Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 57

Nesses três anos, eu trouxe Chiara pra morar aqui comigo achando que, sei lá, as coisas iam voltar a ser como eram antes. Mas não voltaram. E agora eu começava a aceitar que talvez nunca fossem voltar.

Chiara... não era mais a garota que eu conheci na adolescência.

Eu tentei. Deus sabe o quanto eu tentei. Tentei me entregar de verdade, tentei fazer funcionar entre a gente. Tentei fazer amor com ela como antes... mas era diferente. Não era bom.

Cheguei até a duvidar de mim mesmo. Achei que o problema era comigo. Marquei consulta, fiz exame atrás de exame... tudo normal.

Pra tirar a dúvida, me forcei a ficar com outra mulher, mesmo odiando trair. Mas eu precisava saber.

E não senti nada. Nenhum prazer, nenhuma conexão.

A verdade era que meu corpo não tinha esquecido o que era estar com a mulher que eu realmente amava.

Suspirei, fechando os olhos. Chiara não merecia um homem assim, quebrado, preso a alguém que nem estava mais aqui.

Mas eu também... não merecia continuar vivendo uma mentira.

E lá no fundo, bem no fundo, eu sabia: o que me amarrava não era só culpa. Era saudade. Era arrependimento.

Era amor que não morreu.

E que talvez nunca morresse. Depois que Larissa sumiu, depois que ela foi embora da minha vida e que eu acabei com a empresa do pai dela, depois que não tinha como mais vingar toda a raiva que eu sentia, eu vi, eu senti, o amor que tinha por ela.

Um amor que eu achei que estava só começando, mas que existia há muito tempo e eu só não enxergava.

Eu amava Larissa, mas ela me enganou e me traiu. Achei que poderia amar Chiara novamente, mas parece que não tinha mais espaço para isso em minha vida.

No dia seguinte, levantei mais cedo do que queria. Tomei um café rápido e fui direto para a empresa do Diogo. O tempo estava cinza, abafado, e meu humor não era muito diferente.

Quando entrei na sala dele, o encontrei de costas, ao telefone. Pareceu não me notar.

— ...amanhã você pode passar aqui?... não se preocupe. Até mais, então. — ouvi ele dizer, a voz baixa e firme.

Franzi a testa, curioso. Antes que pudesse escutar mais, ele se virou e me viu. Encerrando a ligação rapidamente, colocou o celular sobre a mesa, como se nada tivesse acontecido.

— Alessandro! — ele sorriu, vindo até o barzinho no canto da sala e pegando uma garrafa de whiskey. — Vai beber comigo ou vai me deixar no vácuo?

— Um copo não vai me matar. — falei, aceitando enquanto me sentava numa das poltronas em frente à mesa dele.

Diogo serviu os dois copos, me entregou um e se acomodou na poltrona atrás da grande mesa de mogno.

— E então? O que te traz aqui?

Suspirei, girando o copo na mão antes de responder:

— Vim falar sobre a manifestação na fábrica.

Ele arqueou uma sobrancelha, interessado.

— Ainda não resolveram?

— Não. — bebi um gole do whiskey. — Eles querem moradia mais próxima, estão fazendo pressão. Alguns já ameaçaram abandonar os postos.

Diogo me olhou com calma, ponderando.

— Alessandro, você precisa deixar esse orgulho de lado. — ele falou sério. — Faz o que eles estão pedindo. Você tem condições pra isso.

— Eu já pago bem o suficiente pra eles. — retruquei, sentindo a irritação subir.

— Eu sei. Mas não é só salário, é qualidade de vida. Você sabe como é desgastante aquele trajeto até a fábrica. Eles ficam longe das famílias, perdem o pouco tempo que têm na estrada. É compreensível.

Passei a mão no rosto, exausto.

— Tá bom... — murmurei. — Eu vou construir o condomínio.

Diogo sorriu satisfeito e ergueu o copo em um brinde improvisado.

— Boa decisão. Você não vai se arrepender.

Bati meu copo contra o dele e dei mais um gole, tentando relaxar os ombros.

Por alguns instantes, ficamos em silêncio, apenas bebendo. Até que ele me encarou com um sorriso de canto de boca.

— Como assim a meta não foi batida? — cortei no meio da fala dele, olhando direto nos olhos.

Ele engoliu em seco. — T-tivemos um problema com os fornecedores... algumas entregas atrasaram, isso impactou nas vendas, senhor Alessandro.

Suspirei, sentindo a raiva subir pela espinha.

— Problema com fornecedores? — repeti, sarcástico. — Você ganha pra resolver problema, não pra vir aqui me dar desculpa esfarrapada. Se fosse fácil, eu colocava um estagiário no seu lugar.

O clima da sala ficou gelado. Gustavo abaixou a cabeça e eu fechei a apresentação de uma vez.

— Quero um plano de ação até o final do dia. Se não entregar, nem precisa voltar amanhã. — finalizei, me levantando.

Peguei meu café, que já estava quase frio, e saí da sala sem esperar resposta.

Voltei pra minha sala e me joguei na cadeira. Fechei os olhos por uns segundos, tentando respirar fundo, mas a cabeça estava latejando.

A porta bateu de leve e Pedro entrou, segurando umas planilhas.

— Senhor Alessandro, só falta a assinatura nesses relatórios aqui... — ele disse, meio hesitante.

Abri os olhos e já senti a irritação de novo. Peguei os papeis da mão dele de forma um pouco mais brusca do que devia.

— Você não podia ter deixado isso na minha mesa antes da reunião? — rosnei, assinando de qualquer jeito.

Pedro pareceu encolher uns dois centímetros. — Eu tentei, senhor, mas o senhor já tinha saído...

Revirei os olhos, jogando a caneta em cima da mesa. — Tá, tá, vai. Deixa aí e fecha a porta.

Ele saiu rápido, quase tropeçando nos próprios pés.

Assim que ele saiu, olhei pra porta fechada e senti o peso do arrependimento bater no peito. Pedro era bom. Novo, esforçado. Não merecia ter levado patada.

Passei a mão no rosto, esfregando os olhos com força.

Que inferno de dia... Que inferno de vida que eu estava levando.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra