~ Christian ~
— Absolutamente não. — Minha voz ecoou na sala de conferência, mais alta do que eu pretendia. — Esses números não fazem sentido.
Marco, sentado à minha direita, passou a mão pelo rosto em um gesto de frustração que espelhava o meu próprio. À nossa frente, através da imensa tela de videoconferência, três membros do conselho europeu nos observavam com expressões variando entre tédio e desaprovação.
— Os números são claros, Sr. Bellucci. — Vittorio Castellini, o mais velho dos três, ajustou os óculos de leitura. — As projeções indicam que o projeto orgânico exigirá um investimento adicional de 40% além do orçamento original para atingir as certificações necessárias.
— Isso é absurdo. — Folheei rapidamente os relatórios à minha frente. — Nossa equipe fez uma análise minuciosa dos custos. As certificações orgânicas têm valores fixos e bem estabelecidos.
— Talvez as estimativas de sua equipe não tenham considerado todas as variáveis. — A insinuação na voz de Castellini era palpável.
Respirei fundo, tentando controlar a frustração crescente. Desde a remoção de Antônio do conselho, cada relatório, cada aprovação, cada decisão vinda da Europa parecia estranhamente distorcida, carregada de obstáculos artificiais.
— Revisamos todas as estimativas com especialistas independentes há menos de dois meses. — Mantive minha voz controlada, profissional. — Os custos para certificação orgânica estão claramente estipulados e são significativamente menores do que o que está sendo apresentado agora.
— Ah, mas isso foi antes das novas regulamentações da União Europeia sobre importação de vinhos orgânicos de países não-membros. — Sandra Visconti, a mais jovem do trio, interveio com um sorriso que não alcançava seus olhos. — Aprovadas na semana passada. Certamente você recebeu o memorando?
Troquei um olhar rápido com Marco, que discretamente balançou a cabeça. Nenhum memorando havia chegado.
— Parece que houve uma falha de comunicação. — Ajustei a gravata, ganhando tempo. — Gostaríamos de revisar estas novas regulamentações antes de aprovar qualquer ajuste orçamentário.
— Naturalmente. — Castellini fechou sua pasta com um movimento definitivo. — Enviaremos toda a documentação. Enquanto isso, talvez seja prudente pausar a expansão do projeto orgânico até que estas questões estejam... resolvidas.
Era exatamente o que eu temia. Atrasos estratégicos, obstruções burocráticas, tudo orquestrado para sabotar o projeto que havia se tornado minha prioridade.
— O projeto continua conforme planejado. — Minha voz não deixava espaço para discussão. — Qualquer ajuste orçamentário será avaliado após revisão completa das novas regulamentações.
— Como desejar. — O tom condescendente de Castellini era quase palpável. — Só não podemos garantir que os vinhos recebam certificação para o mercado europeu se os protocolos corretos não forem seguidos.
A reunião terminou pouco depois, deixando um silêncio pesado na sala.
— Isso foi... — Marco começou.
— Uma emboscada coordenada. — Completei, fechando meu laptop com mais força que o necessário. — Não existem novas regulamentações. Estive em contato com o departamento agrícola da UE na semana passada.
Marco assentiu, seus dedos tamborilando na mesa.
— Antônio?
— Quem mais? — Levantei-me, caminhando até a janela que oferecia uma vista panorâmica dos vinhedos. A seção dedicada ao projeto orgânico era claramente visível, as videiras mais jovens contrastando com as fileiras tradicionais. — E não é só aqui. Bianca relatou problemas semelhantes na Toscana. Documentos sumindo, entregas atrasadas, funcionários-chave pedindo demissão repentinamente.
— Ele não pode estar fazendo isso sozinho. — Marco se juntou a mim na janela. — Precisa ter alguém ajudando, alguém com acesso. Vou aumentar a segurança dos sistemas. Verificar quem teve acesso aos relatórios originais antes das "revisões".
— Faça isso. — Assenti, ainda observando os vinhedos. — E envie Roberta para Milão. Preciso de alguém de confiança verificando pessoalmente o que está acontecendo no escritório europeu.
— Roberta? — Marco ergueu as sobrancelhas, genuinamente surpreso. — Tem certeza? Ela é ótima em finanças, mas não é exatamente uma investigadora.
— Exatamente por isso. Ninguém suspeitará. — Virei-me para encarar meu primo. — E ela é absolutamente leal a Giuseppe. Se existe alguém que não se deixará comprar ou intimidar, é ela.
Marco considerou por um momento, então assentiu lentamente.
— Faz sentido. Cuidarei disso hoje mesmo.
Quando finalmente voltei ao meu escritório, o sol já se punha, lançando um brilho dourado sobre os vinhedos. Sentei-me pesadamente na cadeira, o cansaço se instalando profundamente em meus ossos. Dias como este – cheios de jogos políticos e manipulações – me faziam questionar se valia a pena. Se o legado da família, com todas as suas complicações, merecia tamanho esforço.
Meus olhos pousaram na fotografia emoldurada sobre a mesa – um presente de Giuseppe após o casamento. Zoey e eu no dia da cerimônia, seus olhos brilhando com uma mistura de desafio e algo mais, seu vestido improvisado transformando um desastre em arte. Meu rosto, normalmente tão controlado, aberto em uma expressão que eu mesmo mal reconhecia.
Peguei o telefone antes de pensar muito, discando o número que havia se tornado o mais frequente em minha lista de chamadas recentes.
Três toques depois, sua voz preencheu a linha.
— Oi. — O leve sorriso era audível mesmo à distância.
— Acho que prefiro a segunda opção.
Um silêncio confortável se estabeleceu entre nós, o tipo que não precisava ser preenchido.
— Sinto sua falta. — As palavras escaparam antes que eu pudesse contê-las, surpreendendo a mim mesmo com sua sinceridade.
— Também sinto a sua. — Sua resposta foi imediata, sem hesitação. — O apartamento parece grande demais sem você.
— O mesmo com esta casa. — Olhei ao redor do escritório espaçoso, que de repente parecia excessivamente vazio. — Engraçado como isso funciona, não é? Quando você está aqui, tudo parece... mais fácil. Mesmo os problemas.
— Sei exatamente o que quer dizer. — Sua voz suavizou. — Quando você está aqui, mesmo que por uma noite, tudo parece... certo. Como se as peças finalmente se encaixassem.
A vulnerabilidade em sua confissão reverberou profundamente em mim.
— Deveria ser mais simples, não deveria? — murmurei, mais para mim mesmo que para ela.
— Provavelmente. — Pude ouvi-la mudar de posição, imaginando-a enrolada no sofá, talvez com aquela manta azul que ela tanto gostava. — Mas desde quando nossa história foi simples?
Ri baixinho, recordando o caminho improvável que nos trouxe até este ponto.
— Verdade. Simples nunca foi nosso forte.
— Ainda bem. — Havia um sorriso em sua voz. — Simples seria entediante.
Conversamos por mais uma hora – sobre tudo e nada, o tipo de conversa que flui sem esforço, saltando entre assuntos como se não houvesse distância entre nós. Quando finalmente desligamos, com promessas de nos falarmos no dia seguinte, percebi que a tensão que havia carregado durante todo o dia havia se dissipado.
E foi então que entendi, com clareza cristalina, o que estava acontecendo. O que havia mudado. O que Zoey havia se tornado para mim.
Não era mais um acordo. Não era mais conveniente.
Era vital. Necessário. Real. Eu precisava daquela mulher na minha vida mais do que precisava de ar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário
Já estou no capítulo 279 e o 280 não abre de jeito nenhum, já estou desanimada...
Como faço para comprar e ler o capítulo inteiro...
Não abre mais capítulos nem pagando deprimente...
Quem comprou,todos os capítulos custam 3 moedas ou vai aumentando o valor?...
Eu comprei mas agora dá erro pra acessar alguns capítulos. Desconta as moedas do saldo e mesmo assim não mostra. Não adiantou nada. Só gastei à toa....
Onde compro os capítulos bloqueados??...
Decepcionada, tem pagar pra continuar a ler....
Agora tem que pagar eita...
Sério que tem que pegar??...
Antes esse site era grátis agora tem q pagar,decepcionada...