O cheiro de carne grelhada no quintal dos meus pais me trouxe de volta à infância, quando os domingos eram sagrados para reuniões familiares e churrasco do papai. Hoje não era diferente, exceto pelo fato de que agora Christian estava sentado na velha cadeira de plástico ao lado da churrasqueira, ouvindo atentamente as histórias que meu pai contava.
Era engraçado ver Christian — um homem que normalmente frequentava restaurantes sofisticados e eventos de gala — perfeitamente à vontade no nosso quintal simples, vestindo uma camisa polo e jeans, como se tivesse nascido para isso. Meu pai havia insistido para que ele ficasse perto da churrasqueira, "supervisionando" o processo, o que na verdade significava ser bombardeado com anedotas e conselhos não solicitados sobre temperos.
— Zoey — minha mãe apareceu na porta da cozinha com uma bandeja de saladas —, sua comida de grávida está pronta. E antes que você pergunte, sim, lavei tudo três vezes.
Sorri, pegando a bandeja das mãos dela. Desde que contáramos sobre a gravidez, minha mãe havia se transformado em uma versão ainda mais protetora de si mesma, se é que isso era possível.
— Christian — chamei, caminhando em direção à churrasqueira —, vem comer salada.
— Zoey, o homem está acompanhando o churrasco — meu pai protestou, virando uma peça de picanha. — Não pode abandonar o posto agora.
— Roberto — mamãe o repreendeu —, deixe o rapaz comer direito. Ele está se recuperando de um acidente.
Christian se levantou, beijando minha bochecha antes de pegar o prato que eu oferecia.
— Na verdade, estou adorando aprender os segredos do churrasco do seu Roberto — ele disse, ganhando um sorriso orgulhoso do meu pai. — Mas Zoey tem razão, preciso me alimentar bem para cuidar dela e do bebê.
Meu coração se aqueceu com a naturalidade com que ele falava sobre nossa pequena família. Nos últimos dias, desde a ultrassom, Christian havia se tornado ainda mais atencioso, se é que isso era possível.
— Devagar com a carne — murmurei quando ele se aproximou da churrasqueira com o prato vazio alguns minutos depois. — Lembra do que a médica disse sobre moderação.
— Zoey — Annelise apareceu ao meu lado, balançando a cabeça com diversão —, você vai deixar o coitado morrer de fome. Ele é um homem grande, precisa de proteína.
— Obrigado, Anne — Christian sorriu para minha irmã. — Pelo menos alguém aqui tem senso.
— O problema não é a carne, é a gordura — avisei, mas estava sorrindo.
— A gordura é a melhor parte — Matheus comentou, pegando um pedaço especialmente suculento da churrasqueira. — Não pode desperdiçar, é crime contra o churrasco.
A tarde fluiu naturalmente, com conversas sobrepostas, risadas e a familiar sensação de estar em casa. Christian se integrava perfeitamente ao caos organizado da minha família, contribuindo para as conversas e até mesmo ajudando a mamãe a trazer coisas da cozinha.
— Vem comigo — Anne sussurrou no meu ouvido depois do almoço, quando os homens estavam discutindo futebol e mamãe estava guardando os pratos.
Segui Anne até o quarto que costumávamos dividir. Agora era só dela, mas ainda mantinha alguns traços da nossa decoração compartilhada — fotos nossas na parede, a cômoda que havíamos pintado juntas de rosa quando eu tinha dezesseis anos.
— Senti saudades daqui — admiti, sentando na cama que um dia foi minha.
— Eu também — Anne se jogou na cama dela, de frente para mim. — Especialmente agora que você está toda rica e chique morando em mansões pelo mundo.
— Não é bem assim — ri, ajeitando-me na cama. — Aliás, por que você não convidou o Marco hoje?
A expressão de Anne mudou sutilmente, o sorriso ficando menos genuíno.
— Não quis envolver o Marco com a família ainda — disse, tentando manter o tom casual.
— Como assim? Achei que vocês estavam bem.
— Estávamos. Não sei se ainda estamos. — Anne suspirou. — Na verdade, desde que você ficou grávida, eu venho pensando em... encontrar o meu gigolô.
Não pude evitar rir da forma como ela disse isso, claramente fazendo uma referencia a forma como Christian e eu nos conhecemos.
— Você não vai fazer nada disso — ri, atirando uma almofada nela.
— Vou sim — ela desviou da almofada, gargalhando. — E vocês não vão poder fazer nada para me impedir porque eu vou ser a titia favorita.
— Bom, você vai ter concorrência quando a Bianca descobrir da gravidez.
— Mas eu vou ser a titia brasileira que mora aqui — Anne corrigiu com um sorriso. — A Bianca pode ser a titia sofisticada, eu vou ser a titia das travessuras.
Ficamos rindo por alguns minutos, e senti que o momento pesado havia passado. Mas eu sabia que Anne estava realmente refletindo sobre sua vida amorosa, e embora ela estivesse disfarçando com humor, como sempre fazia, eu podia ver que a questão a incomodava mais do que ela admitia.
— Sabe o que acho? — disse finalmente. — Acho que você vai encontrar alguém incrível quando menos esperar. E quando isso acontecer, você vai entender por que as outras coisas não deram certo.
— Minha irmã mais velha sábia — Anne sorriu, mas dessa vez era genuíno. — Falando como se tivesse toda a experiência do mundo em relacionamentos.
— Ei, eu sobrevivi ao Alex e a Elise, e ainda consegui um marido incrível no final — brinquei. — Isso me dá pelo menos alguma credibilidade.
— Verdade — Anne concordou, se levantando e estendendo a mão para me ajudar. — Agora vamos voltar antes que o Christian pense que fugi com você.
Voltamos juntas, encontrando Christian ajudando papai a apagar a churrasqueira enquanto Matheus e mamãe terminavam de limpar a cozinha. A cena era tão doméstica, tão normal, que por um momento consegui esquecer de todas as complicações das nossas vidas.
— Pronta para ir? — Christian perguntou quando me viu, limpando as mãos num pano de prato.
— Quase — respondi, observando minha família ao redor da cozinha.
Era bom estar ali, cercada pelas pessoas que nos amavam independentemente de quantos zeros havia na conta bancária do meu marido. Era um lembrete de quem eu era antes de toda essa loucura começar, e de que, não importa o que acontecesse, sempre teria esse lugar para voltar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário
Já estou no capítulo 279 e o 280 não abre de jeito nenhum, já estou desanimada...
Como faço para comprar e ler o capítulo inteiro...
Não abre mais capítulos nem pagando deprimente...
Quem comprou,todos os capítulos custam 3 moedas ou vai aumentando o valor?...
Eu comprei mas agora dá erro pra acessar alguns capítulos. Desconta as moedas do saldo e mesmo assim não mostra. Não adiantou nada. Só gastei à toa....
Onde compro os capítulos bloqueados??...
Decepcionada, tem pagar pra continuar a ler....
Agora tem que pagar eita...
Sério que tem que pegar??...
Antes esse site era grátis agora tem q pagar,decepcionada...