(Alessandro)
Tirei aquela maldita bata de hospital com um puxão seco. O ferimento ainda doía, claro, mas eu não sentia nada perto do que estava queimando dentro de mim. A cada segundo, a ideia de Larissa estar em perigo me consumia.
Todos falavam pra eu ficar, que eu não tinha recebido alta, mas que se danem todos. Ninguém ia me manter aqui enquanto ela estava sabe-se-lá-Deus-onde.
— senhor Alessandro, por favor, você precisa descansar… — uma enfermeira tentou argumentar, mas eu a ignorei.
Catherine estava sentada num canto do quarto, chorando baixinho. Ela levantou o olhar por um instante, os olhos vermelhos e a voz embargada.
— Fui eu… fui eu quem falou pra ela ir ver o Enzo. Ele ligou tão desesperado, disse que tava machucado, ferido… eu achei que ela só ia dar uma passada rápida lá. Eu nunca imaginei que ele... que ele fosse o responsável por tudo aquilo que fizeram com ela…
Tentei respirar fundo, conter a raiva. Mas não consegui. Tudo que eu conseguia pensar era no quanto ela tinha sido idiota. Como alguém tão próxima podia ser tão estúpida?
Me virei pra ela devagar, engolindo as palavras que quase saíram cortando.
— Você acha que isso justifica? Ela saiu pra ver um homem, Catherine. O filho dela tinha acabado de sair de uma cirurgia e ela simplesmente… foi embora. Pra ver o Enzo.
Ela soluçou mais alto, abaixando o rosto entre as mãos. Talvez fosse cruel, mas eu não sentia pena. Não agora.
Diogo entrou no quarto, preocupado. Ele veio até mim com aquela cara de sempre, tentando ser o equilíbrio do mundo enquanto tudo pegava fogo.
— Alessandro, cara… pensa com calma. Você não tá em condições de sair assim. Deixa que a gente procura por ela. Você precisa se recuperar.
— A Larissa é minha esposa. Eu quem vou atrás dela. — respondi seco, puxando a camiseta pela cabeça, sentindo o corte latejar.
Ele franziu o cenho, confuso.
— Ela não é mais sua esposa, Alessandro. Vocês estão separados, lembra?
Fiquei em silêncio por um segundo.
— É sim. — falei baixinho, como se admitisse algo pra mim mesmo.
Ele me encarou com aquela expressão de quem não sabia se me questionava ou respeitava meu momento. Mas não houve tempo pra perguntas, porque a porta se abriu.
Fernando entrou, a expressão grave, e me olhou surpreso quando me viu já trocado, em pé.
— Alessandro… — ele balançou a cabeça com leve surpresa, mas respirou fundo. — Descobrimos para onde ela foi. É uma uma clínica, no fim do mundo. Um lugar estranho. E…
— E? — avancei um passo. A pressão no peito aumentou.
— Houve um tiroteio lá.
Senti o coração parar. Literalmente. Por um segundo, tudo ao meu redor desapareceu. O hospital, os sons, as pessoas. Só fiquei eu… e o medo.
— Larissa? — perguntei. Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.
Fernando hesitou.
— Haviam vários corpos, mas nenhum era o dela.
Fechei os olhos sentindo um alívio momentâneo. Ela estava viva. Ou ao menos... não morta.
Comecei a andar de um lado para o outro, sentindo a dor se espalhar nas costelas, mas não parava. Não podia parar. Ela estava viva. Mas nas mãos de quem?
— Tem câmeras? Alguma coisa? Semáforos? Ruas próximas? Como descobriram isso? — Diogo perguntou, tentando pensar mais rápido que todos nós.
— Já estamos providenciando isso. — Fernando respondeu, sério. — O pessoal de monitoramento da cidade já está rastreando as imagens, tentando entender para onde foram. Já ativamos contato com inteligência também. Não vai demorar muito pra termos uma rota.
Assenti, respirando pesado.
— Eles não vão sumir com ela. Não comigo aqui.
Ninguém respondeu, o silêncio no quarto dizia tudo. Eles sabiam o que eu faria. O que eu precisava fazer e ninguém teria coragem de me impedir.
Larissa me pertencia. E se alguém ousasse encostar um dedo nela… que Deus tenha piedade.
Porque eu não teria.
***
— Eu não vou deixar ninguém te machucar, Chiara. Eu prometo. — sussurrei contra o cabelo dela. — Mas agora você precisa ir pra casa. Eu mandei reforçar a segurança, vai ter gente te vigiando vinte e quatro horas por dia. Você vai ficar bem.
Ela se afastou um pouco, enxugando o rosto.
— E você? Você vai atrás da Larissa?
Eu encarei ela por um segundo.
— Ela é a mãe do meu filho. — falei com firmeza.
E foi o suficiente pra ver a mudança nos olhos dela. Os olhos que antes estavam assustados agora se estreitaram, carregando uma raiva silenciosa.
— Você ainda ama ela, né? — cuspiu.
Revirei os olhos e dei um passo pra trás.
— Agora não é hora pra isso.
— Claro que é! Eu tô aqui o tempo todo com você, e ela só aparece e você… você esquece de tudo?!
— Chega, Chiara. — interrompi, a paciência se esgotando. — Você sabia o tipo de relação que eu tenho com ela. Não me vem com essa conversa agora.
Ela abriu a boca pra dizer algo, mas antes que pudesse soltar mais alguma bobagem, me virei para um dos seguranças que estavam mais perto.
— Leve-a pra casa fique de olho nela. Ninguém entra, ninguém sai sem minha autorização. Entendeu?
O segurança assentiu com firmeza e se aproximou de Chiara.
— Vamos, senhorita.
Ela ainda tentou resistir, mas eu já tinha virado as costas. Não havia mais tempo pra explicações. Nem pra crises de ciúmes.
A Larissa estava em perigo.
E nada, nada ia me impedir de tirá-la das mãos daquele desgraçado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...