~ Christian ~
— Christian, eu... — Zoey se ergueu lentamente, apoiando-se na bancada do banheiro. Seus olhos estavam fixos no teste de gravidez, mas logo voltaram para mim. — Não é o que você está pensando.
Forcei-me a desviar o olhar da caixa para encará-la. Sua palidez era acentuada pela luz fria do banheiro, tornando as olheiras profundas ainda mais evidentes.
— O que estou pensando? — minha voz saiu surpreendentemente calma, considerando o turbilhão em minha mente.
— Annelise trouxe isso mais cedo. — Ela fez um gesto vago em direção ao teste. — Ela tem essa teoria maluca de que eu estou grávida só porque passei mal algumas vezes. Insistiu que eu fizesse o teste, mas...
Uma teoria maluca. Claro. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos.
— Talvez ela tenha razão — sugeri, mantendo meu tom neutro. — Você tem estado indisposta. Seria prudente verificar.
Zoey balançou a cabeça, suas mãos agarrando firmemente a bancada.
— Não é necessário. Nós sempre nos cuidamos.
— Sempre? — A palavra escapou antes que eu pudesse contê-la, trazendo à memória imagens da Toscana, das videiras sob o luar...
Um rubor inesperado coloriu as bochechas pálidas de Zoey. Nossos olhares se encontraram, ambos claramente lembrando das mesmas noites.
— Quase sempre — admitiu ela em voz baixa. — Mas as chances são mínimas. É provavelmente apenas estresse, ou algo que comi.
Olhei para a mulher à minha frente – minha esposa, tecnicamente, embora nosso casamento não fosse nada convencional. Ela parecia tão jovem naquele momento, tão vulnerável em sua camisola de seda, os cabelos desgrenhados e o rosto marcado pela exaustão. E ainda assim, havia uma força nela, uma determinação que sempre me surpreendia.
— Zoey. — Aproximei-me, tocando levemente seu braço. — Por que não fazer o teste? Apenas para termos certeza.
Ela mordeu o lábio inferior, um hábito que eu já havia notado surgir quando ela estava genuinamente nervosa.
— E se... — Ela parou, incapaz de completar a frase.
— E se for positivo? — completei gentilmente.
Ela assentiu, seus olhos agora fixos no chão.
Eu deveria ter uma resposta pronta. Algo tranquilizador e prático. Algo que um marido diria à sua esposa em um momento como este. Mas a verdade era que eu mesmo estava lutando para processar a possibilidade.
Um filho. Meu filho. Nosso filho.
A ideia nunca havia feito parte dos meus planos. E certamente não com uma mulher que eu havia conhecido em circunstâncias tão incomuns, com quem mantinha um casamento baseado em um acordo comercial. Mas... era Zoey.
— Vamos resolver um problema de cada vez — disse finalmente. — Primeiro, precisamos saber se há realmente algo a se preocupar. Você poderia esperar aqui? Vinte minutos, no máximo. Preciso resolver algo rapidamente.
Zoey assentiu, parecendo quase aliviada com o adiamento da decisão.
Vesti-me rapidamente e desci as escadas, minha mente trabalhando a mil por hora. Marco deveria estar no escritório a esta hora, preparando-se para as reuniões da manhã. Encontrei-o exatamente onde esperava, debruçado sobre pilhas de documentos, uma expressão de concentração intensa em seu rosto enquanto falava ao telefone em italiano rápido.
Esperei que ele terminasse a ligação antes de entrar completamente no escritório.
— Preciso que você assuma todas as minhas reuniões esta manhã — disse sem preâmbulo.
Marco piscou, claramente surpreso.
— O quê?
— Minhas reuniões. Todas elas. Incluindo a apresentação para os japoneses e a inspeção do projeto com Antônio.
Marco me encarou como se eu tivesse acabado de sugerir que vendêssemos a vinícola inteira.
— Você está maluco? — Ele levantou-se, gesticulando enfaticamente. — Antônio só está esperando um deslize seu. E os investidores japoneses são extremamente importantes, você mesmo disse isso mil vezes! Eles viajaram do outro lado do mundo especificamente para se reunir com você.
— Eu sei. — Passei a mão pelos cabelos, um gesto que raramente me permitia em público. — Acredite, eu sei exatamente o que está em jogo.
— Você pode lidar com isso? Honestamente?
Marco suspirou dramaticamente, mas pude ver em seus olhos que já estava reorganizando mentalmente o dia.
— Posso fazer a apresentação para os japoneses, não é a primeira vez que discuto esses números. E quanto à inspeção do projeto com Antônio... — Ele fez uma careta. — Não vai ser agradável. Ele vai perceber que você o está evitando.
— Deixe que pense o que quiser. — A verdade é que, naquele momento, Antônio e suas manipulações eram a menor das minhas preocupações. — Apenas não deixe que ele veja nada comprometedor. E mantenha-o longe do setor norte, ainda estamos vulneráveis lá após a sabotagem.
— Entendido. — Marco assentiu, já pegando seu telefone. — Vou reorganizar tudo. Vai, cuide da Zoey. — Ele hesitou, então acrescentou com uma seriedade incomum: — Espero que não seja nada grave.
— Eu também — respondi honestamente.
O caminho de volta ao quarto pareceu interminável. Minha mente oscilava entre cenários extremos – desde a certeza de que tudo não passava de um alarme falso até a visualização completa de como seria um filho, nosso filho.
Eu nem sequer sabia se queria ser pai. Minha própria experiência com paternidade não era exatamente um modelo a seguir. Lorenzo Bellucci era um homem de negócios brilhante e um pai ausente – presente apenas para críticas e ocasionais demonstrações de desapontamento.
Seria eu diferente? Conseguiria equilibrar a empresa, as responsabilidades, com um filho?
E Zoey... O que ela quereria? Nosso acordo nunca havia contemplado essa possibilidade. Estávamos juntos por um tempo limitado, com objetivos claros. Um filho mudaria absolutamente tudo.
Quando entrei no quarto, encontrei Zoey aninhada na cama, envolta em um dos cobertores pesados que normalmente ficavam guardados para o inverno. Uma xícara de chá estava na mesa de cabeceira, o líquido ainda fumegante, mas aparentemente intocado.
— Carmem trouxe o chá — disse ela em resposta ao meu olhar. — Disse que ajudaria com a náusea. Mas o cheiro...
Ela fez uma careta que teria sido cômica em qualquer outra circunstância.
Aproximei-me, sentando na beirada da cama. Pela primeira vez desde que nos conhecemos, não sabia exatamente o que dizer. Todas as minhas habilidades de negociação, toda a minha educação em diplomacia corporativa, nada disso me havia preparado para este momento.
— Zoey... — Comecei, minha voz mais suave do que o normal. — Vamos fazer aquele teste?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário
Já estou no capítulo 279 e o 280 não abre de jeito nenhum, já estou desanimada...
Como faço para comprar e ler o capítulo inteiro...
Não abre mais capítulos nem pagando deprimente...
Quem comprou,todos os capítulos custam 3 moedas ou vai aumentando o valor?...
Eu comprei mas agora dá erro pra acessar alguns capítulos. Desconta as moedas do saldo e mesmo assim não mostra. Não adiantou nada. Só gastei à toa....
Onde compro os capítulos bloqueados??...
Decepcionada, tem pagar pra continuar a ler....
Agora tem que pagar eita...
Sério que tem que pegar??...
Antes esse site era grátis agora tem q pagar,decepcionada...