Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 55

Três anos depois…

— Rafael, solta ele! — reclamei, tentando não rir, vendo Gabriel praticamente encolhido de tanto rir enquanto Rafael o segurava pelas pernas, de cabeça pra baixo.

Rafael riu alto, erguendo as mãos em rendição e colocando Gabriel de volta no chão com cuidado.

— Tá bom, tá bom, tô rendido! — disse, piscando pra mim.

Mas Gabriel, com seus três anos e meio de pura energia, nem queria saber de pausa. Ele pulava no chão, rindo e gritando:

— De novo, papai! De novo!

O coração apertou de alegria toda vez que ouvia Gabriel chamá-lo assim, tão naturalmente. Rafael me olhou com um sorriso travesso e, antes que eu pudesse protestar, pegou Gabriel de novo no colo, jogando-o sobre os ombros e correndo pela casa.

— Corre, Gabi! Fugir da mamãe! — incentivava ele, enquanto Gabriel gargalhava de um jeito que me fazia querer congelar aquele momento pra sempre.

— Ah, é? Fugir da mamãe é? — brinquei, correndo atrás deles, fingindo que ia capturá-los.

Rafael parou na beira da cama, colocou Gabriel sentado no colchão e sussurrou teatralmente.

— Shhh... silêncio! Finge que a mamãe não sabe onde estamos!

Eu cruzei os braços, fingindo uma expressão séria.

— Eu tô vendo vocês dois, sabiam?

Antes que eu terminasse de falar, Rafael e eu atacamos Gabriel com cócegas. Ele se contorcia e ria tanto que mal conseguia respirar.

— Socorro! Socorro! — gritava ele entre gargalhadas.

Finalmente, demos uma trégua. Gabriel ficou deitado, rindo ainda ofegante. Então estendeu os bracinhos para mim.

— Colo, mamãe...

Sorri, pegando-o no colo, sentindo aquele calorzinho bom que só ele me proporcionava. Beijei o topo da cabeça dele, fechando os olhos por um instante.

— Vamos, campeão. Hora do banho — falei, acariciando suas costas.

Ele se virou pra Rafael, com aqueles olhinhos brilhantes.

— Papai, você me dá banho?

Rafael sorriu, bagunçando o cabelo dele.

— Claro, campeão. Vai indo que eu já tô chegando.

Gabriel desceu do meu colo, correndo para o banheiro. Quando ele sumiu pelo corredor, Rafael se virou pra mim, ficando sério.

— Como o Álvaro está hoje? — perguntou.

Suspirei, sentindo o peso de tudo de novo.

— Não muito bem... — confessei, passando a mão pelo braço, inquieta. — Ele tem tido dias difíceis.

Rafael assentiu devagar, os olhos atentos em mim.

— Você pensou sobre voltar ao Brasil?

Fiz uma careta involuntária, cruzando os braços.

— Eu pensei, Rafa... mas o Brasil... — deixei a frase no ar, cheia de dúvidas.

Ele deu um passo em minha direção, falando com calma.

— O doutor Guimarães é o melhor na área. Seu pai já tá acostumado com ele. Se alguém pode ajudar, é ele.

Assenti, murcha, sabendo que ele tinha razão.

— Eu sei... — disse baixinho.

— E olha — ele continuou, arqueando uma sobrancelha —, Alessandro não pode fazer nada contra você. Você é protegida do Diogo agora. Ele já está em uma relação melhor com Diogo, deve ter se esquecido de tudo.

Dei um meio sorriso, mais confiante com aquelas palavras.

— Você tem razão — concordei.

Rafael sorriu de lado e acrescentou.

— Eu vou, campeão. Só preciso resolver umas coisinhas no trabalho, e depois estarei com vocês. — A voz dele era cheia de carinho.

Gabriel o olhou com seus olhos grandes e confiantes, como se acreditasse cegamente em cada palavra.

Rafael segurou as mãozinhas dele e disse, com firmeza:

— Cuida da mamãe e do vovô pra mim, tá?

Gabriel assentiu muito sério, como se tivesse recebido uma missão de vida. Rafael sorriu, beijou a testa do nosso filho e se levantou, piscando pra mim.

— Vai dar tudo certo — disse ele, como uma promessa.

Segurei Gabriel no colo e, com o coração apertado, seguimos para o embarque. Quando me virei para olhar uma última vez, Rafael ainda estava ali, parado, acenando para nós.

Desde que cheguei à Alemanha, Rafael foi meu porto seguro. No começo, ele tentou manter certa distância, para não chamar atenção de Alessandro. Mas depois, quando pediu demissão e abriu a própria empresa, tudo mudou.

Alessandro mandou pessoas para segui-lo, tentando descobrir onde eu estava através dele. Mas Rafael foi esperto, sempre discreto, sempre cuidando para que nada vazasse.

Foi ele quem segurou minha mão no hospital, quem ouviu meu choro desesperado nas noites acordadas, quando não me achava uma boa mãe. Tentamos que Gabriel chamasse Rafael de "tio"… mas foi inútil.

Um dia, Gabriel chegou da escolinha, confuso, e me perguntou:

“— Mamãe, por que o Rafael não pode ser meu papai? Ele faz tudo que os papais dos meus amigos fazem…”

Lembro da dor e da ternura daquele momento. Rafael e eu nos olhamos, sem palavras, mas sabíamos que, para Gabriel, ele sempre seria o pai.

Decidimos então aceitar. Rafael seria o pai do coração do nosso filho — e era isso que importava.

Apertei Gabriel contra o peito enquanto embarcávamos. Meu coração estava cheio de medos e incertezas, mas acima de tudo, havia esperança.

Estávamos voltando ao Brasil.

Para cuidar do meu pai.

Para enfrentar o passado.

Para seguir em frente — juntos.

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