POV AMÉLIA.
Essa Cecília me parece gentil, mas não devo acreditar em sorriso e palavras bonitas. Devo lembrar que ela é irmã desse ogro e que estou no meio de um bando de lobisomens sanguinários que odeiam humanos. Acho melhor continuar fingindo ser obediente para sobreviver nesse lugar e tornar minha estadia aqui agradável.
— Olá! Sou Amélia Carter. — Me apresentei, sendo educada.
— Eu sei. Como está se sentindo? — Perguntou Cecília entusiasmada.
— Me sinto bem. Só meu pé que dói um pouco. — Respondi.
— Entendo. Você foi muito imprudente em fugir e correr por uma floresta desconhecida. Seu pé demorará a se curar. Não aja mais com imprudência. — Advertiu Cecília. Esse ser está me dando uma bronca. Quem ela pensa que é?
— O desespero nos leva a agir sem pensar nas consequências. Uma pessoa com medo fará tudo para fugir do que lhe causa esse sentimento. E uma mãe mata e morre por seus filhos. — Falei firme e tranquila.
— Sim, você está certa. Não queria te ofender. — Falou Cecília.
— Você não me ofendeu. Só não considerou os dois lados da história. — Expliquei. Quando Cecília iria me responder, meu estômago roncou alto, chamando atenção de todos.
— Pela deusa, tem alguém com muita fome aqui. — Disse Cecília e começou a sorrir.
Fiquei com vergonha por ter um estômago escandaloso. Mas ninguém pode me julgar. Esse povo acha que vivo de vento. Ninguém me alimenta nesse lugar.
— Cecília vá pedir que sirvam a refeição. — Ordenou Magnos a irmã.
— Eu já fiz isso no momento que escutei seu carro chegando. A cozinheira já está aposto na sala de refeição, só está lhe esperando para servi. Todos sabemos que você detesta comida fria. — Falou olhando para o irmão. Magnos me olhou e começou a se aproximar.
Ele se inclinou e me pegou nos seus braços. Notei que ele não gostou quando o toquei da outra vez. Então resolvi não facilitar para Magnos. Agarrei seu pescoço com firmeza, me recusando a me soltar. Magnos não iria me soltar e correr o risco de me deixar cair. Então, eu faria que ele ficasse bastante desconfortável com a minha proximidade. Senti o corpo dele ficar rígido. Encostei minha cabeça perto de seu pescoço e pude ouvir como seu coração acelerou.
Magnos caminhou apressado e logo me colocou sentada na cadeira e se afastou rápido. Ele se sentou na cadeira da cabeceira da mesa e tinha uma expressão irritada. Olhei para Cecília, que estava parada de pé de frente para mim. Ela olhava assustada para o irmão, depois para mim.
Eu a observei bastante curiosa para saber porque ela estava nesse estado. Mas Cecilia logo puxou a cadeira e se sentou e sorriu para mim como se nada tive acontecido. Meu estômago roncou de novo e não passou despercebido.
De repente, pessoas começaram a entrar carregando recipiente com comida. Minha boca salivou só em pensar que eu iria comer. Peguei meus talheres e segurei com força. Estou há dias sem comer algo sólido. Sobrevivi à base de soro na veia. Estou grávida, preciso de comida. Já estava sonhando, me vendo devorando um franguinho assado com algumas batatinhas, uma bela salada com bastante verduras e, de sobremesa, um sorvete de chocolate. Até salivei em antecipação.
Quando colocaram os recipientes sobre a mesa e olhei para eles, deixei até meus talheres caírem. Mas que merda é essa? Só havia carne e muito mal assada. Eu podia ouvir o boi mugindo. Olhei para Magnos e Cecilia. Eles também estavam me olhando. Cecilia parecia confusa, já Magnos estava o mesmo sendo indiferente.
— Você está bem, Amélia? — Perguntou Cecilia. Tenho certeza de que devo estar com uma expressão horrível.
— Então coma logo. — Falou Magnos, rude.
Olhei para aquela abundância de carne sangrando e me lembrei de que estas bestas comem carne humana. No mesmo instante, meu estômago se revirou e senti que iria vomitar. Me levantei rápido, apoiando em minha perna que meu pé não estava machucado.
— Preciso ir ao banheiro agora. Estou enjoada. — Falei agitada e sentia meu estômago revoltado.
— Você não vai sair dessa mesa enquanto não alimentar meus filhotes. Então, sente-se antes que eu te faça sentar. — Falou Magnos com raiva. Olhei para Cecilia com um pedido de ajuda.
— Irmão, deixa ela ir ao banheiro rapidinho. Depois ela volta para comer. — Pediu Cecília, nervosa. Magnos virou sua cabeça para a direção de Cecilia e se levantou rápido. Vi Cecília ficar pálida de repente.
— Como você ousa se meter em meus assuntos. Quem é você para questionar uma ordem de seu Alfa? Esqueceu qual é seu lugar, devo te lembrar o que acontece com quem me questiona? — Disse Magnos com uma voz monstruosa que me fez sentir muito medo. Olhei para Cecília, que se contorcia e mostrava o pescoço. Ela demonstrava estar sentindo muita dor.
— Me perdoe, alfa. Não foi minha intenção te questionar. Isso não vai mais acontecer. — Falou Cecilia com dificuldade. Eu não sabia o que esse ogro estava fazendo, mas estava machucando sua irmã.
Magnos tirou sua atenção de Cecilia e a direcionou a mim. No momento em que meus olhos se encontraram com seu olhar cruel e desprovido de bondade. Senti o vomito subindo pelo meu esôfago. Só deu tempo de me virar e vomitar no chão. E, por azar ou sorte, vomitei no pé do Magnos. Continuei colocando tudo para fora, mas escutei um rosnado monstruoso e meu nome ser gritado com muita raiva.
— AMÉLIA. — Gritou Magnos nada feliz. Acho que estou encrencada. Mas a culpa é desse infeliz que não me deixou ir ao banheiro.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: GRÁVIDA DE UM ALFA POR ACIDENTE