Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 85

Gabriel dormia encolhidinho ao meu lado, com uma das mãos segurando a barra da minha blusa, como se temesse que eu sumisse de novo. Ele tinha passado a tarde inteira colado em mim, me abraçando, me contando tudo da escola, me mostrando os desenhos… e agora dormia sereno, com os cílios longos descansando sobre as bochechas redondas.

Meu peito se enchia só de olhar pra ele.

Na sala, eu ainda ouvia a voz baixa do meu pai conversando com a Cathe. Ela tinha insistido em passar a noite aqui pra ajudar, e eu não tive forças pra recusar. No fundo, me confortava saber que tinha gente por perto. Depois do que aconteceu, meu corpo podia estar se recuperando… mas meu coração ainda estava meio assustado.

Então a campainha tocou.

Senti um arrepio estranho percorrer minha espinha. Enzo. Ele tinha perguntado mais cedo meu endereço e dito que queria me ver. Meu coração acelerou. Me ajeitei na cama, tentando parecer minimamente apresentável com aquele pijama surrado e o cabelo preso de qualquer jeito.

Ouvi passos se aproximando. A porta se abriu devagar, e vi Catherine aparecer com um sorrisinho travesso no rosto.

— Boa noite, florzinha... — ela disse baixinho, e abriu mais a porta, dando espaço para Enzo entrar. Antes de sair, virou pra mim, balançou as sobrancelhas e murmurou em tom quase inaudível: — Um gato, hein?

Tive que rir. Enzo entrou com um sorriso gentil e um buquê de flores nas mãos.

— Eu vou buscar um suco pra ele, viu? — Cathe avisou alto e, com um último olhar sapeca, fechou a porta.

— Trouxe isso pra você… — Enzo disse, estendendo as flores.

Peguei com carinho, trazendo até o rosto e inspirando profundamente o perfume delas.

— São lindas… obrigada. — Sorri. Ele então se inclinou e me deu um selinho leve. Meu coração deu um pequeno salto, e eu sorri de novo, meio sem jeito.

Enzo puxou a cadeira ao lado da cama e se sentou.

— E aí, como você tá?

— Tô bem… melhorando. — respondi com sinceridade.

— Fico feliz… mas olha, que susto você me deu. — ele disse, a expressão ficando séria.

— Eu também me assustei — suspirei. — Foi tudo tão rápido. Mas já passou… estou aqui.

Ele assentiu, olhando de relance pra Gabriel, que continuava dormindo profundamente.

— Já encontraram o cara que fez isso?

— Sim — respondi. — Ele tá preso.

Enzo ficou sério.

— Ainda bem. Agora a justiça vai ser feita.

— É o que eu espero…

— Como aconteceu isso, Larissa? Tinha mais alguém com você?

— Não. Eu estava sozinha… — respirei fundo. — O cara apareceu dizendo que era um assalto. Eu tentei entregar o celular, mas me atrapalhei e acabei caindo. Ele se irritou e… me esfaqueou.

— Meu Deus… — ele disse, a expressão fechada. — E você foi direto pro hospital?

— Sim… bem, meio que… — hesitei um segundo. — De alguma forma, meu ex-marido apareceu lá e me levou.

Os olhos de Enzo se arregalaram um pouco.

— Seu ex-marido? Eu não sabia que você era divorciada.

Meu estômago revirou. Era verdade. Nunca tinha contado isso pra ele. Engoli seco.

— A gente se divorciou há quase quatro anos.

— Ah… entendi — ele disse, olhando de novo pra Gabriel. — Ele é filho do seu ex?

Fiquei em silêncio por um momento, olhando pro meu filho dormindo.

— É sim… mas ele não sabe. — falei num tom baixo. — E eu prefiro manter assim.

— Você deve ter seus motivos — ele respondeu com um tom compreensivo, sem julgamentos. Aquilo me aliviou um pouco.

Enzo se recostou na cadeira, pensativo por um instante, depois me encarou com um olhar mais atento.

— Mas… esse seu ex… ele ainda é interessado em você? Porque, sei lá, estar lá no parque justo naquela hora?

Mordi o lábio inferior. Será que Enzo tava com ciúmes?

— Não. Ele nunca me amou de verdade — falei, tentando deixar claro. — Quando a gente tava junto, ele ainda era apaixonado pela ex dele. Assim que a gente se separou, ele pediu ela em noivado. Eles estão juntos até hoje.

— Então foi só uma coincidência mesmo?

— Provavelmente… ele apareceu no hospital também, insistiu em me levar pra casa, tá mais presente, mas... sei lá, Enzo. Eu não entendo o que ele quer. E sinceramente? Nem quero. Eu só quero paz agora.

Enzo me olhou com doçura, um leve sorriso no canto da boca.

— Sabe… eu não entendo como um cara pode não amar você. Você é incrível, Larissa.

Corei. Baixei o olhar e brinquei com o papel do buquê.

— Ele não me amava… — falei, meio triste. — E eu já deixei isso pra lá. Só quero viver uma vida tranquila com meu filho. Só isso.

Ele estendeu a mão e tocou de leve a minha.

— E você merece exatamente isso.

Enzo se levantou da cadeira e se sentou na beira da cama, bem ao meu lado. Me olhou com aquele jeito calmo dele, e passou o braço pelos meus ombros, me puxando de leve pra mais perto. Fui sem hesitar, sentindo o calor do corpo dele me envolver como um cobertor numa noite fria.

Gabriel se mexeu um pouco ao nosso lado, resmungando baixinho, mas virou pro outro lado e continuou dormindo pesado.

Enzo encostou os lábios na minha bochecha e deixou um beijo suave ali, me fazendo arrepiar.

Suspirei, me ajeitando.

— Tá. Eu conheci o Enzo por acaso quando ele me salvou de ser assaltada lá em Chicago, quando ainda trabalhava na empresa de Alessandro. Depois o vi aqui no Brasil há alguns dias, saimos para jantar e ele tinha viajado, ai voltou e veio me ver.

— Nossa!

— Pois é. Ele foi super gentil, educado…

Cathe tava com os olhos arregalados.

— Gente. Isso é tão filme de romance!

— É meio surreal ainda pra mim — admiti.

— E ele é educado, cheiroso, bonito, gentil… Larissa, pelo amor de Deus. Você tem que se permitir! Você merece isso! Merece ser olhada com carinho, com desejo. Com amor, sabe?

— Eu tô tentando, Cathe. Sério. Mas ainda é tudo muito estranho…

— Tá certa, tem que ir no seu tempo. Mas não deixa passar não, viu? Se esse homem tiver irmão, já avisa que eu tô disponível.

Soltei outra risada.

— Ele comentou que tem um irmão sim, chamado Matheus.

Cathe quase saltou da cama.

— E você ainda tá aqui? Manda mensagem pra esse Enzo agora e pergunta se o Matheus tá solteiro!

— Calma! — ri. — Ele disse que eles estão aqui a negócios. São italianos, então não sei se o irmão dele tá na cidade.

— Que tipo de negócios?

— Não sei direito. Ele só disse que tá trabalhando em algo importante. Não quis ficar perguntando demais.

Cathe franziu os olhos.

— Hmm… misterioso. E ele vai ficar no Brasil?

— A gente ainda não conversou sobre isso. É muito cedo.

— Tá. Mas se o irmão dele tiver um passaporte e for parecido com ele, pode ser de onde quiser. Eu aceito.

Caí na gargalhada de novo.

— Você não tem jeito, Cathe.

— E você tem o quê? Um ruivo lindo vindo te visitar de noite com flores e beijo na boca! Quem não tem jeito aqui sou eu.

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