POV MAGNOS.
A tensão no ar era palpável enquanto Morgana anunciava que ficaria na nossa casa. Eu ainda estava processando essa informação quando senti a presença de meus pais cruzando a porta da minha casa. O cheiro de Morgana dominava o ambiente, e eu soube que eles perceberam imediatamente sua presença.
A raiva e a determinação emanavam deles em ondas tão fortes que eu podia sentir o impacto mesmo à distância. Segundos depois, ouvi os passos apressados e o som da porta do escritório sendo quase arrombada. Meu pai e minha mãe entraram como uma tempestade, seus olhares queimando de fúria.
— Magnos, o que essa bruxa está fazendo aqui? — Meu pai rugiu, mal contendo a fúria em sua voz, seus olhos fixos em mim, exigindo respostas. Minha mãe se aproximou de mim, seus olhos estreitos focados em Morgana, como se pudesse arrancar sua cabeça apenas com um olhar.
— Eu também quero saber! Como pôde permitir que ela entrasse aqui? Depois de tudo que essa mulher fez, você a traz para dentro de nossa casa? — perguntou minha mãe, irada.
— Como essa mulher ousa pisar na nossa casa? — Perguntou meu pai. Morgana, que até então observava tudo com um sorriso enigmático, não hesitou em provocar.
— Vejo que o tempo não diminuiu a sua impulsividade, Cassius — Morgana provocou, lançando um olhar debochado para meu pai e depois para minha mãe.
— Você não é bem-vinda aqui, Morgana. O que quer? Por que está atormentando a minha família? — Antes que eu pudesse responder, Amélia deu um passo à frente, erguendo as mãos em um gesto de paz.
— Eulália, Cassius, por favor, deixem-me explicar. Essa é Morgana, sim, mas para mim, ela sempre foi Margô, minha madrinha — disse Amélia com sua voz suave, mas firme, tentando trazer alguma calma para o ambiente carregado. Um silêncio tenso caiu sobre a sala. Meus pais olharam de Amélia para Morgana, a incredulidade lentamente tomando conta de suas expressões.
— Margô? Ela é a famosa madrinha de quem você sempre falava? — A incredulidade na voz de minha mãe foi palpável. Cassius estava paralisado por um momento, absorvendo a revelação, antes de se virar para mim, os olhos cheios de raiva.
— Você sabia disso, Magnos? — Perguntou meu pai, me olhando sério.
— Acabei de descobrir, papai — respondi com frieza, sentindo a ira dos meus pais direcionada indiretamente a mim.
— Surpresos, Cassius? Não pensaram que um dia eu voltaria, não é? — Disse Morgana, o sorriso irônico não deixando seus lábios.
— Cale a boca, Morgana! Você não tem mais lugar em nossas vidas, não depois de tudo que fez — Cassius gritou, a raiva transbordando.
— Oh, Cassius, sempre tão melodramático — Morgana riu, mas o riso não chegou aos olhos.
— Você não tem direito nenhum de estar aqui. Não depois do que fez! — Disse minha mãe, referindo-se aos lobos que morreram devido à vingança de Morgana.
— Ah, sim, como eu poderia esquecer? Você me trocou por Eulália, me deixou como se eu fosse nada, e agora, vê-la em meu lugar… Vejo que não perdi nada. Mas estou aqui por Amélia, minha afilhada. Não por vocês, pulguentos — a voz de Morgana estava carregada de sarcasmo. Ela riu, um som seco e amargo.
O silêncio que se seguiu foi pesado, cheio de tensão e ressentimento. Meus pais ficaram surpresos com minha postura firme, me lançaram olhares feridos, mas não recuaram. Morgana, por sua vez, parecia saborear a discórdia que havia semeado. Meu pai, ainda furioso, olhou para mim.
— Magnos, espero que saiba o que está fazendo. Se algo acontecer… — falava meu pai.
— Nada vai acontecer — interrompi, mantendo a firmeza na minha voz, não deixando espaço para discussão.
— Mas, se acharem que não podem ficar aqui com ela, a porta está aberta para saírem a qualquer momento — comentei. Meus pais ficaram em silêncio por um momento, antes de minha mãe finalmente assentir lenta e relutantemente.
— Vamos ver como isso se desenrola — disse minha mãe, sua voz baixa, mas cheia de mágoa e tristeza por minhas palavras. Cassius não disse mais nada, apenas deu um último olhar para Morgana antes de se virar e sair, com minha mãe logo atrás. A tensão permaneceu no ar, mesmo depois que eles saíram. Eu me virei para Morgana, meu olhar frio.
— Isso não significa que confio em você. Você só está aqui porque Amélia e meus filhotes precisam de você — falei, irritado. Morgana apenas sorriu, aquele sorriso enigmático que me irritava.
— Muito bem, eu não esperava menos de você, lobinho. Parece que o filho aprendeu a ser mais implacável que o seu pai — murmurou Morgana, lançando-me um olhar de aprovação.
— Cale a boca, bruxa velha, antes que eu me esqueça de que é madrinha de Amélia e arranque sua cabeça — ameacei, rosnando.
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