Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 108

Enzo se virou de novo para Matheus, o sorriso cínico dando lugar a um olhar afiado, quase curioso, como se estivesse prestes a fazer uma pergunta retorcida.

Mas eu não consegui me segurar.

— O que você quis dizer com aquilo do divórcio? — perguntei, a voz saindo trêmula, mas firme. — Como você sabe disso?

Ele parou, bem no meio do caminho até o irmão. Virou o rosto lentamente para mim, os olhos brilhando com aquela diversão sádica que me dava enjoo.

— Ah... você não sabia? — Ele deu uma risada curta, debochada. — Acha mesmo que seu maridinho perfeito assinou alguma coisa? Você pode até ter assinado o divórcio há quatro anos, mas ele... não.

Minha respiração engasgou no peito e o ar pareceu faltar.

— Isso é mentira... — sussurrei, mais pra mim do que pra ele.

Enzo deu de ombros, como se estivesse comentando algo trivial.

— Legalmente, você ainda é casada com Alessandro. Que romântico, não?

Ele se virou por completo, caminhando até mim novamente. A cada passo dele, meu estômago apertava mais.

— Mas não se preocupa com isso, meu amor... — ele disse com suavidade doentia. — Eu não me importo. A gente vai se casar também. É só você ficar viúva.

Minha pele arrepiou por completo.

— Você é um psicopata! — cuspi.

— Ele assinou, sim! — completei, quase querendo convencer a mim mesma. — Eu vi... eu... eu deixei os papéis com o advogado. Tudo foi feito!

Enzo arqueou uma sobrancelha, o sorriso voltando ao rosto.

— E você chegou a conferir? A ver se ele realmente assinou? Ou simplesmente seguiu em frente como uma boa garota traumatizada?

Minhas palavras morreram na garganta.

Porque não… eu nunca tinha verificado.

Eu não quis.

A verdade é que tudo aconteceu tão rápido, tão doloroso e tão sujo. Eu não queria mais saber nem lembrar de que fui casada com Alessandro. De que… o amei. Eu só queria deixar aquilo enterrado.

Engoli em seco, olhando para meus próprios pés, sentindo como se algo enorme pressionasse meu peito. Como se um peso invisível esmagasse minhas costelas por dentro. Eu quase não conseguia respirar.

Por quê, Alessandro? Por que não assinou?

O que você ainda quer de mim?

De repente, meus cabelos foram puxados com uma força brutal e um gemido escapou da minha garganta quando mordi o lábio com força para não gritar. Meus olhos arderam, mas eu não ia chorar.

Enzo estava com o rosto colado no meu, a respiração dele quente.

— Ficou feliz, hein? — ele sussurrou com ódio. — Feliz em saber que ainda é casada com aquele desgraçado?

— Você está me machucando... — consegui dizer entre os dentes.

Mas ele não se importou.

— Esquece ele, Larissa! — rosnou, apertando ainda mais. — Você não tem que pensar nele! Tem que pensar em mim! Eu vou cuidar de você. Ele já me tirou a Chiara, ele não vai tirar você também.

Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo no ouvido. Mas não de medo e sim de raiva, de nojo e impotência.

— Eu nunca vou ser sua.

Enzo me soltou de repente, rindo alto e jogando a cabeça pra trás.

— Tola... — murmurou, como se estivesse se divertindo com a minha resistência. — Tão tola.

Eu o encarei, mesmo com o rosto ardendo e os olhos marejados.

Ele parou enquanto respirava fundo. Seus punhos estavam manchados de sangue e então puxou um lenço branco do bolso como se estivesse num maldito filme e limpou as mãos com calma, como se aquilo tudo fosse só uma inconveniência social.

Depois, virou-se e puxou uma cadeira velha no canto do quarto, posicionando-a bem na frente de Matheus e sentando com elegância absurda, como se estivesse numa entrevista.

— Agora, querido irmão... — disse ele, apoiando os cotovelos nos joelhos e juntando as mãos. — Por que você não abre logo o bico e me diz... onde vocês enfiaram a porra do dinheiro?

Meu corpo congelou.

— Quê? — minha voz saiu num sussurro, fraca.

Meus olhos correram para Matheus, que sangrava pela boca e pelo nariz. Ele não respondeu nada, só olhou para o chão.

— Que dinheiro? — perguntei, agora encarando ele. — Matheus... que dinheiro é esse?

Ele ergueu o olhar até mim, e havia algo ali... uma culpa silenciosa, um arrependimento que me deixou com um gosto amargo na boca.

— Chiara está envolvida? — minha voz quase falhou.

Enzo riu baixinho, tamborilando os dedos no joelho.

— Claro que está. — disse ele, num tom doce demais pra ser sincero, ele se virou para Matheus. — Ela ajudou a esconder. Os dois fizeram isso juntos. E você acha que ela é santa... mas no fundo... — ele inclinou o corpo pra frente, olhando nos olhos do irmão — ...ela é tão traíra quanto você.

— Por que ela faria isso? — perguntei, mais pra mim do que pra eles. — O que tá acontecendo?

Matheus engoliu em seco e sussurrou:

— É mais complicado do que parece, Larissa...

Enzo riu alto.

— Sempre é, não é? — Ele bateu palmas como se estivesse encantado com o drama. — Agora fala, Matheus. Antes que eu perca a paciência de novo.

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