POV MAGNOS.
O sol já iluminava o quarto, me incomodando. Abri os olhos e a claridade me perturbou. Ao meu lado, Amélia dormia profundamente, e os quadrigêmeos estavam agarradinhos uns aos outros entre nós dois. Eu os coloquei na cama no meio da madrugada. Os quatro resmungaram, mas Amélia lhes amamentou e se acalmaram. Seus pequenos peitos subiam e desciam em um ritmo tranquilo. Era uma visão que eu jamais imaginaria ter há alguns meses. Minha companheira, meus filhotes… era maravilhoso tê-los.
Levantei-me com cuidado, tentando não acordar nenhum deles. Senti o cheiro de Morgana no corredor; ela devia ter vindo ajudar a dar banho e cuidar dos filhotes. Confesso que, apesar de ainda nutrir desconfiança em relação a ela, seu auxílio durante o primeiro dia caótico com os quadrigêmeos foi inegavelmente útil.
Eu sabia que poderia confiar nela para cuidar de Amélia e dos nossos filhotes enquanto eu me afastava por um tempo. Era estranho não me incomodar com a presença de Morgana. E era curioso ficar irritado com a simples aproximação dos meus pais e irmã. Antes de sair, deixei um beijo suave na testa de Amélia. Abri a porta e Morgana estava com aquele sorriso debochado no rosto.
— Você está acabado, lobinho. — Disse ela. Eu suspirei, não queria me irritar com ela.
— Cuide bem deles, Morgana — murmurei enquanto dava passagem. Seus olhos me observavam com uma curiosidade silenciosa. Ela acenou com a cabeça, sem dizer uma palavra, mas seus olhos determinados me diziam que ela os protegeria com a própria vida. Saí rapidamente antes que desistisse. Ivan me esperava do lado de fora da minha casa com seu carro. Ele me cumprimentou com uma reverência.
— Alfa Magnos, meu amigo, parabéns pelos filhotes. — Disse Ivan, me parabenizando, sorrindo feliz. Nunca o vi tão animado.
— Obrigado, Ivan. Agora, vejamos nosso hóspede. — Comentei.
Entramos no carro e ele dirigiu até a prisão subterrânea, onde mandei colocar Héctor. Quando chegamos à cela e o vi, arregalei os meus olhos. Morgana havia deixado ele destruído. Pensei em sentir pena dele. Só que não, ele mereceu. Aquela rainha das bruxas sabia torturar.
— Morgana parecia um demônio quando atacamos Héctor e seus lobos. — Comentou Ivan mentalmente ao ver minha surpresa.
— Estou surpreso com essa fúria dela. — Falei.
— Aquela louca não deixou nenhum lobo para mim. Tive que me contentar em arrastar o que sobrou de Héctor para cá. — Disse Ivan, admirado e assombrado com Morgana.
Olhei para Héctor e lá estava ele, sentado em uma cadeira de metal, acorrentado e sujo, mas com o olhar ainda cheio de ódio. Ao nos ver, ele se endireitou, os olhos estreitando-se como uma serpente pronta para atacar.
— Magnos — Héctor disse com um sorriso cínico no rosto. — Finalmente decidiu descer do seu trono para me visitar? — Perguntou Héctor. Ignorei seu sarcasmo e aproximei-me lentamente, com Ivan sempre em alerta ao meu lado.
— Vejo que teve um encontro com a rainha das bruxas. Mas não estou aqui para falar da surra que você levou, e sim para ouvir suas explicações. — Comentei rindo. Ele riu, uma risada seca e amarga.
— Explicar? Não é óbvio o suficiente? Você roubou tudo de mim! — Falou, se referindo à Cátia, ele ainda remoendo o passado. Cruzei meus braços, mantendo-me firme.
— Não quero saber da história. Você sabe muito bem que Cátia era minha companheira e nunca teve nada com você. E que tudo é devido à sua inveja por mim. Quero saber por que lançou a maldição. Por que tentou destruir os lycans? — Perguntei, já sabendo que não era sua intenção atingir a comunidade lycan. Seus olhos faiscaram, cheios de raiva.
— Agradecer? Você perdeu a cabeça, Magnos? — Perguntou.
— Não. — Dei um passo à frente, olhando-o diretamente nos olhos. — Foi por sua perseguição, por sua maldição, que encontrei Amélia. E agora tenho meus filhotes. Tudo isso, Héctor, tudo que você tentou destruir… me deu o que eu nunca soube que precisava. — Comentei. O choque no rosto dele era evidente, mas eu continuei.
— Agora, se quer viver, se quer algum tipo de redenção, vai desfazer o que fez. Removerá essa maldição e acabará com toda dor que causou. — Comentei. Héctor permaneceu em silêncio por alguns momentos.
— E o que você me oferece em troca? — ele finalmente perguntou, sua voz mais baixa, quase derrotada. Sorri levemente.
— Sua vida, Héctor. E, talvez, uma chance de encontrar paz com o passado que você nunca deixou de perseguir. — O silêncio que se seguiu foi quase insuportável, mas eu sabia que ele estava ponderando suas opções. Não havia muito o que ele pudesse fazer. Ele sabia que estava encurralado. Finalmente, suspirou.
— Muito bem, Magnos… mas não pense que isso me faz esquecer o que você tirou de mim. — Disse.
— Não preciso que esqueça — respondi, a frieza ainda presente em minha voz. — Só preciso que corrija o que fez. — Falei. Dei as costas, pronto para sair. Mas antes de ir, voltei a olhá-lo.
— E, quando tudo estiver terminado, lembre-se de que seu ódio me deu o que eu mais prezo. Amélia e meus filhotes são a prova de que você perdeu. — Mencionei. Com isso, deixei a cela. Ivan seguiu logo atrás, em silêncio.
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