágrimas descendo. — Eu nunca gostei de filmes de terror, você sabe disso.
Galpão da Estrada Velha.
Aquela frase me acertou como um murro.
O vídeo continuava.
— Vem sozinho, tá? Sem seguranças. Eles disseram que vão me machucar se você trouxer alguém. Por favor... só vem.
A tela ficou preta.
Eu congelei. Os olhos fixos no nada. A dor virou raiva, pânico, impulso.
— Eu vou até lá. Agora. — falei, já me levantando.
— Alessandro! — Diogo surgiu na porta, com Fernando atrás. — Você ficou maluco? Isso pode ser uma armadilha!
— Vocês ouviram? Então viram que ela tá sofrendo! Você viu o rosto dela? — eu gritei. — Eu não vou ficar aqui sentado esperando ela morrer!
— E se for isso que eles querem? — Fernando falou, sério. — Que você vá. Sozinho. Pra cair direto no colo deles?
— Eu não posso não ir! Eu...
Minha voz falhou. A imagem dela chorando ainda queimava na minha cabeça.
— Vamos assistir de novo — disse Fernando. — Com calma. Por favor.
Engoli seco e assenti, entregando o celular.
Ele deu play, e nós assistimos juntos.
Quando Larissa disse a frase de novo.
— Espera, pare e escutem isso. “Eu nunca gostei de filmes de terror.”
— E daí? — Diogo perguntou.
— E daí ela adora filmes de terror. Ela assistia e no final da noite acordava com pesadelos e com medo. Mas no dia seguinte, voltava a assistir um lançamento.
Fiquei em silêncio.
Fernando me encarou.
— Isso foi uma pista. Ela tá tentando te avisar.
Meu estômago virou.
— Merda...
— Ela disse pra você ir no “galpão que parece cenário de filme de terror”. E depois disse que odeia filmes de terror. É uma contradição deliberada. Ela quer que você perceba que é uma emboscada, mas não pode dizer diretamente.
Me sentei devagar, como se meu corpo inteiro tivesse sido esvaziado.
Ela tava tentando me salvar, mesmo sendo ela quem precisava ser salva.
— Então... o que eu faço? — minha voz saiu baixa.
Fernando olhou pra mim.
— A gente vai montar um plano, mas você não vai sozinho. A gente vai encontrar ela e sair disso vivos.
Me permiti respirar.
Só um pouco.
Eu sabia que tinha um inferno esperando do outro lado do caminho. Mas agora... pelo menos eu não ia entrar nele de olhos fechados.
Eu estava em silêncio, encarando o chão como se alguma resposta fosse aparecer entre os veios da madeira. A imagem da Larissa implorando na tela ainda ecoava na minha mente, como uma ferida aberta.
Mas o silêncio foi quebrado por mim mesmo, porque tinha algo que eu precisava dizer. Algo que ainda pesava no fundo da minha garganta.
— Acho que não, eu consegui ver o pavor nos olhos dela quando disse que Enzo está aqui na cidade — completei, sentindo o gosto amargo da verdade. — Ela pode saber de muita coisa, mas vai tentar fugir principalmente de Enzo.
Me virei pra eles, decidido.
— A gente vai ao galpão. Mas do nosso jeito, vamos virar esse jogo.
Fernando assentiu, firme.
— E vamos encontrar essa cobra da Chiara também. Antes que ela cause mais estrago.
O clima na sala mudou, Já não era só desespero.
Era guerra.
E dessa vez, eu tava pronto pra ir até o fim.
Sentamos ao redor da mesa do escritório, os três. Fernando pegou um bloco e começou a rabiscar rotas, horários, possibilidades. Diogo abriu o notebook, acessando câmeras de segurança próximas da Estrada Velha. E eu... bem, eu tentava manter a cabeça no lugar, o que era quase impossível com tudo girando.
— Precisamos pensar como o Enzo — disse Fernando, desenhando um pequeno mapa. — Ele quer te isolar, Alessandro. Se ele te matar,não sei bem o motivo, mas de qualquer forma você morrer não é uma possibilidade. Então o que a gente tem que fazer é o contrário: virar a armadilha contra ele.
— Já mandei os drones sobrevoarem a área do galpão — disse Diogo, sem tirar os olhos da tela. — Se a gente conseguir um visual bom antes de você ir, conseguimos planejar uma entrada surpresa. Pode ter gente armada lá ou pior.
Assenti, embora por dentro o sangue já estivesse fervendo.
— Eu vou — falei. — Mas não sozinho. A gente vai montar tudo como se eu tivesse indo de verdade, seguindo o que o vídeo mandou. Mas antes de eu chegar lá, vocês já estarão posicionados. Qualquer movimento estranho, vocês entram.
Fernando concordou.
— Mas você vai usar colete e fone no ouvido.
Foi então que o celular vibrou no bolso. Atendi sem nem olhar, no automático.
— Alô?
A voz do outro lado me pegou desprevenido.
— Alessandro? É o Rafael.
Endureci no mesmo instante.
— O que houve?
— É o Gabriel. Ele tá perguntando da Larissa... tá inquieto. Disse que sente que tem alguma coisa errada. Ele ouviu vocês conversando ontem e ficou com aquilo na cabeça.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...